A Abóboda Inexpugnável Mórmon

Chamada por Jimmy Swaggart de "abóboda inexpugnável" (abóboda é uma construção em forma de arco), o empreendimento que custou cerca de 2 milhões de dólares aos cofres mórmons e que localiza-se a 32 quilômetros de Salt Lake City foi construída entre os anos de 1958 e 1963. Com seis aberturas no lado norte do Canyon, escavadas a 600 metros de profundidade, a abóboda dispõe de escritórios, laboratórios de processamento de microfilmes, câmaras de armazenamento de dados, casas de envio e docas.

Depois dos laboratórios, as câmaras são as mais importantes dentre os departamentos do quartel general mórmon. Com cerca de 190 metros de cumprimento cada uma e com portas que pesam 14 toneladas, as seis câmaras são acessadas por uma entrada principal e duas menores e foram projetadas para resistir a uma explosão nuclear. Objetivo? Servir de abrigo para os microfilmes genealógicos e outros registros da igreja.

A preservação e pesquisa genealógica é uma constante no Mormonismo que investe milhões todos os anos. As informações contidas nos microfilmes advêm de pesquisas em bibliotecas, igrejas, órgãos governamentais e se referem ao nascimento, casamento, óbito de inúmeros indivíduos. O processo de preservação dos originais por microfilmes começou em 1930 pela Sociedade Genealógica de Utah, entidade criada pelo Mormonismo em 1894. Em 1940, a tecnologia passou a ser usada em bibliotecas da Inglaterra, Dinamarca, Holanda, País de Gales, Noruega, Itália etc.

Com o crescimento do número de microfilmes produzidos a partir de Utah, que em 1950 chegaram a 100.000 rolos, foi proposta a ideia de construção de um abrigo subterrâneo onde os rolos seriam ao mesmo tempo produzidos e armazenados. Foi assim que, em 1963, foi concluída a construção do bunker. Sessenta e cinco pessoas se revezam na administração do local, realizando tarefas que envolvem duplicação de microfilmes, masterização de impressão e conversão de microfilme para tecnologia digital.




De acordo com a Biblioteca de História da Família e da Sociedade Genealógica de Utah, há em torno de 2,4 milhões de rolos de microfilmes disponíveis nos subterrâneos da montanha. Embora o acesso ao local não seja aberto ao público, a Igreja desenvolveu um sistema em que qualquer pessoa, de qualquer lugar do mundo, possa acessar os arquivos através dos centros de história da família ou por meio da página familysearch.org. No Brasil, o principal centro de pesquisa foi inaugurado em 1984, no bairro do Morumbi (SP). Em Portugal, há em torno de 20.

As genealogias estão no cerne da crença mórmon. Desde que foi estabelecido o batismo pelos mortos (ou batismo por procuração), os mórmons perceberam a necessidade de conhecer seu próprio passado como forma de "salvar" seus ancestrais. No livro "Ensinamentos dos presidentes da Igreja", Heber J. Grant faz o seguinte comentário sobre o trabalho de compilação de genealogias.

"A partir da época da visita de Elias, o profeta, restaurando as chaves que ele possuía e voltando o coração dos filhos aos pais [ver D&C 110.13-15], tem-se observado, no coração das pessoas de todo o mundo, o surgimento de um desejo de aprender sobre seus antepassados.

Os homens e mulheres de todo o mundo têm organizado sociedades, procurado dados de seus antepassados e compilado registros genealógicos de seus familiares. Têm-se gasto milhões de dólares com essa finalidade. Já conversei diversas vezes com homens que despenderam grandes somas para coligir um registro de seus antepassados, e depois de terminarem, quando alguém lhes perguntava o motivo de tal empreitada, eles respondiam: "Não sei; fui impelido por um desejo incontrolável de compilar esse registro e de investir financeiramente nisso. Agora que terminei, não tenho nenhum uso especial para ele". Os santos dos últimos dias dão a esse tipo de dados um valor inestimável.

Oro para que o Senhor nos inspire a todos para que tenhamos maior diligência ao realizarmos com todas as nossas forças os deveres e labores que nos cabem no tocante à obra vicária por nossos antepassados (...) Quando buscamos com sinceridade, ano após anos, conhecer sobre nossos familiares que morreram sem o conhecimento do evangelho, tenho certeza de que o Senhor nos abençoa para que tenhamos êxito". Grant concluiu dizendo que "a salvação dos mortos é um dos propósitos da restauração do evangelho eterno e do restabelecimento da Igreja de Jesus Cristo nesta época".

De acordo com Mario Silva, diretor responsável pela coleta das informações genealógicas na região que abrange Brasil, Argentina, Chile, Paraguai e Uruguai, "na doutrina da Igreja, os relacionamentos familiares são eternos, não acabam com a morte. Daí a importância de as pessoas conhecerem a fundo a origem de suas famílias".


Johnny Bernardo

é pesquisador, escritor, jornalista, colaborador da revista Apologética Cristã, do jornal norteamericano The Christian Post, do NAPEC (Núcleo Apologético Cristão de Pesquisas), palestrante e fundador do INPR Brasil (Instituto de Pesquisas Religiosas). Há mais de dez anos se dedica ao estudo de seitas e heresias, sendo um dos campos de atuação a religiosidade brasileira e seitas do mal.

É também o autor da matéria “Igreja Dividida, as fragmentações do Catolicismo Romano”, publicada no final de 2010 pela Revista Apologética Cristã (M.A.S Editora). Assina também a coluna Giro da Fé da referida revista.

