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BBC Brasil apresenta números incertos com relação ao crescimento das igrejas "inclusivas"


Segundo Luis Guilherme Barrucho, que assina a análise "Desafiando preconceito, cresce número de igrejas inclusivas no Brasil", encaradas pelas minorias como um refúgio para a livre prática da fé, as igrejas "inclusivas" - voltadas predominantemente para o público gay - vêm crescendo a um ritmo acelerado no Brasil, à revelia da oposição de alas religiosas mais conservadoras.

Apesar de correto em alguns aspectos - como a relação do crescimento das igrejas "inclusivas" com o aumento de políticas de combate à homofobia -, Barrucho exagera ao apresentar como sendo dez as denominações inclusivas, das quais participariam cerca de 10 mil adeptos. A questão é que, com exceção de grupos minoritários, como a Igreja Mel (Movimento Espiritual Livre) e a Comunidade Cristã Refúgio (que completará um ano em 03/06), os únicos dois movimentos de expressão nacional é a Igreja da Comunidade Metropolitana (de origem norte-americana e que está presente em Belo Horizonte, Fortaleza, São Paulo, Rio de Janeiro, Maringá, Divinópolis, Vitória e com projetos para Maceió) e a Igreja Cristã Contemporânea (de origem brasileira e com base no Rio de Janeiro - das sete igrejas apenas uma fica fora do Estado, em Belo Horizonte). Há, certamente, pequenos grupos (células) em atividade em diversas regiões do Brasil, mas inexpressivos do ponto de vista estatístico. O máximo que podemos chegar, com base nas denominações acima apresentadas, é algo entre 2 e 3 mil adeptos. Não mais!


Johnny Bernardo

é pesquisador, jornalista, escritor, colaborador da revista Apologética Cristã, do jornal norteamericano The Christian Post, do NAPEC (Núcleo Apologético Cristão de Pesquisas), palestrante e fundador do INPR Brasil (Instituto de Pesquisas Religiosas). Há mais de dez anos se dedica ao estudo de religiões, seitas e heresias, sendo um dos campos de atuação a religiosidade brasileira e seitas do mal.


É também o autor da matéria “Igreja Dividida, as fragmentações do Catolicismo Romano”, publicada no final de 2010 pela Revista Apologética Cristã (M.A.S Editora). Assina também a coluna Giro da Fé da referida revista.

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As raízes do neopentecostalismo brasileiro

Em maio de 2010 surgia a mais nova denominação neopentecostal brasileira: a Igreja Mundial Renovada. Também conhecida como Igreja Renovada da Fé em Jesus Cristo, a IMR surgiu um mês após a saída do Bispo Roberto Damásio da Igreja Mundial do Poder de Deus. Membro da cúpula da IMPD (à época, terceiro no poder após o Bispo Josivaldo Batista), Roberto Damásio anunciou a sua saída no dia 20 de abril, sem revelar os reais motivos. No mês seguinte, a IMR estreia seu primeiro programa na NGT. Passados quase dois anos (completará no próximo mês, 29), a Igreja Mundial Renovada já possui diversas filiais pelo Brasil e chegou à África. Sua presença nos meios de comunicação continua ativa e em fase de crescimento, com participação nas tardes e madrugadas da Rede TV, além de diversos programas radiofônicos. 

O rápido crescimento da IMR e de outras denominações neopentecostais se explica em parte pela ofensiva de sua liderança e pelo espírito mercantilista que caracteriza suas atividades. O poder da comunicação e a ênfase nas campanhas de cura e libertação são características comuns do Neopentecostalismo. Quando falamos por Neopentecostalismo, estamos nos referindo aos grupos cuja origem remonta aos movimentos de confissão positiva dos EUA, através de líderes como Essek William Kenyon e Kenneth Hagin. No Brasil, apesar de estabelecida a década de 70 como o período em que começa a se desenvolver o que Paul Freston chama de “terceira onda pentecostal”, o Neopentecostalismo surge a partir de um conjunto de elementos característicos da “segunda onda pentecostal”, como o uso da mídia audiovisual na difusão doutrinária, o liberalismo, o combate às religiões de possessão e as campanhas de prosperidade.

A Igreja do Evangelho Quadrangular e a Igreja Cristã de Nova Vida foram os celeiros de onde o atual movimento neopentecostal surgiu e se estruturou. Harold William e Raymond Boatrigtht, atores e missionários enviados ao Brasil pela Igreja Internacional do Evangelho Quadrangular, romperam com o tradicionalismo pentecostal brasileiro ao introduzir no país o pentecostalismo de costumes liberais. Começando por São João da Boa Vista (SP), em 1951, a IIEQ alcançou a capital do Estado em 1954, daí se espalhando por todo o país. À IIEQ se aliaram diversos lideres e membros das igrejas pentecostais e das igrejas históricas, atraídos pela mensagem de cura divina, propagadas a partir de São Paulo e tendo como ponto de apoio os programas radiofônicos.

