Quem tem medo da apostasia? (II)

Outro exemplo é retirado da Sentinela de 1º de maio de 2000, p. 9-10:

"Alguns apóstatas usam cada vez mais alguma forma de comunicação em massa, inclusive a Internet, para divulgar informações falsas sobre as Testemunhas de Jeová. Em resultado disso, quando pessoas sinceras pesquisam nossas crenças, elas podem encontrar casualmente propaganda apóstata. Até mesmo algumas Testemunhas inadvertidamente se expuseram a esta matéria prejudicial. Além disso, os apóstatas participam ocasionalmente em programas de televisão ou de rádio. Qual é o proceder sábio a seguir nestes casos?

O apóstolo João orientou os cristãos a não acolherem apóstatas na sua casa. Ele escreveu: “Se alguém se chegar a vós e não trouxer este ensino, nunca o recebais nos vossos lares, nem o cumprimenteis. Pois, quem o cumprimenta é partícipe das suas obras iníquas.” (2 João 10, 11) Evitarmos todo o contato com esses opositores nos protegerá do seu modo corrupto de pensar. Expor-nos aos ensinos apóstatas divulgados pelos diversos meios de comunicação moderna é tão prejudicial como acolher o próprio apóstata na nossa casa. Nunca devemos permitir que a curiosidade nos leve a tal rumo calamitoso! — Provérbios 22:3"

Pois bem, diante de tais exemplos, torna-se claro que as testemunhas são desestimuladas peremptoriamente a sequer abrir o Google e colocar a frase “Testemunhas de Jeová”. Não devem nem mesmo ter blogs defendendo sua fé, sabia? Basta ver o caso recente da desassociação do irmão Sebastião Ramos... pesquisem e verão!
No jornal interno “Nosso Ministério do Reino” de setembro de 2007, p. 3, pergunta-se à Sociedade:

"Será que o “escravo fiel e discreto” aprova que grupos de Testemunhas de Jeová se reúnam à parte da congregação para realizar pesquisas ou debates sobre a Bíblia?A resposta do Corpo Governante? Leiam:

Não. Mesmo assim, em várias partes do mundo, alguns dos que se associam com a nossa organização formaram grupos para realizar pesquisas independentes sobre assuntos bíblicos. Alguns fazem parte de grupos que pesquisam o hebraico e o grego usados na Bíblia a fim de analisar a exatidão da Tradução do Novo Mundo. Outros pesquisam assuntos científicos relacionados à Bíblia. Esses grupos criam páginas na internet e salas de bate-papo que têm por objetivo trocar idéias e debater seus pontos de vista. Também organizam palestras e produzem publicações para divulgar suas conclusões e complementar o que é transmitido em nossas reuniões cristãs e publicações.

[...] Certamente somos gratos pelas provisões espirituais de Jeová nestes últimos dias. Assim, “o escravo fiel e discreto” não apóia quaisquer publicações, reuniões ou páginas na internet que não sejam produzidas ou organizadas sob a supervisão dele. — Mat. 24:45-47." (grifos nossos)

Revoltante, não é? Como pode uma organização que diz possuir “o maior programa de educação bíblica de todos os tempos”, com representantes em mais de 200 países, desencorajar que pessoas sinceras se reúnam para compartilhar entre si das preciosas verdades bíblicas e aumentar seus conhecimentos sobre Deus e seu Reino?


Cleber Tourinho

ex-testemunha-de-jeová, professor, linguista, revisor de textos, orientador em Medotodologia da Pesquisa Cientifica e está mestrando em Letras e Linguística pela Universidade Federal da Bahia


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O que é o Santo Daime

O Santo Daime é a religião fundada em 1930 pelo seringueiro Raimundo Irineu Serra. Ele fundou o Santo Daime após conhecer os efeitos alucinógenos da bebida indígena ayahuasca, que é uma combinação de dois vegetais da Floresta Amazônica: o cipó Jagube e a folha chcrona.

Segundo Irineu, o chá de ayahuasca possibilitou a ele ter visões, numa das quais “apareceu” a ele uma mulher chamada Clara, que se dizia Nossa Senhora da Conceição, a “Rainha” da floresta. Teria sido ela que deu o nome à bebida e a religião que posteriormente Irineu iria fundar.