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Entrevista com F. Fernandes, autor de Em Busca de Vera Cruz

F. Fernandes é Engenheiro Mecânico, especialista em Cavaleiros Templários e autor de Em Busca da Vera Cruz. Nesta entrevista o autor fala sobre o livro e assuntos relacionados às cruzadas católicas.

INPR Brasil - Você é católico?

F. Fernandes - Tecnicamente sim, pois fui batizado na Igreja Católica Apostólica Romana, mas não sou praticante.

INPR Brasil - Qual é o seu escritor preferido?

F. Fernandes - Não tenho um autor preferido, mas os autores que me inspiram são Umberto Eco, Ken Follet, Bernard Cornwell e Agatha Christie.

INPR Brasil - Como você se define?

F. Fernandes - Costumo dizer que sou um Engenheiro muito Humano. Sou formado em Engenharia Mecânica, mas sempre fui louco por história e por leitura. Acho que essas características contribuíram muito para que eu chegasse a escrever o livro Em Busca da Vera Cruz, a saga de um templário.

INPR Brasil - Quando começou o seu interesse pelos Templários?

F. Fernandes - Para ser preciso, foi em 1999. Naquela época eu era sócio do Círculo do Livro e certo dia eu vi que eles estavam vendendo o livro Templários: Os cavaleiros de Deus, de Edward Burman. Comprei e me encantei com a história desses cavaleiros e o mistério que sempre envolveu sua história. Daí então eu fui me embrenhando cada vez mais nos livros ligados aos Templários.

INPR Brasil - Do que trata o livro Em Busca da Vera Cruz?

F. Fernandes - É um romance que se passa em meio a Terceira Cruzada. A Terceira Cruzada acontece historicamente logo após a perda de Jerusalém para o sultão Saladino. Eu tenho como mote do romance a recuperação da Vera Cruz tomada pelos sarracenos na batalha de Hattin, fato também histórico. Todavia, eu aproveitei este mote para romancear uma aventura onde Elísio, um cavaleiro templário, juntamente com dois companheiros se aventuram pelos desertos da Palestina para recuperar a cruz para a cristandade. Neste ínterim acontecem muitas aventuras, inclusive o romance proibido de um templário com uma sarracena.

INPR Brasil - Quanto tempo você levou para escrever o livro?

F. Fernandes - Acho que comecei a escrever este livro há quase dez anos, desde o momento em que tomei contato com a história dos templários, mas resolvi começar o meu projeto de livro há cerca de três anos. Vamos considerar então que para escrever, pesquisar e lançar o livro foram três anos.

INPR Brasil - Você pretende escrever um novo livro sobre o assunto?

F. Fernandes - Certamente. Tenho uma ideia de fazer a continuação do livro Em Busca da Vera Cruz, a saga de um templário, mas quero primeiro ver os frutos desse projeto antes de continuar outro.

INPR Brasil - O que foram as Cruzadas?

F. Fernandes - A definição mais simples e direta que encontrei para as Cruzadas foi no site www.discoverynaescola.com. Lá as Cruzadas são definidas da seguinte forma: Campanhas militares que tiveram lugar entre os séculos XI e XIII contra os muçulmanos para a reconquista da Terra Santa?

Em teoria, as Cruzadas foram instituídas para recuperar o Santo Sepulcro que estava nas mãos dos islâmicos que profanavam o lugar sagrado onde viveu Jesus. Na prática foi um movimento de fundo econômico-social. O sistema feudal na Europa estava em colapso e havia uma necessidade urgente de expansão das terras, que eram limitadas devido ao feudalismo. Assim os descendentes dos senhores feudais viram uma ótima oportunidade com a conquista do Oriente Médio, posto que, por acordo, os cruzados poderiam tomar posse das riquezas daqueles que eles combatiam.

Como eu escrevi em meu site embuscadaveracruz.com.br, as cruzadas foram menos românticas do que vemos nos filmes. Relatos informam que após a conquista de Jerusalém pelos Cruzados, em alguns pontos da cidade a quantidade de sangue nas ruas chegava até os tornozelos.

Segundo a tradição são consideradas nove Cruzadas sendo a primeira em 1096 e a última em 1272.

INPR Brasil - Qual foi a importância da Terceira Cruzada na composição de seu livro?

F. Fernandes - Foi fundamental. A Terceira Cruzada, ou Cruzada dos Reis, foi liderada pelos reis da Inglaterra Ricardo Coração-de-Leão (o mesmo das histórias de Robin Hood), pelo rei da França Felipe Augusto e pelo imperador do Império Romano-Germânico Frederico Barba Ruiva.

Esta cruzada foi organizada após a perda de Jerusalém para o sultão Saladino. Ele conseguira fazer o que muitos líderes islâmicos não haviam conseguido e reuniu um exército muito poderoso. Quase todas as cidades que estavam há mais de oitenta anos nas mãos dos cristãos (desde a conquista de Jerusalém em 1099 quando fora instituído o Reino Latino de Jerusalém) foram conquistadas.

Nesse processo de conquista das cidades cristãs houve uma batalha decisiva para as pretensões dos cristãos: a batalha de Hattin. Depois de cometerem muitos erros os cristãos foram derrotados pelas tropas sarracenas e a Vera Cruz, que sempre liderava os exércitos cristãos nas batalhas (eles nunca tinham perdido uma batalha quando tinham na sua frente a Vera Cruz) forma capturada por Saladino. Esta é a deixa para o meu livro, que a partir de fatos reais foi romanceado.