Do Canadá, veio o Bispo Walter Robert MacAlister, que, a convite da IIEQ, pregou no Rio de Janeiro e em outros estados do Brasil, atraindo um grande número de seguidores. Depois de passar pelas Filipinas, Taiwan, Hong Kong e Paris, MacAlister decidiu se estabelecer no Brasil, morando primeiro em São Paulo e depois no Rio de Janeiro. Era o ano de 1959 quando MacAlister, sua esposa e filhos decidem se mudar para o Brasil. Dos filhos do casal (eles tiveram dois), Walter Robert MacAlister Jr. sucederia o pai na direção da Igreja Cristã de Nova Vida, algumas décadas depois. Estabelecido no bairro do Bonsucesso, em 1964, o primeiro templo da ICNV serviu de base para a inauguração, em 1971, do templo sede em Botafogo. A existência da ICNV está associada às campanhas de cura e libertação, promovidas pelo Bispo MacAlister, primeiro na Rádio Copacabana, em 1960, e depois com o programa Coisas da Vida, na extinta TV Tupi, a partir de 1978. No começo da década de 80, MacAlister abdica da pregação televisiva ao afirmar que a “televisão cria monstros” - talvez em referência ao Bispo Edir Macedo, que, à época, dava seus primeiros passos na telinha, em um programa intitulado “O Despertar da Fé”, também veiculado pela TV Tupi, canal 6.

O pai do neopentecostalismo brasileiro

Natural do Rio de Janeiro, Edir Macedo abandonou o curso universitário sem o concluir. Dizia ser uma pessoa deprimida. Procurou alívio no Catolicismo, não encontrando. Fez-se então adepto do espiritismo, sofrendo nova decepção. Depois de algum tempo se converteu ao pentecostalismo, ingressando na Igreja Cristã de Nova Vida. Da convivência com os irmãos, conhece seu futuro genro e parceiro de ministério, Romildo Soares – mais tarde Missionário R.R. Soares. Era 1968. Quatro anos depois deixam, juntamente com Roberto Augusto Alves e os irmãos Samuel e Fidelis Coutinho, a ICNV, quando, no mesmo ano, fundam a Igreja Cruzada do Caminho Eterno. Em 1977, após a saída dos irmãos Coutinho da ICCE, Edir Macedo, Romildo Soares e Roberto Augusto mudam o nome da denominação para Igreja Universal do Reino de Deus, começando na Abolição (zona norte do Rio de Janeiro) - Roberto Alves, que sagrou Edir Macedo como pastor e recebeu deste também o ordenamento, regressou à ICNV. Descontente com a prepotência e o espírito mercantilista de Edir Macedo, Romildo Soares deixa também a IURD para fundar, em 1980, a Igreja Internacional da Graça de Deus.

Único no poder, Edir Macedo coloca em prática parte de sua experiência e aprendizagem na Igreja Cristã de Nova Vida e associa está ao liberalismo da Quadrangular, criando em pouco tempo um império que, três anos depois, alcança os EUA, ao fundar a primeira IURD no exterior, na cidade de Monte Vermont, Nova York. Nove anos depois chega a Portugal, e em 1996 funda a primeira IURD no Japão. Segundo Campos, o sucesso da Igreja Universal pode ser medido ainda pelo número de templos abertos até 1995: 2.014 no Brasil e 236 em 65 países, nos quais são atendidos cerca de quatro milhões de pessoas, que participam dos “cultos”, “correntes de fé” e “campanhas de fé”. (Lusotopie, 1999, p. 355)

Embora discordante de alguns pontos defendidos por MacAlister, Edir Macedo se apropria de parte de sua mensagem, que envolvia cura divina e prosperidade por meio da fé. Deu prosseguimento, também, ao trabalho nos meios de comunicação, elegendo a televisão como seu cavalo de Tróia. Até então explorada por pentecostais, como a Assembleia de Deus, e igrejas históricas, como a Batista e a Presbiteriana, a televisão passa a ser palco, nos anos seguintes, do trabalho de convencimento e propaganda da Igreja Universal e da Igreja Internacional da Graça de Deus e, futuramente, da Igreja Mundial do Poder de Deus. As pentecostais e históricas ocupariam uma pequena parcela de horários, com exceção do programa “Vitória em Cristo”, antes sem denominação oficial, mas a partir de 2010 ancorada na Assembleia de Deus Vitória em Cristo, sendo Silas Malafaia o presidente eleito.

Da IURD à Mundial Renovada


Da Igreja Universal do Reino de Deus surgiriam inúmeras outras igrejas neopentecostais, com exceção da Renascer em Cristo (de origem pentecostal – seus fundadores eram membros da Igreja Pentecostal da Bíblia, Jabaquara, SP), da Igreja Evangélica Cristo Vive (fundada pelo ex-pastor da Igreja Cristã de Nova Vida, o angolano Miguel Ângelo) e de grupos minoritários, como a Bola de Neve (fundada pelo Apóstolo Rina, ex-pastor da Renascer em Cristo) e Sara Nossa Terra (fundada pelos bispos Robson e Maria Rodovalho, de origem presbiteriana). Da Igreja Universal surgiria, ainda por fins da década de 70, uma dissidência organizada pelos irmãos Coutinho. As duas maiores dissidências da IURD, entretanto, surgiriam nas décadas seguintes: a Igreja Internacional da Graça de Deus (1980) e a Igreja Mundial do Poder de Deus, do Apóstolo Valdomiro Santiago (1998).