Ramificações

Após o Santo Daime – que ganhou fama internacional -, surgiram outras comunidades que também fizeram do chá ayahuasca a base principal do seu culto. São elas:
  • Barquinha
  • União do Vegetal
  • Céu de Maria
Esta última ganhou os holofotes da imprensa com o assassinato do cartunista Glauco, fundador da referida comunidade e um dos principais responsáveis pela divulgação da doutrina no sul e sudeste do Brasil.


Johnny Bernardo
do INPR Brasil






Porque não é bíblica a desassociação (III)

De fato, as implicações da prática nefasta da desassociação, através da franca distorção de textos bíblicos e do argumento humano tem feito com que pessoas fiquem aprisionadas a um sistema opressor, sem poderem sair dele. Há casos de TJ’s ativas que não creem mais na Torre de Vigia mas não saem da organização temendo o que pode vir a lhe acontecer: ostracismo exacerbado, perda de laços familiares e de amizades de longos anos, exclusão de uma história de vida inteira, além dos casos mais sérios dos que acreditam sinceramente no Corpo Governante e nutrem sensações terríveis de que, caso pequem e sejam expulsos, deixarão de ser amados por Deus, ficarão sem rumo, sem direção, perdidos de si mesmos, afinal, a identidade das Testemunhas não é delas, é eminentemente vinda das orientações da associação Torre de Vigia.

Cristo nos chamou à LIBERDADE

“E Jesus prosseguiu assim a dizer aos judeus que acreditavam nele: ‘Se permanecerdes na minha palavra, sois realmente meus discípulos, e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará’”. (João 8:31-32).

Se estamos em um sistema em que nos sentimos presos, jungidos, sem poder nos mover, está na hora de refletir melhor sobre o assunto.

Cristo nos chamou para amar o próximo

“[...] eu vos digo: Continuai a amar os vossos inimigos e a orar pelos que vos perseguem; para que mostreis ser filhos de vosso Pai, que está nos céus, visto que ele faz o seu sol levantar-se sobre iníquos e sobre bons, e faz chover sobre justos e sobre injustos. Pois, se amardes aos que vos amam, que recompensa tendes? Não fazem também a mesma coisa os cobradores de impostos? E, se cumprimentardes somente os vossos irmãos, que fazeis de extraordinário? Não fazem também a mesma coisa as pessoas das nações? Concordemente, tendes de ser perfeitos, assim como o vosso Pai celestial é perfeito” (Mateus 5:44-48).

Notem o versículo 47 desta passagem "... Se temos que cumprimentar nossos inimigos, imagine os que se desviaram da fé por conta de um pecado que não seja a renúncia ao nome de Jesus! Deus não iria enviar seu Único Filho à toa, muito menos conceder a Graça (benignidade imerecida) e a Salvação se Ele não estivesse interessado em nós do jeito que somos. Somos todos propensos a falhas, e, da mesma forma, indignos de perdão, mas Jeová quer que nos amemos! É tão simples! Lendo os Evangelhos, você não vê, nem em uma única vez, Jesus evitando alguém por esse ser pecador. Ao contrário, ele ia ao encontro deles! Cristo os amava, os queria ao seu lado, se importava com cada mínimo detalhe de suas vidas, suas lutas, suas angústias, seus medos e fracassos. Isso seria diferente hoje em dia? De maneira nenhuma! Hebreus 13:8 diz: “Jesus Cristo é o mesmo, ontem, hoje e para sempre”.

Portanto, caro leitor, a nossa bandeira não é contra a religião das Testemunhas de Jeová. É contra abusos relacionados aos direitos humanos básicos e constitucionais. É contra as famílias que são despedaçadas por práticas religiosas desnecessárias e antibíblicas.

Apesar de sabermos que há erros flagrantes de interpretação bíblica e de modo de vida entre as Testemunhas, eu, pessoalmente, sei que não há como parar de forma séria e comedida sua organização. Porém, há um ditado que meu pai me dizia em vida: “O mal por si se destrói”. Creio sinceramente que um dia, de alguma forma, os males internos da organização da Torre de Vigia serão expostos de forma muito ampla, e, de dentro para fora, as coisas começarão a mudar. Há muito gente lá dentro que não deveria realmente estar, e precisam sair e se encontrar de fato com Cristo Jesus, como eu me encontrei um dia (2 Timóteo 2: 19; Atos 18:7-11).