INPR Brasil - Você acredita que os templários estiveram no Brasil?

F. Fernandes - Esta resposta você pode encontrar em meu livro. Não vou estragar a surpresa, não é?

INPR Brasil - Como você define o escritor português Pedro Silva?

F. Fernandes - Pedro Silva influenciou muito na formação de minha obra. Sempre quis escrever um personagem de origem lusitana para formar o meu personagem principal, mas a literatura sobre os Templários em Portugal é muito escassa. Depois de bastante pesquisar encontrei o livro Templários em Portugal: a verdadeira história, onde pude seguir passo a passo os caminhos dos Cavaleiros do Templo na terra de Camões. Pedro Silva é bastante direto e assertivo e como um bom historiador, passa as informações tecnicamente e sem deixar levar-se por paixões o ideias pré-concebidas.

INPR Brasil - Faça um resumo do livro Em Busca da Vera Cruz

F. Fernandes - A Terceira Cruzada esta em pleno curso. A cidade de Acre acaba de ser conquistada pelas tropas de Ricardo Coração-de-Leão, rei da Inglaterra e de Felipe Augusto, rei da França. O rei da Inglaterra tenta negociar um acordo com Saladino, sultão da Palestina, promovendo a troca dos prisioneiros sarracenos pela Vera Cruz, relíquia que contém pedaços de madeira da cruz onde Jesus Cristo foi crucificado. O acordo é quebrado e o rei Ricardo manda decapitar todos os seus prisioneiros. Em represália, Saladino manda esconder a Vera Cruz. Em meio a esta disputa entra em cena o cavaleiro Templário Elísio de Lamego que com seus companheiros, o sargento Templário Edward de York e o sarraceno da seita dos Assassinos Yusuf ibn Rashid, é designado para recuperar a sagrada relíquia cristã.

Em sua jornada para a recuperação da relíquia, Elísio conhece a aventura, a traição, a disputa com a Ordem dos Hospitalários além de se apaixonar por uma sarracena e toda a missão poderá vir água abaixo.



Johnny Bernardo
do INPR Brasil




É evangélica a Igreja Sinos de Belém?

A Igreja Sinos de Belém é uma das poucas igrejas cuja história não é plenamente conhecida. Seita? Movimento Contraditório? Igreja Evangélica? São perguntas cujas respostas podem variar de acordo com o ponto de vista de cada leitor ou estudioso da religião. O uso do véu, a batina, a quipá (pequeno chapéu em forma de circunferência), o celibato etc., são aspectos que chamam atenção e que despertam a curiosidade sobre que tipo de igreja é o Sinos de Belém. Há quem acuse o SBMP (Sinos de Belém Missão das Primícias) de ser um meio caminho entre o catolicismo e a Congregação Cristã no Brasil.

Fundada em 1/6/1971, no bairro do Cambuci (SP), pelo missionário Josias J. Souza, o SBMP possui 200 templos espalhados por dez estados da Federação – o número de adeptos não é revelado. No interior de SP funciona, em uma área de 30 alqueires, o “Monte Santo”- uma espécie de local sagrado do SBMP que conta com uma igreja, trilhas e até mesmo um poço chamado pelos adeptos de “Tanque de Betesda” onde são realizados batismos. Em um vídeo promocional, o baiano Josias J. Souza compara o “Monte Santo” ao solo sagrado dos messiânicos (referência ao Solo Sagrado de Guarapiranga, protótipo do paraíso terrestre idealizado pelo fundador da Igreja Messiânica Mundial, Mokiti Okada).

Apesar da desconfiança de alguns pesquisadores, o SBMP se diz uma igreja evangélica, que possui um credo e uma liturgia semelhante às demais igrejas evangélicas – com exceção, talvez, da doutrina das primícias e da mistura de costumes, que envolve elementos do Catolicismo, Judaísmo e da Congregação Cristã no Brasil. No site oficial, a SBMP relaciona a falta de conhecimento do ministério como uma das causas da perseguição movida contra a doutrina das primícias.

“Pela falta de conhecimento ao nosso respeito, sofremos ao longo dos anos, algumas perseguições causadas por uma interpretação errada sobre a forma que conduzimos a obra de Deus. Embora o nosso dogma nos distinga de seitas, o fato de obtermos uma congregação de celibatários, carinhosamente classificados como “PRIMÍCIAS”, trás a discordância de alguns que têm o casamento como um mandamento imperativo em suas igrejas e, desprovidos de fé, não aceitam ou não crêem ser possível ao homem abster-se de relacionamento conjugal.”

A doutrina das primícias compreende uma defesa do celibato como parte da vivência cristã. A Igreja Sinos de Belém se diz possuidora do “verdadeiro celibato” – em uma oposição ao Catolicismo Romano, que desde 1074 proíbe o casamento aos sacerdotes. Apesar de sua defesa do celibato, nem todos os membros do ministério do SBMP são celibatários. A missão é restrita a uns poucos membros, como mensageiros, reverendas e evangelistas. Aos demais integrantes do ministério é dada a opção de se casar, como cooperadores, diáconos, presbíteros e pastores.

As primícias, da qual participam homens e mulheres, atuam como um grupo paralelo no SBMP. A vestimenta é caracterizada por um avental branco (no caso dos homens) e um avental branco acompanhado de um véu também branco (no caso das mulheres). Nos cultos, atuam na ministração de louvores, pregação e oração pelos membros.