Da IIGD não se conhece nenhuma dissidência, mas da IMPD surgiriam, entre 2010 e 2011, quatro igrejas: a Igreja Mundial Renovada (05/2010), Igreja Missionária do Amor (08/2010), o Templo Mundial Resgate da Fé (09/2010) e a Igreja Evangélica Celeiro de Deus (10/2011). Das igrejas dissidentes, três foram fundadas por aliados de Valdomiro Santiago: Givanildo de Souza (segundo na cúpula da IMPD e fundador da IMA), Roberto Damásio (terceiro na ordem e fundador da IMR) e Sebastian de Almeida (homem de confiança da IMPD e fundador do TMRF). Do quadro original de dirigentes e apresentados em matéria publicada pela revista Época, apenas Francileia de Oliveira (esposa de Valdomiro Santiago) e Ronaldo Didini (ex-homem de confiança de Edir Macedo, e consultor de mídia da IMPD) permanecem ao lado do fundador. Para às igrejas dissidentes também seguiriam, em grande número, outros bispos da IMPD. Novos líderes e igrejas dissidentes surgirão nos próximos anos. Aguarde!





Johnny Bernardo

é pesquisador, jornalista, escritor, colaborador da revista Apologética Cristã, do jornal norteamericano The Christian Post, do NAPEC (Núcleo Apologético Cristão de Pesquisas), palestrante e fundador do INPR Brasil (Instituto de Pesquisas Religiosas). Há mais de dez anos se dedica ao estudo de religiões, seitas e heresias, sendo um dos campos de atuação a religiosidade brasileira e seitas do mal.

É também o autor da matéria “Igreja Dividida, as fragmentações do Catolicismo Romano”, publicada no final de 2010 pela Revista Apologética Cristã (M.A.S Editora). Assina também a coluna Giro da Fé da referida revista.

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O consultório da Vovó Júlia

Certo dia, ao passar pelo centro de São Paulo, recebi de uma jovem um panfleto que trazia a seguinte informação:

"Abra seus caminhos. Vovó Julia. Se você esta com problemas na sua vida com desânimo, doença, impotência sexual, frieza, problemas amorosos, casamento em decadência, filhos problemáticos, má condição financeira, problemas com sócio e no comércio, desempregado, inimigos ocultos, trabalhos feitos, dou garantia com seriedade dos meus trabalhos e soluções para todos os seus problemas. Simpatias para todos os fins com a força da Vovó Julia, ela irá resolver todos os seus problemas. Às 2ª feiras correntes positivas pelas 21 linhas brancas com passes e defumações, rezas e benzimentos para abrir caminhos, corta olho grande, curas espirituais. Nervosismo e insônia. Faz simpatia para o amor na sua presença com total garantia e seriedade. Fazemos o que os outros só prometem". [1]

A jovem disputava o espaço com outros panfleteiros, que distribuíam anúncios de agências de emprego, empréstimo consignado, consulta odontológica, convênio médico etc. O fato despertou minha atenção para uma verdade incontestável: o aspecto materialista e pouco espiritualizado das religiões.

Entrei em contato com a vovó Julia e perguntei sobre preços. Para minha surpresa e espanto, o preço de "consulta" cobrado por ela era superior ao de uma consulta odontológica ou psicológica em clinica especializada. Como parte do "pacote espiritual", ela disse ser capaz de fazer "o que os outros só prometem". Perguntei quem seriam "os outros", e ela me disse que são os "picaretas", os "malandros da praça" os "falsos cartomantes". É natural que exista disputa entre empresas e comércios de um mesmo seguimento, mas poucos esperariam que entre os cartomantes houvesse tal disputa comercial. Mas de fato há. E ela é acirrada.

Mexer com a fé de uma pessoa é algo extremamente lucrativo, principalmente quando a tal pessoa se encontra em um momento frágil, de perda de filho, marido ou crise financeira ou conjugal. Aí qualquer palavra que o cartomante diga, por mais banal e supérflua que seja, pode despertar no ouvinte uma crença cega e muitas vezes destrutiva. Vejamos o que diz Paulo Sérgio Batista.

"O fato de alguém ter algumas coisas de sua vida supostamente "reveladas" através da astrologia não deve ser suficiente para acreditar que a astrologia é verdadeira ou algo divino. A Bíblia declara que pessoas faziam pedidos a pedaços de madeira e estes pedidos eram respondidos por um espírito maligno que usava aquele objeto como um meio de engano (Oséias 4.12), e também a mesma Escritura condena toda forma de adivinhação ou predição do futuro (Deuteronômio 18.14). Algumas coisas podem ocorrer por alta sugestão ou por influências malignas, visto que o Senhor Deus não descarta a possibilidade de uma predição futura que seja de origem maligna se cumprir para enganar aos incautos (Deuteronômio 13.1-3)". [2]

É preciso muito cuidado quando lidamos com pessoas que dizem poder "revelar" nosso futuro, prever encontros amorosos ou oportunidades de negócio. Não são poucos os casos de pessoas que se suicidam ou cometem atrocidades ao dar ouvidos a espíritos enganadores. A solução para nossos problemas esta em Jesus, e em nenhum outro meio humano ou "sobrenatural".

Referências Bibliográficas

1.
Abra seus caminhos, panfleto explicativo
2. Manual de Respostas Bíblicas, p. 73, Paulo S. Batista, editora Betesda


Johnny Bernardo


é pesquisador, jornalista, escritor, colaborador da revista Apologética Cristã, do jornal norteamericano The Christian Post, do NAPEC (Núcleo Apologético Cristão de Pesquisas), palestrante e fundador do INPR Brasil (Instituto de Pesquisas Religiosas). Há mais de dez anos se dedica ao estudo de religiões, seitas e heresias, sendo um dos campos de atuação a religiosidade brasileira e seitas do mal.