Espero que você tenha lido com atenção este longo texto construído por mim, que faz parte do livro que tenho planos de concluir, falando sobre a desassociação. Qualquer dúvida, pode escrever diretamente para mim, ao meu e-mail ctsantana@gmail.com.


por Cleber Tourinho

ex-testemunha-de-jeová, professor, linguista, revisor de textos, orientador em Medotodologia da Pesquisa Cientifica e está mestrando em Letras e Linguística pela Universidade Federal da Bahia



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Porque não é bíblica a desassociação (II)

Quanto ao texto de 2 Tessalonicenses 3:13-15, eu aconselho a seguir o mesmo sistema de leitura exegética, ou seja, a ler o contexto inteiro: “Mas, se alguém não for obediente à nossa palavra por intermédio desta carta, tomai nota de tal, parai de associar-vos com ele, para que fique envergonhado. Contudo, não o considereis como inimigo, mas continuai a admoestá-lo como irmão”.

Nesse caso, não se trata de desassociação, de expulsão, mas dos casos em que um membro da congregação age de forma desobediente. É quase uma “repreensão” como as Testemunhas usam o termo, caso este em que a pessoa não será mais bem vinda a nenhuma reunião social, isto é, a eventos associativos. Se levássemos ao pé da letra, a pessoa realmente deveria ficar “envergonhada”, desde que fosse exposto a partir da tribuna, para todos saberem, que ele ou ela estaria “sob nota”. Mas nem isso as TJ’s fazem direito, pois o processo, na maioria das vezes (ou seja, salvo raras exceções) corre todo em segredo pelo corpo de anciãos.

O que Pascoal, Sebastião, eu e outros questionamos não é a prática da exclusão dos membros em si mesma, que é legítima em qualquer tipo de associação, como disse anteriormente, mas a forma como este estatuto está redigido e aplicado. Trata-se de um flagrante desrespeito aos direitos humanos e uma ofensa a Deus. Entre os abusos que são feitos está a aplicação hedionda e mal direcionada do que Davi disse no Salmos 139:21-22. A Sentinela 15 de março de 1996, p. 16 par. 6, no artigo “Como passar na prova da lealdade”, coloca os desassociados no mesmo pacote dos piores inimigos de Jeová, de pessoas do mundo, desviados e incorrigíveis, ao dizer:

“Queremos ter a lealdade que o Rei Davi evidenciou ao dizer: “Acaso não odeio os que te odeiam intensamente, ó Jeová, e não tenho aversão aos que se revoltam contra ti? Odeio-os com ódio consumado. Tornaram-se para mim verdadeiros inimigos.” (Salmo 139:21, 22) Não queremos confraternizar com pecadores deliberados, porque não temos nada em comum com eles. Não deve a lealdade a Deus impedir que mantenhamos contatos sociais com tais inimigos de Jeová, quer em pessoa, quer por meio da televisão?”(grifo meu)

Detestável. Ao invés de buscar fazer como o Pastor em Lucas, capítulo 15:1-7, que deixa as 99 ovelhas para correr em busca da perdida, o Corpo Governante manda que pessoas, seres humanos, muitas vezes sem forças nem para retornar para os braços de Deus, para a comunhão com Ele, sejam ignoradas e tratadas com ódio! Imagine! Tudo isso em oposição ao que Deus diz, que devemos ter amor ao perdido, acolhê-lo, aconchegá-lo, para ver se ele retorna de seus maus caminhos (Isa. 55:6, 7; Eze. 33:11; Mal. 3:7).

Conheço casos de pessoas que estão há anos fora das Testemunhas de Jeová e querem até retornar, mas se sentem fracos, sem energia para isso. Algumas me contaram que gostariam que houvesse um programa oficial de ajuda a essas pessoas, mas, ao contrário, as congregações as ignoram. Se ao menos tivessem apoio de suas famílias...! Mas nem isso! Membros das famílias imediatas, que moram na mesma casa, devem apenas conversar o mínimo com essas pessoas, e os que não moram com eles, nem isso! Como uma pessoa se sente nessa situação? Não conheço pessoalmente, mas já li a respeito de casos de depressão, síndrome do pânico e até alguns suicídios de pessoas que não conseguiam mais retornar depois de desassociadas e desistiram de tudo.



por Cleber Tourinho

ex-testemunha-de-jeová, professor, linguista, revisor de textos, orientador em Medotodologia da Pesquisa Cientifica e está mestrando em Letras e Linguística pela Universidade Federal da Bahia



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O ídolo morreu, a inocência se perdeu

Hoje completa um ano da morte do ídolo pop, Michael Jackson, fruto de uma parada cardíaca. Quando os paramédicos chegaram descobriram que o artista estava em coma profundo. Muitos rumores envolveram a morte do astro: para se descobrir sua dependência de medicamentos que diminuem a dor.