Apesar do SBMP se dizer uma igreja evangélica e possuir um credo doutrinário compatível com a ortodoxia cristã, como a crença na divindade de Cristo e o arrebatamento da Igreja, a ênfase dada ao celibato, o sincretismo de costumes e o uso de uma liturgia extravagante e por vezes estranha ao praticado pelas igrejas evangélicas tradicionais, gera suspeita e coloca os pesquisadores em alerta sobre que tipo de igreja é o SBMP e os rumos que ela poderá tomar nos próximos anos.


Johnny Bernardo

é pesquisador, escritor, jornalista, colaborador da revista Apologética Cristã, do jornal norteamericano The Christian Post, do NAPEC (Núcleo Apologético Cristão de Pesquisas) e fundador do INPR Brasil (Instituto de Pesquisas Religiosas). Há mais de dez anos se dedica ao estudo de seitas e heresias, sendo um dos campos de atuação a religiosidade brasileira e seitas do mal.

É também o autor da matéria “Igreja Dividida, as fragmentações do Catolicismo Romano”, publicada no final de 2010 pela Revista Apologética Cristã (M.A.S Editora). Assina também a coluna Giro da Fé da referida revista.

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Brasil em foco: Johnny Bernardo comenta sobre a religiosidade brasileira

Fundador do INPR Brasil e estudioso de fenomenologia religiosa, o pesquisador Johnny Bernardo comenta nesta entrevista sobre a religiosidade brasileira e temas relacionados.

INPR Brasil - Existem estatísticas sobre o tema? Quantas seitas são contabilizadas no Brasil e como elas estão distribuídas geograficamente?

Johnny Bernardo - Tratando-se de Brasil, não existem dados específicos que revelem o número exato de seitas. Uma das nossas prioridades é justamente uma abordagem da história da religiosidade brasileira, o que inclui religiões nativas e estrangeiras em atividade no país. É preciso que se faça tal distinção para que possamos compreender a dinâmica da religiosidade nacional. Qualquer análise da religiosidade brasileira deve passar, obrigatoriamente, pela formação histórica e cultural do povo brasileiro. Somos o resultado do encontro de três raças - ameríndia, negra e branca. Do encontro dessas raças, surgiu o que chamamos por "religiosidade popular", com destaque para as religiões de possessão e o catolicismo popular.

A religiosidade brasileira seria marcada, durante todo o século XX e início do XXI, por seitas de origem norteamericana, orientais e, especialmente, as de origem nipônica. É a partir da adição de tais segmentos religiosos, somados aos grupos de origem brasileira, que a religiosidade nacional ganharia sua atual dimensão. Enquanto no sul as religiões mundiais possuem destaque especial, no sudeste (especialmente a partir de São Paulo) as de origem norteamericana e nipônicas crescem em ritmo acelerado. No nordeste e norte do Brasil a religiosidade popular e espírita são uma de suas marcas. No centro-oeste (especialmente nas regiões de Brasília e Alto Paraíso) o destaque recai sobre as comunidades alternativas inspiradas no movimento hippie.

INPR Brasil - Cite algumas seitas e suas crenças, por favor.

Johnny Bernardo - As Testemunhas de Jeová possuem algo em torno de 700 mil adeptos no Brasil e tem em sua doutrina crenças que fogem à ortodoxia cristã, como a negação da divindade de Cristo, divindade e personalidade do Espirito Santo, a existência do inferno, e a ressurreição dos mortos. Também é conhecida por sua campanha contra a doação de sangue e sua recusa do alistamento militar.

O mormonismo é outra seita de destaque nacional. Em seu cremos encontramos a ideia da existência de três deuses na divindade (triteísmo - doutrina contrária ao defendido pelo Cristianismo Bíblico, que afirma que existe apenas um Deus em três pessoas distintas e coeternas), a ideia de que Deus-Pai viveu na terra como homem e que um dia nós também alcançaremos à divindade, a crença no livro de Mórmon como um "outro testamento de Jesus Cristo". Outras doutrinas e práticas abandonadas pelo Mormonismo, mas que ainda consta de suas literaturas, como a poligamia e a cor negra como maldição imposta por Deus ao homem, são exemplos de que tipo de religião é a Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias.

INPR Brasil - Como são originadas as seitas? Existe alguma relação entre nível socio-econômico do país / região e a criação de seitas?

Johnny Bernardo - Uma seita origina-se a partir de uma cisão interna por motivos diversos, como disputa política e discordância doutrinária. Com o passar do tempo a palavra seita ganhou um tom pejorativo, talvez pela ênfase dada pelo Catolicismo Romano durante o Período da Inquisição. No entanto, nem sempre foi assim. Flávio Josefo e demais escritores da antiguidade usavam a palavra hairesis unicamente com o sentido de "escola", "doutrina" ou "religião". Em termos jurídicos, uma seita é uma comunidade religiosa que não possui caráter jurídico; quando legalizada, deixa de ser seita religiosa e passa a ser reconhecida como religião. Há, certamente, uma relação entre o nível socioeconômico de uma região ou país com o surgimento de grupos sectários. Tal é o caso das seitas que oferecem cura divina e prosperidade. Com maior crescimento entre as camadas mais pobres, tais seitas se aproveitam da debilidade social e nível educacional para recrutar adeptos. Outras atuam nas camadas mais abastadas da sociedade.

INPR Brasil - Existem muitas seitas que se originam nas próprias igrejas evangélicas? Exemplos.

