Médica de SP afirma "curar" enfermos com ajuda de espíritos e ETs

Após sair de uma clinica de Santo André - onde passei por uma bateria de exames -, me dirigi a uma banca de jornal para adquirir o meu exemplar do Diário do Grande ABC e me inteirar das notícias da região. No entanto, o que me chamou a atenção ao chegar à banca não foi as falcatruas de alguns políticos conhecidos de nós mauenses, mas uma matéria de capa de um jornalzinho chamado Meia Hora. A matéria, cujo título "Médica Cura com ajuda de ETs e espíritos" faz referência a médica Mônica de Medeiros que, segundo o jornal, toda terça-feira, no número 75 da rua Guapiaçu, em Mirandópolis, zona sul de SP, atende centenas de pessoas que madrugam diante de um portão azul em busca de "cura". O portão azul é o endereço da Casa do Consolador, definido por Mônica como um Centro Universalista, sem religião definida, que atende cerca de 7 mil pessoas por mês com base no que ela chama de ‘fraternidade universal’. [1]

Na fila, à espera de um atendimento, há dezenas de pessoas, na maioria idosas. Uma reclama de problemas no pulmão e disse que descobriu o centro por causa de uma vizinha. Já outra deu a certeza de que tinha sido "curada" de um grave problema na coluna. Além de doentes, outras pessoas procuram o centro querendo ajudar parentes, amigos e até animais de estimação. [2]

Cirurgiã formada pela UNICAMP e com especialização nos EUA, Medeiros atende no centro com o pseudônimo de Shellyana, uma extraterrestre que "vive" na constelação de Plêiades. Ela afirma ser guiada por inúmeros espíritos, dentre os quais o "Dr. Espanhol" e também por extraterrestres. Há inúmeros vídeos na internet onde a médica apresenta a medicina extraterrestre.

Medeiros conta que começou a ter "contato" com ETs em uma viagem ao Arizona (EUA) em 2003. Tempos depois, em Peruíbe (SP), declarou a um grupo de 189 pessoas - que se reuniram para ouvir a médium na Casa do Consolador - que ela fazia "contato" com ETs. Foi quando que, segundo ela, o grupo teria "presenciado" um espetáculo aéreo feito por discos voadores. Após isso, decidiu abrir um centro em SP e atender gratuitamente crianças e adultos vítimas de doenças físicas e emocionais.

Segundo apurou o Jornal da Tarde, há quem diga que já tomou vacinas contra a gripe aviária produzidas por extraterrestres, distribuídas gratuitamente. Outros levaram suas crianças para passar por uma mudança de DNA, sob a promessa de adquirir imunidade contra todos os tipos de doenças. Devido a isso, o Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) abriu em junlho uma sindicância para apurar a tal medicina extraterrestre. Questionada sobre a prática, a médica se defendeu ao dizer que jamais prometeu cura a ninguém, que incorpora o espírito do "Doutor Espanhol" e que as vacinas que foram doadas nada mais são do que "águas fluidificadas". Quanto à extraterrestre Sheillyana, não é feita uma incorporação, mas sim uma canalização de energia. “Não é possível incorporar seres de outras dimensões. O DNA é diferente”, justifica. [3]




Apesar de suas declarações, um vídeo obtido pelo Jornal da Tarde mostra a médica Mônica de Medeiros explicando o funcionamento e os benefícios do que ela chama de medicina extraterrestre. No vídeo da palestra – que foi dada em Cambuquira, Minas Gerais, há três anos – a médica diz que o atendimento com ETs passou a ser feito em 1º de janeiro de 2004.

Mônica de Medeiros diz no vídeo que a medicina extraterrestre cura mais rapidamente que o trabalho de incorporação com espíritos. “A cura é imediata porque eles mexem na energia do corpo astral e mental”, disse a palestrante.

Durante o vídeo, a médica faz comparação entre os atendimentos feitos pelo espírito de um médico conhecido entre os frequentadores como ‘Dr. Espanhol’, que também atende na Casa do Consolador, com os de Shellyana.

Segundo ela, a cura nos casos do espírito ficam em torno de 85% a 86% e as feitas pela extraterrestre têm índices de 97% a 98%. A palestrante conta que esses cálculos são feitos com base nos retornos dos pacientes.

Durante a palestra, a médica disse que os extraterrestres têm o poder de interferir no DNA humano e por isso conseguem tanta eficiência na cura de doenças autoimunes – entre elas, cita a aids. “Estamos com uns mil casos de aids com cura sorológica por causa dessa intervenção que eles fazem no DNA”. [4]

O dizer a respeito? O Centro Consolador, assim como o consultório da Vovó Júlia e as terapias de regressão promovidas em hoteis do estado pelo terapeuta Amadeu Wolf, mostram como quão alienadas as pessoas estão do verdadeiro Evangelho de Cristo. A vida atribulada da megalópole tende a levar muitas pessoas à busca de soluções não convencionais para seus problemas e transtornos. Assim acontece em Nova York e em inúmeras outras cidades do Brasil e do mundo.