O médico que cuidava de Michael acabou sendo punido. Seu funeral só foi possível em sete de julho, quando o mundo parou para acompanhar este momento.

Seu mais famoso disco foi Trhiller, uma obra pop de vanguarda para sue época de lançamento (1982). Não havia local no mundo onde não se escutasse Billie Jean. Sem dúvida, este homem nascido pobre e duramente treinado pelo pai para ser um astro pode ser considerado alguém de sucesso dentro dos padrões do mundo.

Uma das peculiaridades de Michael foi sua ligação com os Testemunhas de Jeová. Durante muito tempo ele saía escondido (disfarçado) para realizar as tarefas obrigatórias que a seita impõe a seus participantes.






Dois pontos a se destacar: primeiro, a seita TJ é altamente controladora da vida de seus participantes. Michael controlava sua carreira com braço de ferro, em cada detalhe. Sua aparência de menino eterno (um Peter Pan da música moderna) não condizia com sua atitude profissional. Exigente, duro, obcecado.

Em segundo lugar, um paradoxo: o rígido controle religioso não impediu que Michael se envolvesse em mescândalos pessoais, chegando a receber acusações sérias em sua vida. E tampouco o salvou de tornar-se viviado em medicamentos.

Triste fim de quem tentou transmitir a felicidade como a conhecia a muitas pessoas. Eu mesmo gosto de muitas de suas músicas. Mas a vida pessoal dele não conseguiu ser transformada na fantasia em que sempre acreditou.

Adeus a Michael, como símbolo de um adeus à esperança de que é possível a plenitude sem Cristo.




por Marcus Vinícius
editor de Mídia do INPR Brasil







Saramago em foco: entrevista com o escritor português Pedro Silva




Pedro Silva nasceu em 1977, em Tomar, Portugal. É autor de vários livros sobre sociedades secretas, dentre eles “História e Mistérios dos Templários”. Nesta entrevista ele fala sobre José Saramago e a importância do escritor para a cultura portuguesa e mundial.






INPR Brasil - O mundo perdeu recentemente uma das mentes mais brilhantes e, ao mesmo tempo, mais polêmicas da literatura portuguesa. Com que palavras você definiria José Saramago?

Pedro Silva - Um escritor fenomenal, um pensador brilhante, um justo Nobel da Literatura.

INPR Brasil - Dada a projeção das obras de Saramago, seria correto compará-lo aos três grandes sonetistas portugueses - Camões, Bocage e Antero de Quental?

Pedro Silva - Para ser sincero, sou algo avesso a comparações. Creio que cada personalidade possui características distintas. Deste modo, acima de tudo, o que convém reter é que é indesmentível a genialidade do escritor José Saramago.

INPR Brasil - Pelo menos no Brasil, Saramago permanece como um dos autores mais respeitados e lidos dos últimos tempos. O escritor brasileiro Paulo Coelho tem recebido o mesmo tratamento por parte dos portugueses?

Pedro Silva - O escritor brasileiro é, sem sombra de dúvida, um dos autores mais lidos em Portugal. A sua legião de fãs, por aqui, é imensa. Obviamente, Paulo Coelho merece o mesmo respeito de Saramago e de todos os grandes escritores, até porque creio que, cada vez mais, o intercâmbio cultural e literário entre Portugal e Brasil será uma realidade.

INPR Brasil - Como morador de Tomar, Portugal, e autor de livros igualmente reconhecidos entre os brasileiros, você mantinha algum tipo de contato com Saramago?

Pedro Silva - Infelizmente, nunca tive a oportunidade de contactar pessoalmente com José Saramago.

INPR Brasil - Dos livros escritos por ele, qual chama mais a sua atenção?