Johnny Bernardo - Certamente. Em recente matéria sobre o assunto, cujo título Onde o Protestantismo errou?, demonstrei que as principais seitas de origem norteamericana surgiram a partir de indivíduos que tinham algum tipo de contato com o Protestantismo. Como exemplo podemos citar as Testemunhas de Jeová, cujo fundador, Charles Taze Russell era de família presbiteriana. Há outros exemplos, como o caso de Joseph Smith (também de família presbiteriana, e cuja mulher, Emma Smith, frequentava a Igreja Metodista desde os sete anos de idade e que, em 1828, teria convencido Joseph a se associar aos metodistas - embora sua permanência no metodismo não tenha ido além de seis meses, segundo alguns pesquisadores), David Berg (ex-pastor da Igreja Discípulos de Cristo e fundador da seita Os Meninos de Deus, hoje chamada de "A Família"), Mary Baker Eddy (ex-membro da Igreja Congregacional Trintária e fundadora da Ciência Cristã) etc.



da Redação, em SP





Entrevista com Pedro Lucas, da Igreja Renovadora Cristã

A convite do INPR Brasil, o secretário da Igreja Renovadora Cristã, Pedro Lucas, comenta nesta entrevista sobre a crise vivida pela Congregação Cristã no Brasil.

INPR Brasil - Qual é a origem da crise vivida pela CCB?

Pedro Lucas (IRC) - O extremo nepotismo. Deveriam ser ordenadas somente pessoas preparadas por Deus, não necessariamente filhos, netos e sobrinhos de anciãos.

INPR Brasil - Você acredita que as acusações feitas contra José Nicolau, dentre as quais a de uma suposta prática homossexual, procedem?

Pedro Lucas (IRC) - Acredito que não. Biblicamente falando, como também do ponto de vista jurídico, ninguém poderá ser privado de seus direitos e privilégios, sem a outiva de duas ou três testemunhas e após o exercício de ampla defesa, sem nenhum cerceamento.

INPR Brasil - Então tudo não passou de um complô?

Pedro Lucas (IRC) - Certamente há interesses pelo primado, ainda mais em uma obra que tomou as dimensões como a CCB. Embora acredite que no meio religioso, especialmente no povo evangélico, não deveria existir interesses políticos ou outros, não é o que se tem vislumbrado, infelizmente.

INPR Brasil - Quais são as principais reivindicações da irmandade?

Pedro Lucas (IRC) - Alto tem sido o clamor por liberdade das irmãs tocarem livremente qualquer instrumento de sua preferência; há muitos querendo que a Santa Ceia seja servida em porções individuais, extraídas a partir de um cálice pelo qual se dá ações de graças, e tal reivindicação encontra respaldo na agência Nacional de Vigilância Sanitária. Um grupo considerável de irmãos têm curiosidade de conhecer outras denominações, sem que por isso sejam discriminados. Há os que não concordam com o rebatismo, porque entendem que biblicamente há uma só fé, um só batismo. Outros discordam e sentem vergonha da falta de entendimento da liderança que chama de ministério o ofício de porteiro, músico, piedade, entre outros. Ministério tem o Ministro da Palavra (ancião). Nota-se também cultos poucos fervorosos, especialmente nas grandes capitais.

Antigamente não havia esse exclusivismo religioso, essa fé passional, mesmo o saudoso irmão Louis Francescon não comungava com essas práticas. Pasmem, no exterior há pastores que são convidados a pregar, quando presentes nos cultos da CCB, mesmo porque lá, discriminar, realmente é crime, mesmo nas orquestras, há em diversos países irmãs tocando, como aqui mesmo no Brasil, no começo da obra, elas tocavam livremente, como a irmã Ana Spina Finotti (será pela força do sobrenome?) rege, examina... essas incoerências aborrecem a irmandade, apesar de não incomodar os fanáticos que tem fé passional na CCB, e não em Jesus Cristo.

INPR Brasil - Após completar 100 anos, será que a CCB está caminhando para a desestruturação total?

Pedro Lucas (IRC) - Penso que sempre há tempo para mudanças. Trata-se de uma obra grandiosa, com presença marcante em todo território nacional e em inúmeros países, embora nem todos aceitem a liderança da CCB Brás (Brasil), como a EEUU por exemplo. Há muitas incoerências que precisam ser corrigidas, senão realmente a liderança se desestrutura e a situação foge ao controle.

INPR Brasil - A Igreja Renovadora Cristã surgiu como uma opção em meio a crise?

Pedro Lucas (IRC) - Não temos estrutura nem pretensão de ser concorrente, mas o firme propósito dos membros da Igreja Renovadora Cristã é de servir à Deus como nos primórdios, baseando sua liturgia unicamente na Bíblia Sagrada e focando na Salvação que há somente em Jesus Cristo, não em nenhuma denominação, seja ela a CCB ou a própria Renovadora.



Johnny Bernardo
do INPR Brasil



Entrevista com João Flávio Martinez, do CACP

João Flávio Martinez é pastor evangélico, professor de religião, graduado em História pela Faculdade Dom Bosco de Monte Aprazível - SP e presidente do Centro Apologético Cristão de Pesquisas - CACP .

INPR Brasil - Exatamente em que ano teve inicio o seu ministério apologético?

Prof . João F. Martinez - Bem, desde minha conversão sempre tive um chamado para essa problemática de evangelizar os adeptos de seita. Na verdade, quem sai ao campo entende a necessidade de se estudar a Palavra e compreender os desvios sectários. O meu ministério como apologista iniciou-se oficialmente em 1998, a partir daí não parei mais.

INPR Brasil - Além de dificuldades financeiras, cite algumas dificuldades que um ministério pode passar.