Notas

1. Meia Hora, 23/12/20010, edição 6, número 1.903, pág. 10
2. Ibidem
3. Jornal da Tarde, 16/09/2010
4. Jornal da Tarde, 17/09/2010




por Johnny T. Bernardo
do INPR Brasil





A grandeza do Evangelho e o evangelicalismo brasileiro

A principal evidência de que uma comunidade cristã absorveu o espírito do Evangelho é quando sua mensagem começa a modifica a vida comum da sociedade.

Respondendo a pergunta sobre o fato dos cristãos estarem ou não remindo a cultura nacional, o escritor Valmir Nascimento Milomem respondeu: "Depende se esse crescimento dos “evangélicos” será simplesmente numérico ou também qualitativo. Depende se os “evangélicos” resistirão ou não aos apelos do relativismo moral e do pluralismo ideológico da pós-modernidade. Depende se os “evangélicos” manterão a identidade. Depende se os “evangélicos” utilizarão a fé somente nos finais de semana ou também em todos os aspectos da sociedade. Depende se os “evangélicos” professarão a fé por questão de convicção ou de conveniência. Em outras palavras, o crescimento numérico dos evangélicos provocará mudanças positivas dentro da sociedade somente se realmente for adotado uma postura de vida essencialmente alicerçada nos princípios imutáveis da Bíblia."

De fato muitas transformações dependerão da consciência e atitude da Igreja em relação ao Evangelho e a sociedade. O modelo bíblico da Igreja apostólica revela-nos uma comunidade cristã comprometida e preocupada tanto com a qualidade de vida interna, como também com a expansão e influência externa – além dos portões.

De modo que, o avanço sistemático da Igreja é um principio e ordenança divina. Porque contentar-se apenas com o crescimento numérico de cristãos nos cultos dominicais, enquanto, podemos ver o Evangelho penetrando em todas as camadas da sociedade? Porque não acreditar que o Evangelho pode curar a maneira adoecida e equivocada de se fazer política no Brasil? Porque não acreditar que a cultura, a literatura, e as mentes pensantes de nossa nação podem ser transformadas pelo Evangelho?

Seria extraordinário ver o Evangelho recondicionando os modus operandis da política nacional, transformando-a em um novo modelo de justiça e igualdade. Imagine como seria ver a sociedade livre dos altos índices de violência, roubo, homicídio, e suicídio? Como seria acordar um dia e encontrar uma cidade mais saudável, equilibrada, e livre? Qual seria a sensação de abrir o jornal e não encontrar mais as calamidades que assolam as nações? Tudo isso é possível quando o espírito do Evangelho torna-se realidade nos corações!

Porém, o meu lamento é não conseguir vislumbrar em muitas “lideranças eclesiásticas” o mesmo sentimento do Evangelho de Cristo, mas infelizmente assistir periodicamente uma liderança (pelo menos televisiva) que aterroriza e subjulga cristãos em manhãs de sábado com abordagem de temas irrelevantes, político, religioso e narcisista.

Quem assistiu nesses dias o terror ocorrido no Rio de Janeiro (na tomada da polícia do morro dos alemães) um desses televangelistas convocar o povo evangélico para um momento de oração coletiva, com a mesma veemência que eles lutam pelos seus candidatos políticos, ou quando estão vendendo bíblias ou livros? Eu não assisti e você? O estado de apatia é lamentável - um dia antes da invasão do morro dos alemães, essas lideranças evangélicas continuavam vendendo seus apetrechos sagrados, brigando entre si, e defendendo o seu nicho evangélico na televisão. È no mínimo patética essa realidade, para não dizer diabólica. Como iremos viver a realidade do Evangelho de maneira coletiva, enquanto cristãos são diariamente contaminados e recrutados no financiamento deste evangelicalismo deformado?

Insisto em acreditar que a Igreja não estará cumprindo de fato a sua missão, enquanto, apenas os templos religiosos estiverem abarrotados de pessoas ávidas pela prosperidade material, pacificação emocional ou qualquer outra motivação que não seja pela realidade de viver o Reino de Deus e a sua justiça. O Evangelho almeja modificar desde os mais sutis movimentos da vida até os grandes sistemas e processos existenciais.

O número de pessoas que estão vivendo apenas na periferia dos portões do Reino é alarmante. Esses indivíduos chegam até a contemplar a beleza e a perfeição do Reino, mas ainda estão vivendo em barracas e acampamentos do lado de fora.