Pedro Silva - Quando estamos a tratar de um escritor genial como Saramago é impossível fazer destrinças entre livros. Todos, à sua maneira, contribuíram para um leitura agradável e, como tal, tratam-se de literatura de grande mérito.

INPR Brasil - A imagem que temos de Saramago é a de um ateu declarado e que vivia em constante choque com a Igreja. No entanto, em uma de suas declarações ele deixou escapar: “Não sou um ateu total, todos os dias tento encontrar um sinal de Deus, mas infelizmente não o encontro…”. O que você pensa sobre isso?

Pedro Silva - Tenho a certeza absoluta que, tal como todas as grandes figuras da Humanidade, José Saramago será ainda mais biografado no futuro. E, com certeza, várias questões obterão a sua resposta. Uma delas será efectivamente sobre se o escritor seria um ateu total ou apenas um brilhante intelectual que dedicou a sua vida a questionar-se sobre os grandes mistérios da vida. O tempo dirá qual a resposta.

INPR Brasil - Como Portugal reagiu ao saber que José Saramago havia falecido?

Pedro Silva - Todo o país sentiu enorme comoção. José Saramago, para além de brilhante escritor, Nobel da Literatura e uma das figuras mais conhecidas pelo mundo afora, era um português e a nação sentiu, naturalmente, a perda de uma mente brilhante. Justamente, obteve as honras de Estado que uma figura intelectual da sua craveira merece. E foi decretado um luto nacional de dois dias.

INPR Brasil - Faça a sua última análise sobre José Saramago

Pedro Silva - O escritor português José Saramago é uma figura inspiradora para os outros autores de língua portuguesa, visto que logrou obter a imortalidade literária que tantos ambicionam.




Johnny T. Bernardo
do INPR Brasil









Ensaio sobre José Saramago e o fenômeno religioso

(…) até que, como de costume, tudo termina num buraco, no caso das formigas lugar de vida, no caso dos homens lugar de morte, como se vê não há diferença nenhuma…" José Saramago

Desde os tempos mais remotos até os nossos dias, ritualidade e religiosidade entranham-se como parte intrínseca na alma humana. O homem é em sua essência um ser religioso e obstinadamente tendenciado através de ritos, aproximar-se de entidades superiores. São fenomenos percebidos claramente em todas as sociedades, seja na mais tribal, como também, na mais evoluída. Aliás, os fenomenos religiosos da nossa assim denominada "pós-modernidade" são em sí um fator que cresce em escala nunca antes vista, reafirmando que a cada dia o homem procura experiências espiritualistas!

Fenomeno pode ser definido como “tudo o que está sujeito à ação dos nossos sentidos, ou que nos impressiona de um modo qualquer, física,moralmente ou espiritualmente!”

Começar esta coluna com um “Ensaio sobre José Saramago e o Fenomeno Religioso”, torna-se pertinente, pois o falecimento dias atrás do escritor maior da lingua portuguesa e inimigo ferrenho da fé, estimula mais ainda o assunto!

Saramago declarou: “Não sou um ateu total, todos os dias tento encontrar um sinal de Deus, mas infelizmente não o encontro…”

José Saramago, novelista e jornalista, declarado ateu e socialista, nasceu em 1922. Sua obra "O Evangelho Segundo Jesus Cristo" faz parte das mais de 600 obras escritas sobre a vida de Jesus.

O escritor português disse que o inferno "nunca teve nada a ver com a religião". "Para mim, sustentou ele:

…o inferno é este planeta onde vivemos, onde sofremos…
Ele disse que o “fenômeno religioso” sempre o interessou.

Declarou:

-"As pessoas têm necessidade de acreditar em algo que as transcendem e que vai mais além, que é uma forma de tratar de equilibrar os desastres do mundo"…

Autor de muitas obras e Nobel da Literatura é um ícone da cultura portuguesa, elevando a nossa lingua mãe no mais alto degrau no pódium da literatura. É inegável a contribuição intelectual de Saramago não só na cultura portuguesa, como mundial!

Crítico da Bíblia, da Fé e de Deus, Saramago amargou e destilou em sua alma uma revolta viceral contra tudo que se chama Deus, mas não o fez apenas na esfera da confissão cristã: fê-lo também contra outras confissões religiosas.

Lembro-me nos tempos da Universidade de ler um texto de sua autoria que ele tematizou: “O Fator Deus”.