Prof. João Flávio Martinez - A problemática judicial. Fica a cada dia mais difícil fazer apologia. Estão querendo calar a nossa boca. A Igreja da Pedra Angular, do Pastor Wilian Sotto Santiago queria uma indenização do CACP de 1 milhão de reais. Ele deve achar que somos do programa do Silvio Santos.

INPR Brasil - O Cacp já dispõe de uma escola apologética?

Prof. João Flávio Martinez - A Igreja Batista do Rio de Janeiro formou uma escola apologética no começo de 2007 em parceria conosco.

INPR Brasil - Na sua opinião, a igreja evangélica brasileira tem dado o devido valor ao ministério apologético?

Prof. João Flávio Martinez - Tem dado, digamos, um razoável valor. Não o valor necessários que precisaríamos. Veja, nós enfrentamos megaseitas, como: Adventistas, Mórmons, Testemunhas de Jeová, Moonismo, etc... e temos pouco respaldo da Igreja, principalmente financeiramente. Vivemos pelo fé em Deus, porque a Igreja, instituição, ajuda muito pouco mesmo. Pra falar a verdade, nunca nenhuma denominação deu uma oferta ao CACP.

INPR Brasil - Em uma de suas matérias escritas para a revista Defesa da Fé, intitulada “Um Exame Crítico e Histórico da Adoração Xiita”, o senhor disse que o Islamismo está passando por uma transformação semelhante ao do Catolicismo. Que leituras do mundo islâmico despertaram sua atenção para este fenômeno?

Prof. João Flávio Martinez - Referi-me a problemática envolvendo o sincretismo entre o animismo, paganismo e o islamismo. Os próprios teólogos islâmicos estão preocupados com isso. Por exemplo, no Irã o culto ao deus fogo é muito forte mesmo entre os xiitas.

INPR Brasil - Na comunidade unicista “Voz da Verdade não é seita”, veiculada no Orkut, é feita a acusação que os teólogos do Cacp não acreditam mais na distinção entre as pessoas do Pai, do Filho e do Espírito Santo, com base em uma matéria publicada pelo Cacp. Qual é a verdade?

Prof. João Flávio Martinez - Esse conjunto é uma lástima! Isso não procede, é só entrar no link: http://www.cacp.org.br/tjtrindadeDeus.htm . O CACP é uma instituição que defende a ortodoxia da Igreja. Jamais aceitaríamos o unicismo como verdade.

INPR Brasil - David K. Bernard, em seu livro “A Unicidade de Deus”, afirma que o teólogo neo-liberal, Karl Barth, teria sido um crente na unicidade. Existem evidências neste sentido?

Prof. João Flávio Martinez - Parece que Barth teve uma vida um tanto conturbada e contraditória. O que sei dele foi de pesquisas pela internet e de uma síntese de sua biografia feita na Enciclopédia Apologética do Dr. Norman Geisler. Lá é dito que Barth pensava o seguinte sobre Jesus: “Jesus é o verbo encarnado, é o último nível, que é idêntico à segunda pessoa da Trindade”. Então, concluo que na ótica de Norman Geisler ele não era unicista.

INPR Brasil - Atualmente existem mais de 345 igrejas satanistas nos Estados Unidos. Na sua opinião, existe alguma relação entre os recentes assassinatos em escolas públicas nos Estados Unidos com o satanismo?

Prof. João Flávio Martinez - Tudo é possível. O aumento da violência não precisa especificamente contar com um avivamento da Igreja de Satanás – ele acontecerá de todo jeito.

INPR Brasil - O que é necessário para ser um apologista?

Prof. João Flávio Martinez -Ter pleno conhecimento dos pontos ortodoxos da cristandade e ser um exímio conhecedor dos movimentos sectários, além de amor e dedicação. É possível termos um teólogo que não saiba nada de seitas, mas a recíproca nunca será verdadeira, ou seja, todo apologista será um teólogo aplicado!



Johnny Bernardo
do INPR Brasil





Entrevista com Pedro Silva, autor de Os Templários e o Brasil

Pedro Silva nasceu em 1977, em Tomar, Portugal. Desde jovem o seu primordial interesse foi à literatura, primeiro na qualidade de ávido leitor e mais tarde dando os primeiros passos como autor. Publicou a primeira obra em 2000 e, desde então, tem-se dedicado à escrita, ingressando por vários estilos literários, nomeadamente contos e crônicas, mas, sobretudo, ensaio histórico. É em 2001 que alcança a primeira internacionalização literária, com a publicação de “História e Mistérios dos Templários” no Brasil. De lá para cá, em apenas oito anos, logrou publicar mais de trinta títulos, em Portugal, Brasil, Espanha e Chile. Para além dos seus livros, tem colaborado com vários jornais e revistas.

INPR Brasil - Qual é a sua confissão de fé?

Pedro Silva - Sou católico. Desde o primeiro momento aprendi a importância de um diálogo fraterno entre todas as religiões. Importante é, igualmente, conhecermos um pouco dos ensinamentos de cada religião, o que em nada invalida a nossa própria fé.

INPR Brasil - Quando começou o seu interesse pelos templários?

Pedro Silva - O meu interesse pelos Templários surgiu por volta de 1996. A razão é muito simples: tendo nascido, e sido criado, na cidade templária portuguesa de Tomar era inevitável que, mais cedo ou mais tarde, a Ordem do Templo figurasse no topo da lista dos temas históricos a investigar, o que efetivamente veio a suceder.

INPR Brasil - Qual era o seu objetivo ao escrever “Os Templários e o Brasil”?