Precisamos acreditar e promover a grandiosidade do Reino de Deus com a consciência na eternidade e a urgência imediata na prática do bem, liberdade e amor através do Evangelho.




por Samuel Torralbo

é escritor, ministro do Evangelho, autor da obra "Em Defesa da Igreja" (Ed. Pathos) e colunista do INPR Brasil








Onde está a verdadeira cruz de Cristo?

Jesus nos ensina o caminho para o Reino: “Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, e tome cada dia a sua cruz, e siga-me” Lc 9:23. Seguir a Cristo nesta terra nos credencia a segui-lo para além desta terra, na eternidade.

A cruz de Cristo é feita apenas com dois pedaços de madeira rústicos. Não é de madeira nobre, como mogno ou imbuia, e muito menos tem entalhes ornamentais ou tem suas rebarbas retiradas ou foi lixada para ser suave ao toque.

Na verdade, tocar na cruz de Cristo é uma experiência estranha e que não tem prazer no ato em si. Carregá-la então, para a mente humana não regenerada pelo amor de Cristo é carregar um peso morto, algo que beira o masoquismo.

Agora, para os filhos de Deus, remidos pelo sangue de Cristo que foi derramado exatamente nesta cruz áspera, escandalosa e sem beleza alguma, deveria trazer gozo e alegria tomar a cruz que nos é proposta, não pela cruz em si, mas pelo servir a Cristo, pelo seguir sua instrução e pela compreensão espiritual da cruz como o caminho para o Reino.

É triste percebermos que há muitas outras cruzes no arraial cristão e que, tal como um celular Xing ling quer imitar um iPhone, estas falsas cruzes tentam imitar a cruz que Cristo nos propõe.

E há cruzes para todos os gostos, tipos e bolsos.

Uma é diminuída em seu tamanho, para ser mais leve e fácil de carregar. Esta cruz mutila a Bíblia, eliminando dela todo o compromisso que a vida cristã querer.

Outra é aumentada para parecer mais pesada do que realmente é tendo em vista que o que carrega tal cruz julga-se merecedor da salvação por carregar mais peso que os outros e, pior ainda, condena os que não têm uma cruz tão grande nas costas. Não é difícil de reconhecer o carregador deste tipo de cruz, pois está sempre fazendo sacrifícios tolos para buscar aprovação em Deus para seu coração endurecido. Busca trilhar o caminho maldito da auto-salvação e, em algum ponto da estrada esbarra no muro da frustração.

Há ainda a cruz que só tem aparência: tem cor de madeira, tem cheiro de madeira, parece rústica e tem até sangue escorrendo por ela. Parece cruz, mas é falsa, é cinematográfica, é fake, cruz de isopor que tenta enganar os homens, mas não é capaz de enganar a Deus. Qualquer vento de doutrina vai quebrá-la e espalhar seus pedaços, revelando seu interior.

Creio não conseguir enumerar todos os tipos de pseudocruzes no meio cristão, mas não posso deixar de citar a cruz da aceitação. Este tipo de cruz é lixada e antes teve todas as rebarbas removidas, sendo bem suave ao toque. Geralmente é envernizada ou pintada com alguma cor da moda. Esta cruz precisa ser assim para que quem a carrega seja aceito em seu meio, seja na escola, no trabalho, com amigos ou família. Em seu interior até tem a mesma qualidade de madeira da cruz de Cristo, mas recebeu muitos retoques e embelezamento externo para facilitar sua aceitação. Quem carrega tal cruz retira as rebarbas da condenação do pecado para que possa continuar com sua vida da mesma forma de outrora, mas com uma aparência gospel, lixa-a para aliviar a aspereza do negar-se a si mesmo e a pinta ou enverniza para dar uma aparência agradável para que outros até topem carregar uma cruz bonitinha assim, imaginando com isto cumprir o verdadeiro IDE.

A cruz de Cristo é uma experiência radical, que nos muda radicalmente. Só a verdadeira cruz tem o poder de nos conduzir à essência da Verdade, que é Cristo Jesus.

Se nos dedicarmos a qualquer outra cruz que não a autêntica corremos o risco de, em vez de sermos salvos pelo sacrifício de Jesus na cruz, sermos nós mesmos crucificados nesta cruz fajuta, que nada tem a ver com a cruz de Cristo.



por Giuliano Barcelos
do NAPEC para o INPR Brasil






A cultura do Reino de Deus e as subculturas eclesiásticas

A capacidade de produzir cultura é uma das coisas que torna a humanidade diferente de todo restante da criação. Um povo sem cultura certamente será uma civilização sem história. De forma resumida, a cultura de uma nação é construída através das experiências vivenciadas nas formas de pensamentos, hábitos, comportamentos, linguagens, artes, e organizações sociais. Portanto, se é certo afirmar que, cultura é o resultado das manifestações e experiências vividas por uma comunidade, logo a Igreja como um fenômeno histórico também desenvolveria sua própria cultura.