É também o autor da matéria “Igreja Dividida, as fragmentações do Catolicismo Romano”, publicada no final de 2010 pela Revista Apologética Cristã (M.A.S Editora). Assina também a coluna Giro da Fé da referida revista.

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As Testemunhas de Jeová e as frações de sangue

É fato conhecido que o Corpo Governante das Testemunhas de Jeová proíbe seus seguidores de doar ou receber sangue através de transfusão. Várias TJs já faleceram por serem fieis a essa liderança, que desde 1945 as proíbe de salvar vidas através do sangue. Todavia, muitas pessoas não sabem que as TJs proíbem o sangue transfundido, mas deixam a critério de cada seguidor de aceitar ou não remédios feitos com frações do sangue, derivadas tanto dos componentes primários como secundários. Vejamos isso nas seguintes revistas A Sentinela:

"Alguns recusam qualquer produto derivado de sangue (mesmo frações destinadas a fornecer imunidade passiva temporária). É assim que entendem a ordem de Deus de ‘abster-se de sangue’. Eles raciocinam que a lei de Deus à nação de Israel exigia que o sangue removido de uma criatura fosse ‘derramado na terra’. (Deuteronômio 12:22-24) Por que isso é relevante? Bem, a preparação de gamaglobulina, fatores de coagulação baseados no sangue, e assim por diante, exige que o sangue seja coletado e processado. Por isso, alguns cristãos rejeitam tais produtos, assim como rejeitam transfusões de sangue total ou de seus quatro componentes primários. Sua posição sincera, baseada em sua consciência, deve ser respeitada. Outros cristãos tomam uma decisão diferente.

Também recusam transfusões de sangue total, glóbulos vermelhos, glóbulos brancos, plaquetas ou plasma. Contudo, talvez permitam que um médico lhes administre um tratamento que contenha uma fração derivada dos componentes primários. Mesmo aqui pode haver diferenças. Um cristão talvez aceite uma injeção de gamaglobulina, mas pode ou não aceitar uma injeção contendo algo extraído de glóbulos brancos ou vermelhos." - A SENTINELA 15 DE JUNHO DE 2004, página 30.

"Será que o fato de haver diferentes opiniões e decisões, baseadas na consciência, indica que a questão é de pouca importância? Não. O assunto é sério. Contudo, há uma simplicidade básica. A matéria acima mostra que as Testemunhas de Jeová recusam transfusões tanto do sangue total quanto dos componentes primários do sangue. A Bíblia ordena aos cristãos que se ‘abstenham de coisas sacrificadas a ídolos, de sangue e de fornicação’. (Atos 15:29) Fora isso, quando a questão envolve frações de quaisquer componentes primários, cada cristão deve conscienciosamente decidir o que fazer, após cuidadosa meditação com oração." - A SENTINELA 15 DE JUNHO DE 2000, PÁGINA 31.

Incrível como o Corpo Governante é contraditório! Acha-se comissionado por Jeová, para decidir pela consciência das TJs. Proibir sangue transfundido e afirmar que é questão de consciência o uso de frações sanguineas derivadas de componentes primários ou secundários do sangue de outras pessoas é uma verdadeira PIADA de humor negro! A Bíblia proíbe sangue animal e humano, ingerido como alimento ou bebida. O animal morto para alimento deveria ter seu sangue derramado no chão (Gênesis 9:3, 4) Isso simbolizava que a pessoa que matou o animal estaria devolvendo a vida a Deus, a qual foi tirada para se alimentar do animal.

No caso do sangue humano, jamais, por exemplo, conforme Tertuliano escreveu, um cristão beberia o sangue de um gladiador morto. Assim, o sangue que se condena a fazer uso é daquilo que se matou para comer ou até para se satisfazer desse sangue como alimento. E no caso das frações? A Bíblia nada diz disso, tanto que quando se come o animal morto, cercade 30 a 40% do sangue ficou nele. Quanto à mãe, que amamenta o filho, Deus pôs sangue e seus componentes no leite materno.É doação para a vida!

Lamentavelmente, as crianças morreram "fieis a Jeová", estão entre as centenas de pessoas, se não já milhares, que morreram vítimas de quem não merece crédito para decidir a fé dos outros. Veja como eles mudaram de ponto de vista sobre se seria correto ou não um cristão usar medicamentos feitos de frações de sangue. Cada mudançã, conforme a seita, é a luz de Jeová brilhando mais para o Corpo Governante:

Primeira luz – É correto aceitar remédios com frações de sangue - “... A injeção de anticorpos no sangue tendo como veículo o soro de sangue ou o uso de frações de sangue para criar tais anticorpos não é o mesmo que tomar sangue, ...fazê-lo não parece estar incluído na expressa vontade de Deus ao proibir o sangue como alimento. Seria, portanto, assunto de decisão individual quanto a aceitar ou não tais tipos de medicação.” - A Sentinela 1.º de fevereiro de 1959, págs. 95 e 96.

Segunda luz – É errado aceitar remédios feitos com frações de sangue - “É errado suster a vida mediante infusões de sangue, plasma, glóbulos vermelhos ou várias frações de sangue? Sim! ... Quer seja sangue integral quer fração de sangue ... a lei divina se aplica”. A Sentinela de 15 de março de 1962, página. 174.