Pedro Silva - Acima de tudo, a obra que cita, surge com o intuito de explicar aos leitores brasileiros as múltiplas proximidades que existiram entre a Ordem de Cristo e, consequentemente, dos Templários (a acreditar nessa ligação intrínseca entre ambas as ordens) e a descoberta dessa grande nação brasileira que tanto estimo.

INPR Brasil - Com a perseguição movida pela Igreja, os templários deixaram de existir?

Pedro Silva - Na minha opinião, os Templários, enquanto instituição oficial criada em Jerusalém, deixaram de existir no início do século XIV.

INPR Brasil - Qual é a relação entre os templários e a Ordem de Cristo de Portugal?

Pedro Silva - Pese embora, como afirmei na questão anterior, os Templários tenham deixado de existir sob o manto de Ordem do Templo, parece-me crível - até porque muitos dos antigos templários portugueses nela ingressaram - que a Ordem de Cristo tenha aproveitado os seus ensinamentos e, de certo modo, sido uma renovação/continuação daquilo que os Templários haviam concretizado durante os anos de sua existência.

INPR Brasil - As acusações usadas pela Igreja para perseguir os templários, como adoração a Baphomet, orgias sexuais e blasfêmia a cruz de Cristo, possuem fundamento histórico?

Pedro Silva - Trata-se de uma questão tremendamente complexa, pois caso houve - como em todas as instituições, tal como referem os historiadores do tema - de práticas homossexuais, ainda que não generalizadas. Outros investigadores afirmam ainda que o ato blasfemo de "cuspir na Cruz" poderia ser parte de um elaborado ritual de iniciação. Seja como for, a adoração a Baphomet parece, até aos dias de hoje, difícil, se não mesmo impossível, de confirmar, sobretudo se encararmos esta figura como diabólica, tal como sugerido pelos acusadores do Templo.

Obviamente, alguns erros terão sido cometidos pelos cavaleiros do Templo. Porém, as acusações que lhes foram imputadas acabaram por ser abatida ao longo dos séculos pelo estudo afincado de um largo número de investigadores.

INPR Brasil - Na sua pesquisa sobre os templários, o senhor encontrou alguma evidência que prove que eles estiveram no Brasil?

Pedro Silva - A História vive, essencialmente, do documento escrito. E, mesmo sabendo que a adulteração desse tipo de documentação, pode ser uma realidade, trata-se, a par dos monumentos, um elemento crucial para as conclusões ensaísticas. Daí, e, sobretudo porque até ao momento não tivemos acesso a um documento que confirmasse tal fato, toda e qualquer teoria não passa de pura probabilidade.

INPR Brasil - Mesmo supondo que os templários não estiveram no Brasil, que dizer da cruz templária nas caravelas de Portugal e os diversos símbolos encontrados por todo o país?

Pedro Silva - A presença da cruz nas caravelas portuguesas, a qual seria conhecida por "Cruz de Cristo" parece-nos, na realidade, uma aproximação evidente que a Ordem de Cristo pretendeu efetuar relativamente aos cavaleiros Templários. Esse tem sido um símbolo usado para confirmar esse elo, a nosso ver indiscutível, entre as duas instituições militar-religiosas.

INPR Brasil - Nos Dossiês Secretos, o Priorado de Sião se diz uma organização co-irmã dos templários. Existe alguma evidência neste sentido?

Pedro Silva - Até ao momento, nos vários anos que tenho empregue a estudar estas temáticas, não encontrei qualquer evidência que possa aproximar o Priorado de Sião à Ordem dos Cavaleiros do Templo.

INPR Brasil - Por muito tempo acreditou-se que a Ordem dos Pobres Cavaleiros de Cristo surgiu com o objetivo de proteger os peregrinos que visitavam Jerusalém; entretanto, para alguns autores o seu objetivo seria na verdade outro: proteger documentos secretos descobertos por eles mesmos. Qual é a verdade?

Pedro Silva - Tal como tudo aquilo que diz respeito aos Templários, as teorias são imensas, mas as respostas concretas são, na verdade, escassas. Se nos basearmos na história dita oficial, naturalmente que os Templários surgem com a missão de proteger os peregrinos na rota religiosa que os levava da Europa a Terra Santa. Porém, o chamado "outro lado da história" costuma contar sempre uma versão diferente. No caso em concreto, é provável que os cavaleiros do Templo tivessem, a par da visão cavalheiresca de proteção dos indefesos, a ideia de procurar relíquias religiosas ou documentos ancestrais.

INPR Brasil - Qual é a origem da cruz templária e o que ela significa?

Pedro Silva - A cruz dita templária, na realidade, é de origem anterior, no caso trata-se da cruz pátea, cujo reconhecimento oficial surge em 608, no Sínodo de Constantinopla, portanto muito anterior ao surgimento da Ordem. De forma sucinta, o seu significado será resultado de uma combinação de elementos, construídos com o vértice de cinco círculos (ou circunferências) sobrepostos, tendo como principal foco quatro pontos de apoio em estreita ligação com o centro, ou "umbigo do mundo" - o ar, a terra, o fogo e a água.

INPR Brasil - O senhor concorda com a descrição que Dan Brown (autor de O Código Da Vinci) faz do Santo Graal?

Pedro Silva - A proposta do autor Dan Brown é uma teoria, a que poderíamos juntar várias outras de igual rigor. Seja qual for à resposta, estou em crer que, até ao momento, ninguém poderá declarar, com toda a certeza, que sabe o verdadeiro significado do Santo Graal.