Segue abaixo algumas partes de seu comentário…

“Já foi dito que as religiões, todas elas, sem exceção, nunca serviram para aproximar e congraçar os homens, que, pelo contrário, foram e continuam a ser causa de sofrimentos inenarráveis, de morticínios, de monstruosas violências físicas e espirituais que constituem um dos mais tenebrosos capítulos da miserável história humana. Ao menos em sinal de respeito pela vida, deveríamos ter a coragem de proclamar em todas as circunstâncias esta verdade evidente e demonstrável, mas a maioria dos crentes de qualquer religião não só fingem ignorá-lo, como se levantam iracundos e intolerantes contra aqueles para quem Deus não é mais que um nome, nada mais que um nome, o nome que, por medo de morrer, lhe pusemos um dia e que viria a travar-nos o passo para uma humanização real. Em troca prometeram-nos paraísos e ameaçaram-nos com infernos, tão falsos uns como outros, insultos descarados a uma inteligência e a um sentido comum que tanto trabalho nos deram a criar. Disse Nietzsche que tudo seria permitido se Deus não existisse, e eu respondo que precisamente por causa e em nome de Deus é que se tem permitido e justificado tudo, principalmente o pior, principalmente o mais horrendo e cruel.(…)”

A grande questão é que Saramago parece generalizar a religião e colocar Deus como uma entidade criada no imaginário coletivo e, sendo assim, o grande protagonista de todas as mazelas da vida!

Quanto a sua declaração, que não era ateu total e que buscava Deus todos os dias, porém não o encontrava, revela acima de tudo que sua alma tinha fome. Sim! Sua declaração revela na verdade a necessidade mascarada que Saramago possuía em suas entranhas de um dia “ter um encontro com Deus”!

Sem desmerecer os valores e contribuições que Saramago proporcionou à literatura, lembro-me de uma afirmação simples mas muito verdadeira em sua essêncialidade: “Deus sem o homem continua sendo Deus, o homem sem Deus é nada!”

O grande problema de Saramago foi catalisar toda a sua apologia contra Deus partindo do pressuposto das ações tiranas que em nome de Deus se fez durante toda a história. Diz ele em seu “Fator Deus”:

“Ao leitor crente (de qualquer crença...) que tenha conseguido suportar a repugnância que estas palavras provavelmente lhe inspiraram, não peço que se passe ao ateísmo de quem as escreveu. Simplesmente lhe rogo que compreenda, pelo sentimento de não poder ser pela razão, que, se há Deus, há só um Deus, e que, na sua relação com ele, o que menos importa é o nome que lhe ensinaram a dar. E que desconfie do "fator Deus". Não faltam ao espírito humano inimigos, mas esse é um dos mais pertinazes e corrosivos. Como ficou demonstrado e desgraçadamente continuará a demonstrar-se.”

Todo o leitor, ao ler qualquer obra de José Saramago onde questiona Deus e a fé, deverá interpretar a leitura à partir dessa hermenêutica acima - o “Fator Deus”. Sendo assim, compreenderá que toda a revolta de Saramago, assenta-se na questão dos crimes e mazelas que são cometidos em nome de Deus! Isso, porém, não isenta Saramago de sua opção, escolha e responsabilidade espiritual de rejeitar a realidade de uma fé genuína que revela e manifesta o único Deus de toda a terra!

Disse o néscio no seu coração: Não há Deus. Têm-se corrompido, e cometido abominável iniquidade (Salmos 53:1)

Saramago não só disse, como também escreveu!…




Ideberto Bonani

é formado em Ciência das Religiões pela Universidade Lusófona de Lisboa, diretor fundador da RETOS (Renovo: Escola de Treinamento de Obreiros), pastor da Igreja Batista Renovo de Porto, vice-presidente da Convenção Batista de Portugal, associado do ABAC (Associação Brasileira de Apologistas Cristãos) e assina a coluna Universo Religioso do INPR Brasil.










Ex-aliado de Valdomiro funda nova Igreja em São Paulo e já tem até programa de televisão

Considerado homem de confiança do bispo Valdomiro Santiago, Roberto Damasio - após se desligar oficialmente da igreja em 20/04/2010, por motivos ainda não revelados - inaugurou sua congênere a pouco menos de dois km da antiga casa. Localizada na Av. Rangel Pestana, n° 2345 no bairro do Brás (SP), a Igreja Mundial Renovada segue o mesmo padrão da igreja mãe, mas com uma ênfase maior em milagres. Por ocasião da inauguração (que se deu há apenas um mês do anúncio da saída do bispo Roberto da IMPD, no dia 29/05), houve milagres e consagrações.