Fernando Galli
do IACS para o INPR Brasil





Religiões do México

Um dos cultos mais difundidos no México é a Testemunha de Jeová. Organizada por volta de 1969 seu método de ganhar novos convertidos - a pregação de casa em casa - lhes permitiu recrutar 600.000 fieis, todos dedicados a espalhar a sua fé. Eles se recusam a obedecer a determinadas regras civis (como jurar a bandeira) e receber transfusões. Eles acreditam que Jesus Cristo não é Deus. Em Texcoco, a leste da Cidade do México, a seita construiu uma espécie de cidadela chamada Betel, que serve como escritório ou um centro de doutrinação universitária. Seus 1.000 moradores se alimentam em um horário definido, oram e, em seguida, iniciam o estudo da Bíblia. Às 5 horas, o jantar é servido. Todos são dedicados a vários serviços para o grupo, principalmente a impressão e distribuição de a Sentinela e Despertai!, duas revistas de proselitismo.

Eles são seguidos, em ordem de importância, pelos mórmons (Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias), cuja primeira igreja foi organizada por sete pregadores que chegaram no México em 1875, oriundos do Arizona (EUA). Eles se juntaram, uma década depois, a outros 400 que vieram de Utah para escapar à perseguição das autoridades por seu hábito de praticar a poligamia. Eles se estabeleceram em Casas Grandes, Chihuahua. Em 1993 recebeu o registo como uma associação religiosa e agora o número de um milhão de fieis.

A Igreja dos Irmãos da Luz foi fundada em 1926 pelo ex-soldado Eusebio González (nascido em Colotlan), que adotou o nome de Aaron. A seita assente em Guadalajara, em 1955, onde adquiriu um lote de 14 hectares para criar a bela província da colônia religiosa. Os seguidores desta seita são batizados aos 14 anos de idade e apenas creem em Jesus Cristo, o casamento é imposto pelo líder, e não há divórcio. Ministros devem ser casados.

Todos os anos, no dia 14 de agosto celebram a santa ceia em honra ao fundador (falecido em 9 de junho de 1964). Segundo algumas estimativas, a Igreja Luz do Mundo possue perto de cinco milhões de adeptos, dos quais 50% estão em Guadalajara e os demais estão espalhados na América Central e do Sul. Seu principal objetivo é treinar e monitorar comunidades remotas. Sua igreja tem capacidade para 12.000 pessoas.

A Igreja Universal do Reino de Deus, fundada em 1977 no Brasil, chegou ao México em 1981 e é conhecida pelo slogan “Pare de sofrer”. A IURD baseia-se na “teologia da prosperidade”, em que o crente pode “reclamar bênçãos de prosperidade ao Deus Todo-Poderoso, que possui todo ouro e a prata.” Eles acreditam que dízimo dado à Igreja é uma demonstração de fé, segundo o fundador, o brasileiro


Rachel Cabellero Membrilla
do Instituto Cristiano do México






As religiões em crise

O mundo nunca esteve tão fragmentado religiosamente como hoje. Alguém disse que a religião – referindo-se ao cristianismo e as diversas ramificações das religiões mundiais – são "reformulações" de doutrinas e religiões antigas. Das religiões primais vieram às nacionais, e destas todas as religiões mundiais. Trocando em miúdos, a religião é fruto de um processo evolutivo e sincrético. É preciso avaliar até que ponto isso é verdade, ou seja, se todas as religiões são frutos de uma miscigenação religiosa.

Geralmente quem olha para o mundo islâmico vê nele um povo unido, sem divisões dogmáticas ou administrativas. No entanto, o islamismo é uma das religiões mais fragmentadas do mundo. Além de xiitas e sunitas, existem pelo menos 70 seitas dentro do islamismo. Há quem sugira que quanto mais distante fica de Meca, mais sincrética e oculta se torna a fé islâmica. É o que acontece no norte da África e países abaixo do Saara, onde o islamismo muitas vezes se confunde com o ocultismo pagão, ou seja, é difícil saber onde termina a devoção islâmica e começa o culto pagão.

A Igreja Católica é outro exemplo de desfragmentação. O primeiro grande cisma ocorreu em 1054 quando a Igreja Ortodoxa de Constantinopla – por questões dogmáticas e administrativas – separou-se da Igreja Católica com sede em Roma. Atualmente existem cerca de 175 milhões de ortodoxos no mundo, presentes em sua maioria na Grécia, Turquia, Rússia e norte da África. Em 1517 ocorreria o maior cisma que a Igreja Católica jamais conseguiria reverter - Martinho Lutero rompe com Roma e abre caminho para inúmeros outros reformadores. Resultado: surgem diversas denominações protestantes, tanto na Europa como no Novo Mundo (Américas).


Johnny Bernardo

é pesquisador, jornalista, escritor, colaborador da revista Apologética Cristã, do jornal norteamericano The Christian Post, do NAPEC (Núcleo Apologético Cristão de Pesquisas), palestrante e fundador do INPR Brasil (Instituto de Pesquisas Religiosas). Há mais de dez anos se dedica ao estudo de religiões, seitas e heresias, sendo um dos campos de atuação a religiosidade brasileira e seitas do mal.