Deste modo, inconscientemente um cristão sempre estará envolvido no mínimo com três formas de culturas: (1) Social, (2) Igreja-instituição (3) Reino de Deus.

Na cultura brasileira, certamente encontraremos elementos positivos, como por exemplo – culinária, arte, música, e festas que são marcas caracteristicas do nosso povo. Porém, misturada ainda à cultura nacional estão infelizmente agregados inúmeros elementos negativos, como a passividade diante da corrupção, paganismo, idolatria, ou carnaval que são expressões características de nossa cultura, mas que efetivamente contradiz a cultura do Reino de Deus.

Ainda refletindo sobre as possíveis formas de culturas, quando nos propomos a conhecer as culturas ou subculturas denominacionais, descobrimos que são infinitas as formas de linguagem, vestimentas, ou liturgias expressadas por inúmeros segmentos dentro do meio evangélico. O objetivo não é criticar ou valorizar as subculturas da igreja, mas elucidar que elas não podem ser comparadas com a cultura do Reino de Deus. O lamento característico por parte daqueles que conseguem fazer distinção entre a cultura do Reino de Deus e as subculturas das igrejas é perceber que muitos cristãos valorizam mais suas culturas locais (gerando divisão e preconceito), do que a própria cultura do evangelho do Reino de Deus.

Quanto prejuízo já foi provocado por causa de questões relacionado à vestimenta, linguagem, liturgia, ou comportamento estritamente cultural? Conheço inúmeras pessoas que estão fora da igreja porque foram envergonhadas, excluídas e abandonadas por causa da roupa que vestia ou linguagem que falava. São inúmeros os problemas desta natureza. È óbvio que toda igreja desenvolverá sua própria cultura no contexto histórico, mas pessoalmente prefiro o modelo cultural do Reino de Deus ensinado por Cristo Jesus. De modo que, acho extremamente válido citar no mínimo dois elementos da cultura do Reino de Deus, para uma melhor compreensão:

(1) Linguagem. Tanto a linguagem objetiva como a subjetiva expressada por Cristo, promoviam o bem comum de todos os homens, ao mesmo tempo, que denunciava o ódio, a violência e a discriminação em todos os níveis. Com isto, Deus estava estabelecendo através de Cristo a linguagem universal, contida dentro da cultura do Reino dos céus – a linguagem do amor.

Essa linguagem quando adotada como cultura por qualquer individuo, pode subjugar e aniquilar a linguagem da morte, da injustiça e do sofrimento.

Quem não conhece a linguagem do amor? Assim, todo discípulo do Reino de Deus, teria acesso a tudo e a todos, porque a linguagem do amor destruiria as barreiras, descomplicaria a vida e restabeleceria os vínculos humanos.

(2) Relacionamento. Ainda, dentro da cultura do Reino de Deus, encontramos nos evangelhos o modelo de relacionamento ideal e desafiador para um mundo hostil, onde predomina a lei do cão. Os conflitos, guerras e hostilidades comuns na história da humanidade seriam substancialmente eliminados, caso a cultura relacional do Reino de Deus fosse respeitada e praticada - “ Mas não sereis vós assim; antes o maior entre vós seja como o menor; e quem governa como quem serve.” Lc 22. 26

Seria impossível não estabelecer vínculos relacionais verdadeiros e duradouros, partindo da cultura de considerar o próximo com maior significado e importância.

Poderíamos citar outras expressões culturais do Reino de Deus, como por exemplo - comportamento ético, formas de pensamento, e outras, mas apenas com a reflexão acima nas duas formas culturais existentes no Reino de Deus (linguagem e relacionamento), já é possível observar a disparidade existente entre a cultura do Reino, quando comparada a qualquer outra forma de cultura.

Estou persuadido de que, quando os cristãos começaram a conhecer e a valorizar a cultura do Reino de Deus, as subculturas denominacionais não deixarão de existir, mas serão conhecidas apenas como uma simples expressão histórica secundária característica da igreja local. E assim, o mundo poderá conhecer não a subcultura local da igreja (muitas vezes cheia de defeitos ou preconceitos), mas descobrirá a grandiosidade da cultura do Reino de Deus, cheia de amor, dignidade e igualdade.




por Samuel Torralbo

é escritor, ministro do Evangelho, autor da obra "Em Defesa da Igreja" (Ed. Pathos) e colunista do INPR Brasil






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