O site Vertical Gospel lembra que a igreja Mundial Renovada é uma dissidência da igreja Mundial do Poder de Deus, que, por sua vez, é uma dissidência da igreja Universal do Reino de Deus. Na década de 1990, Valdomiro Santiago era um dos bispos mais influentes da Universal e apresentava programas religiosos da Rede Record. Em 1998, em decorrência de divergências com a direção da igreja por não concordar com algumas práticas realizadas na Universal, Valdomiro fundou a igreja Mundial do Poder de Deus. O nome é uma referência à Universal do Reino. O nome Mundial Renovada também é uma alusão à Universal.

Parece mentira, mas com apenas um mês de existência, a IMR já possui até programa de televisão. O programa foi ao ar ontem (19), na NGT. Na ocasião, além da já conhecida Teologia da Prosperidade, o bispo Roberto passou um trecho da inaguração da Igreja e conclamou mil contribuintes a enviarem ofertas para a manutenção do programa. O programa destaca ainda o poder "miraculoso" do bispo sobre os possessos por demônios e os enfermos.

Se auto-proclamando o "bispo dos aflitos e desesperados", Roberto Damasio promete que sua igreja irá transformar São Paulo.




por Johnny T. Bernardo
do INPR Brasil








Adeus Saramago: Deus te espera para uma conversa

O mundo perdeu hoje (18) uma das mentes mais brilhantes e, ao mesmo tempo, mais críticas dos últimos tempos. José Saramago morreu aos 87 anos negando até o último segundo a existência de Deus.

O mais cético dos céticos. De fazer inveja até mesmo em Dawkins.

Morreu em uma ilha paradisíaca, desejada por milhares de intelectuais cansados do dia-a-dia das grandes cidades. Quem dera eu, pobre mortal que sou, pegar meus livros, minhas gurias e me isolar em uma ilha como às Canárias, não para refletir e/ou entrar em estado zen, mas para sentir a paz de uma cidade sem arranha-céus, sem trânsito nas marginais, sem mega-shows. Apenas as montanhas, as praias limpas e cristalinas, a floresta perfeita e em harmonia, a fauna, o ar...

Saramago conquistou prêmios literários, viajou o mundo inteiro, foi aclamado por portugueses, brasileiros e americanos, mas morreu sem Deus, sem certeza de salvação.

Deus o espera nos céus, não no interior dos céus, mas na entrada.

Ao lado de Deus está Antony Flew, um dos maiores céticos que abandonou o humanismo com todas as suas artes para depositar sua confiança em Deus. Anos de pesquisa o levaram apenas a uma conclusão óbvia: Deus existe - yés, has Science Discovered God (sim, a ciência descobriu Deus). Deus existe - Antony descobriu que sim. Partiu para a glória. Agora está com Deus.

Agora, diante dos portais celestes, Saramago observa sem poder entrar na grande cidade de Deus.

Deus o convida a olhar para o universo, como tudo funciona perfeitamente e em harmonia; como os planetas obedecem cada um a órbita do outro, como as estrelas aquecem e iluminam o espaço. Ordena então que olhe para a Terra, a morada de mais de 6 bilhões de seres humanos, criados a imagem de Deus, perfeitos, reprodutores, inteligentes. Observa como os mares obedecem os limites que as praias impõem, como tudo funciona no seu devido lugar.

Mas já é tarde demais. Saramago já escolheu seu caminho. O tempo para ele já findou. Seu lugar não é o céu. Deus reservou para ele outro lugar, um lugar real e assustador.

Mas Deus espera que os demais que ficaram na Terra, que apesar das dificuldades e descrença de muitos, aceitem-no como salvador. Somente assim poderão entrar nos portões celestes e ter acesso a todos os mistérios do universo.

Aos que ficam, nossa oração. Aos que foram, nossa esperança. Aos que virão, nosso conselho.

Que Deus tenha misericórdia da raça humana!



por Johnny T. Bernardo
do INPR Brasil






Revista Povos

Revista Apologética Cristã

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