É também o autor da matéria “Igreja Dividida, as fragmentações do Catolicismo Romano”, publicada no final de 2010 pela Revista Apologética Cristã (M.A.S Editora). Assina também a coluna Giro da Fé da referida revista.

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A seita do sexo

Tempos atrás uma mãe desesperada me ligou para pedir informações sobre a seita meninos de Deus, conhecida hoje como A Família Internacional. Sua preocução residia no fato de que sua filha, ainda com seus 17 anos, em plena fase de preparação para o vestibular, frequentava as reuniões dessa seita, mas apresentava comportamentos estranhos, como passar pouco tempo em casa, evitar conversa com os pais, trancafiando-se no quarto. Então, procurei alertar essa senhora: David Berg, o fundador desse movimento, pregava o sexo como meio de evangelismo, e a literatura dos jovens ali contém cenas absurdas.

O sexo como pano de fundo para Jesus

O fundador dessa seita, David Berg, já é falecido (1994), e segundo as publicações da seita, encontra-se no céu, na colônia. Enquanto vivo, este sujeito sofreu processos por abusos sexuais. A Wikipedia declara:

"Pelo menos seis mulheres, inclusive suas duas filhas e duas de suas netas, alegaram publicamente terem sido sexualmente abusados por Berg quando crianças. A filha mais velha de Berg, Deborah Davis, escreveu um livro no qual ela acusa o pai de molestar sexualmente tanto dela, quanto de sua irmã, quando eram crianças, e de ter tentado fazer sexo com ela quando adulta. Sua irmã, Faith Berg, corroborou essas acusações, no entato as descreveu de maneira positiva." - http://pt.wikipedia.org/wiki/David_Berg

Mas como essa seita conseguiu recrutar jovens e adultos? Sempre de forma velada, o sexo foi usado como "ponte", mas com uma mensagem muito amorosa sobre Jesus. Um dos folhetos dessa seita afirma:

"Mas você não pode salvar-se a si mesmo. [...] Jesus promete que se abrir o seu coração, ele entrará mesmo. [...] Você pode receber Jesus agora mesmo, fazendo esta simples oração: Querido Jesus, por favor me perdoe todos os meus pecados. Eu acredito que você é o FIlho de Deus e que morreu por mim, e agora O convido a entrar no meu coração. Jesus, por favor, entre e me ajude a amar os outros e a lhes falar sobre Você para que também possam encontrá-Lo. Peço em nome de Jesus, amém." - O Amor Sempre Dá um Jeito.

Todavia, conforme relatos de seus próprios filhos e de ex-adeptos, o movimento realmente usa o sexo como forma de "evangelismo", pois Deus é amor. Temos emprestado uma xérox do livro Meninos do Céu, que dão provas convincentes disso. Por exemplo, observe o que esse livro afirma sobre o que DAVID BERG anda aprontando lá no céu:

"36 [...] Agora, só preciso de espaço para Phoebe e India Joy nesta enorme cama boa e confortável! Glória ao Senhor! O que é melhor do que uma linda mulher? - Duas mulheres! Aleluia! 37. VAMOS LÁ, VAMOS DIVERTIR-NOS UM POUCO E AUMENTAR A POPULAÇÃO - afinal não existe enjoos matinais, sensação de peso ou dores de parto Aqui em cima! (Apoc. 21:4) [...] Por isso, vamos nessa, vamos lá, garotas! Temos muito pela frente! - Que dizem a isso, rapazes? - Vamos começar já! - Amém! Aleluia! Obrigado Jesus! Glória ao Senhor! - Não é mesmo maravilhoso? - Que lugar! - Como estamos nos divertindo aqui no ceu! - Os Meninos do Ceu, [capítulo 14 - A Cidade do Futuro], página 300, item 36 e 37.

Conforme podemos observar na foto em anexo, tais cenas são uma afronta contra os ensinos de Jesus. Nem na ressurreição haverá casamento e sexo, quanto mais antes dela. (Mateus 22:30) Pior do que isso: Se lá no ceu, o conhecido como "Vovô" Berg pode ter esposas adolescentes, com direito à charge com ela na cama, que exemplo negativo para os jovens que o seguem! Nessa imagem do lado, precisamos censurar a imagem dos seios dessa jovem, que parece ser adolescente, e mesmo que não seja, que espécie de literatura cristã é esta? Segundo vários sites, David Berg teria dito que "o orgasmo é o melhor meio de se chegar a Deus". A Bíblia ensina a fugir da fornicação, conforme 1 Coríntios 6:18.

Na mesma literatura já referida há outra foto intrigante, que precisamos censurar as partes picantes. Ao lado da foto, lemos:

"Elas então ficam muito emocionadas e excitas e parecem sentir que existe algo muito especial a esse respeito, que sentem a presença do Vovô bem ali perto, e de maneira muito querida, para as duas como sempre! Elas então caem no sono novamente abraçadas e eu fico emocionado e satisfeito com minha primeira visita à minha familiazinha na Terra novamente! Obrigado Jesus! Louvado seja o Senhor!" - Os Meninos do Céu, página 392.

Apelo aos pais

Caso você, pai ou mãe, saiba que seu filho ou filha estejam enveredando por esse caminho contrário à Palavra de Deus, que segue ensinos de um líder maníaco sexual, não hesite em procurar ajuda, tanto das autoridades, quanto de familiares e amigos religiosos. Certo empresário comentou que embora fosse casado, foi assediado por uma dessas jovens, que buscaram falar-lhe sobre Jesus, com a promessa de "curtirem muito sexo", pois Deus é amor. Essa organização separa os filhos dos pais, conforme relatos de ex-membros. Se você é ex-membro, ou tem filhos ali, colocamo-nos à disposição para ajudar você.



Fernando Galli
do IACS para o INPR Brasil




Letreiro causa polêmica entre ateus e cristãos

A Igreja Metodista Unida, localizada na cidade de Portland, Oregon, EUA, causou polêmica nesta semana ao colocar em seu letreiro a frase “Deus prefere ateus amáveis a cristãos com ódio”.

A resposta entre os americanos foi imediata, o administrador da igreja Kay Pettygrove disse que recebeu centenas de e-mails sobre o letreiro assim que ele foi instalado. Ele afirma ainda que se surpreendeu por ter cerca de 30 respostas positivas, para cada negativa.

"Eu recebi um email de um homem Mórmon jovem dizendo: ‘Muito obrigado. Isso me fez repensar a forma como eu trato as pessoas'", ele explicou ao jornal americano The Blaze. "Muitos ateus disseram: 'Se houvesse mais igrejas como a sua, provavelmente reconsideraria."

Para ele, o objetivo de fazer as pessoas refletirem foi atingido para além dos 385 membros da igreja, e que o letreiro mostra uma hospitalidade radical para quem já se sentia alienado sobre o sistema de fé da religião.

Entre alguns líderes religiosos opiniões divergiram sobre a mensagem. O jornalista e pesquisador Johnny Bernardo e o Reverendo Augustus Nicodemus comentaram o fato com exclusividade ao The Christian Post.

Para Johnny a mensagem mostra uma realidade que afeta as igrejas em todo mundo com relação aos “cristãos com ódio”: “há falta de amor, compromisso e vivência cristã em sua plenitude”.

Ele justificou dizendo que devido ao rápido crescimento da igreja nos últimos anos o “espírito de unidade que caracterizava os cristãos primitivos tem sido perdido ao longo dos séculos”.

“Somos hoje uma igreja de templos, uma igreja cuja realidade gira em torno de liturgias, reuniões e Teologia da Prosperidade. Precisamos de menos igrejas e mais cristianismo puro e simples”, afirmou.

Johnny acredita que “ateus, católicos e espíritas são, sim, exemplos de que mesmo diante da ausência de uma religiosidade contínua ou profunda, o amor pode ser demonstrado e vivido no dia-a-dia”.

Já Nicodemus pensa que a igreja se equivocou em sua afirmativa. O reverendo considera que a igreja está equivocada ao assumir que “diante de Deus, o ódio é pior que a incredulidade”.

“O ódio e a incredulidade são igualmente desagradáveis diante de Deus, não importa se da parte de ateus ou cristãos”.

Para explicar, ele citou ao CP o trecho da Bíblia Apocalipse 21.8, que diz que “quanto, porém, aos covardes, aos incrédulos, aos abomináveis, aos assassinos, aos impuros, aos feiticeiros, aos idólatras e a todos os mentirosos, a parte que lhes cabe será no lago que arde com fogo e enxofre, a saber, a segunda morte”. Nesta passagem, explica Augustus Nicodemus, os incrédulos e assassinos aparecem na mesmíssima lista dos que não entrarão no Reino de Deus.

O letreiro da igreja de Oregon continua causando polêmica e a imagem de seu letreiro se espalhou mundialmente por meio de mídias sociais online. Mesmo com tanta discussão, o Reverendo Tom Tate, responsável pelo templo, diz que não se arrepende e que gostou da reflexão gerada pela sua iniciativa.


Fonte: The Christian Post




Porque não é bíblica a desassociação (I)

Infelizmente, faltou à Associação Torre de Vigia (ATV) esclarecer às pessoas que o instituto da desassociação não vem de Jeová, mas do Corpo Governante. Se você conjugar todos os paralelos bíblicos em relação ao assunto verá que Jeová está sempre de braços abertos para acolher imediatamente um pecador genuinamente arrependido. Não há nas Escrituras qualquer paralelo que mostre que Ele deu seis meses ou um ano ou vários anos de prova, com a boquinha calada, sentado no banco, sendo ignorada pela família e pelos “amigos”, até que a pessoa fosse julgada por um corpo de anciãos como digna de fazer parte de seu povo novamente.

Ao contrário, uma leitura básica da Bíblia te mostrará que primeiro Jeová acolhe o pecador depois ele é ajudado a abandonar seu estado lastimável. Basta a pessoa arrependida se voltar para Deus. Sem provas. Sem chibatadas sociais. Sem vergonha ou humilhação. É tão simples! Vejamos um exemplo: uma jovem tem relações sexuais com seu namorado, contudo, não vê nada demais nisso. Os anciãos a chamam em uma comissão judicativa e a desassociam. Logo após ela se arrepende, pois vê que estava errada. O que fazer?

Bom, Jeová, por meio de Jesus, proveu a resposta. Veja sua reação na parábola do filho pródigo: “Enquanto [o filho] ainda estava longe, seu pai o avistou e teve pena, e correu e lançou-se-lhe ao pescoço e o beijou ternamente” (Lucas 15:20).

Mesmo com esse paralelo claríssimo, os anciãos dizem que a pessoa deve passar um tempo no banco, sendo ignorado, apontado como pecador, evitado até pela família... que deve se casar, ou então dissolver esse namoro... que não poderá comentar na reunião, ir no ônibus da congregação para a Assembleia de Circuito, não poderá pegar uma carona no carro de um irmão, muito menos que se deve orar por essa pessoa. Para não falar que durante esse tempo, a pessoa que “ se lixe”, se ela precisar de uma ajuda qualquer, seja em relação a um trabalho, dificuldade na família, doença, emprego, e tantas outras que apenas temos em associação íntima com alguém ou em uma comunidade unida, que ela fique por si só, dê seu jeito... foi ela quem escolheu o caminho da desassociação, não foi? Que amor é esse, hein? Que não pode acolher uma pessoa que está querendo voltar ao seu meio? Que não pode dar um abraço a uma pessoa que precisa? Que não pode perguntar nem mesmo “como vai, como foi seu fim de semana”? Isso é disciplina? Lamento, mas se você é um bom leitor da Bíblia, verá que isso é heresia.

Quanto aos “fundamentos bíblicos” para tal ação da ATV, são todos fraquíssimos e não se sustentam ante o peso da evidência. A Associação usa o texto de 2 João 10, 11 como base de seu tratamento em relação aos desassociados e dissociados. Contudo, empregam tal passagem totalmente fora de seu contexto original. Convido-o a ler o texto integralmente, a carta inteira de 2 João. No versículo 7, o apóstolo diz: “Pois, muitos enganadores saíram pelo mundo afora, pessoas que não confessam Jesus Cristo vindo na carne. Este é o enganador e o anticristo".

Depois, do versículo 8 ao 11, o apóstolo dá um conselho aos leitores em relação à situação de perigo espiritual quanto a esses tipos de pessoas que rejeitam a Cristo e pregam o engano, dizendo que Cristo não veio na carne. Contra esse tipo de pessoa é que os cristãos devem se guardar, “nem o recebendo em seus lares, nem os cumprimentando”, pessoas que “se adiantaram”, “não permaneceram no ensino de Cristo” e agora defendem outro ensino diabólico. Ou seja, anticristos ativos e atuantes. Não se fala em lugar algum de crentes quepecaram. Nem em desassociação, palavra que nem na Bíblia está.

Agora, caro leitor, em momento nenhum dizemos ser contra a exclusão ou afastamento de um membro que seja um pecador empedernido do meio da congregação, ou de uma igreja. Isso aí é coisa que se faz até no mundo, nas esferas seculares. Caso você faça parte de uma associação qualquer, um conselho, um clube, uma escola, etc., ou mesmo no trabalho normal, há normas internas que devem ser respeitadas sob pena de (a) repreensão verbal ou escrita, (b) afastamento temporário ou (c) desligamento total.

Isso é diferente das organizações religiosas? Não, de forma alguma.

Ao contrário do que pregam as Testemunhas de Jeová em várias publicações, existem expulsões e desligamentos nas igrejas evangélicas, mas sempre depois de um longo processo de ajuda espiritual à pessoa, antes de serem tomadas as providências cabíveis.

Quando você aceita se tornar membro de uma igreja qualquer, ou de associações filosóficas ou políticas, deve ter em mente suas normas, seus estatutos, entre eles os que podem demandar sua exclusão como membro. Nesse caso, o texto citado pelas Testemunhas, 1 Coríntios 5:9-13, está devidamente aplicado. Paulo escrevia aos crentes em Corinto que não faziam nada para que aquele homem imoral se consertasse, logo, havia negligência espiritual por parte deles. Contudo, lendo com atenção os versículos circundantes (coisa que raramente as Testemunhas fazem), vemos que a grande preocupação era com a ação da própria congregação ante o pecado, não necessariamente com o pecador em si. Não se esqueça de que esta carta que Paulo escreveu tinha objetivos claros: exortar toda a congregação coríntia a um reavivamento espiritual, o que é claramente visível na quantidade enorme de problemas que o apóstolo discute ao longo de sua epístola.

Prova de que está errada a metodologia da desassociação conforme o Corpo Governante das Testemunhas de Jeová prega pode ser vista no modo como a aplicação deste texto é feita na segunda carta de Paulo aos Coríntios. Conforme uma publicação da própria ATV, o Estudo Perspicaz, volume l, p. 563 e 564, “Paulo escreveu esta primeira carta à congregação cristã em Corinto, por volta de 55 EC [...] Paulo escreveu a sua segunda carta aos coríntios provavelmente durante o fim do verão ou começo do outono setentrionais de 55 EC”. Assim, no intervalo de meses, não de anos, nem de décadas, mais em poucos meses, de acordo com o arrependimento daquele “homem iníquo”, “Paulo respondeu na sua segunda carta elogiando-os por sua aceitação favorável e aplicação do conselho, exortando-os a ‘perdoar bondosamente e a consolar’ o homem arrependido, ao qual evidentemente haviam expulsado da congregação” (Perspicaz, v. 1, p. 564).



Cleber Tourinho de Santana

ex-testemunha-de-jeová, professor, linguista, revisor de textos, orientador em Medotodologia da Pesquisa Cientifica e está mestrando em Letras e Linguística pela Universidade Federal da Bahia



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