INPR Brasil - Qual é a sua opinião sobre os manuscritos de Nag Hámmadi?

Pedro Silva - Sobre a obra "O Código Da Vinci" e os manuscritos de Nag Hámmadi, tive ocasião de discorrer em uma ou duas ocasiões. Acima de tudo, creio que estes manuscritos são peça fundamental no estudo histórico do período em questão e, como tal, a sua descoberta foi altamente relevante para um melhor conhecimento de questões que, sobretudo pela distância temporal, continuam em aberto.

INPR Brasil - Com base em uma passagem duvidosa do “Evangelho de Filipe”, alguns autores têm proposto a idéia de que Jesus era casado com Maria Madalena. O senhor concorda com tal interpretação?

Pedro Silva - Na minha qualidade de ensaísta tenho sempre larga preocupação com os documentos e uma análise isenta dos assuntos; devo afirmar que não existem provas que corroborem tal teoria.

INPR Brasil - Uma última palavra aos leitores do Brasil e América Latina

Pedro Silva - Para terminar esta entrevista, gostaria, então, de agradecer a todos os leitores sul-americanos, sobretudo os brasileiros, que, ao longo dos últimos oito anos, têm acompanhado as minhas obras com grande interesse, interagindo, também, com a minha pessoa, enviando os seus comentários, após leitura dos meus livros ou crônicas dispersas, assim como sugerindo ou criticando, sempre com grande simpatia e educação. Espero que o futuro possa continuar a proporcionar-nos motivos literários de intercâmbio.



Johnny Bernardo
do INPR Brasil




Entrevista com João Batista Barbosa, ex-adepto de Figueira

Conhecido pelo pseudônimo de Zumbaia (“reverência”, no dialeto africano), João Batista Barbosa aderiu à comunidade de Figueira em 1998 e, após tomar conhecimento dos desmedidos do seu fundador, passou a se opor a algumas práticas que considerava abusivas da liderança. Nesta entrevista Zumbaia fala sobre a sua experiência na comunidade e a pressão psicológica que sofreu.

INPR Brasil - Conte um pouco sobre você.

Zumbaia - Nasci no estado de S.Paulo, em 1954. Graduei-me em Química, na USP, e em Matemática, em Barra-Mansa. Sempre procurei o sentido da vida além das religiões correntes e conheci vários grupos espiritualistas e esotéricos, participando ativamente de alguns. Trabalho como professor no Ensino Fundamental e Médio.

INPR Brasil - Como você conheceu o Projeto Figueira?

Zumbaia - Conheci o grupo Figueira após a morte de um instrutor de um grupo que eu participava. Em 1998 deixei a minha família e fui morar em Figueira, achando que o mundo e a humanidade passariam uma grande transformação e que os "escolhidos" seriam salvos em naves cósmicas, como pregava Trigueirinho. Com o tempo vi que predominavam no grupo elites da sociedade e muito interesse econômico e material em prejuízo dos mais pobres, que só serviam para manter a estrutura física do local e facilmente descartáveis.

INPR Brasil – O que levou você a se afastar de Figueira?

Zumbaia - Lá, tudo converge para um esquecimento total de si e da vida normal, transformando as pessoas em robôs obedientes e úteis. Sempre fui pelos Direitos Humanos e não me adaptei a situação. Sentindo várias formas de pressões psicológicas (não podendo assistir ao casamento de meu filho, o que desobedeci). Tentaram impedir-me de várias formas e passei muita perturbação psicológica. Em um treinamento de combate a incêndios, programado por Fabian, Ângelo e outros (sob comando de outros superiores do grupo) estava prevista uma prova absurda - retirarmos bonecos de pano, pesados, de um círculo de fogo de 5m de diâmetro (algo que nem bombeiros conseguiriam). Ocorreu que antes disso, Ângelo, que preparava outra prova com o uso de gasolina se acidentou e teve o corpo em chamas. Eu e outros, inconscientes do que tramavam, tentamos salva-lo apagando o fogo. Ele ficou dois meses entre a vida e a morte, mas sobreviveu.

INPR Brasil - Fale um pouco mais sobre a pressão psicológica exercida sobre os adeptos.

Zumbaia - Ameaças de serem expulsas de Figueira (muitos não têm "onde cair morto", principalmente muitos que vêm da Argentina), de não serem julgadas dignas de serem salvas pelas naves, de levar "carões" durante as partilhas, e muita pressão mental do grupo todo durante as reuniões dos monges e duas reuniões com participantes internacionais (duas vezes por ano) etc.

INPR Brasil – É sabido que em algumas religiões, como na Igreja da Unificação (do Rev. Moon) e em algumas comunidades alternativas, existe uma tentativa de isolamento dos adeptos. Ou seja, é vedado aos participantes que mantenham qualquer tipo de relacionamento com familiares e antigos amigos. Isso acontece em Figueira?

Zumbaia - Exatamente, os que decidem morar em Figueira são pressionados para não manterem mais contato com os familiares e até com as pessoas de fora.

INPR Brasil – Segundo Trigueirinho, o que são os Centros Planetários?

Zumbaia - Centros Planetários são locais da terra similar aos chacras do corpo humano, onde ocorre materialização e desmaterialização de seres e objetos, entrada e saída de entidades de outros planos, localização de cidades e templos invisíveis etc.

INPR Brasil - Qual é a relação de Figueira com os ensinos de Alice A. Bailey?

Zumbaia - Trigueirinho diz-se assistido pelas mesmas entidades da Grande Fraternidade Branca, que assistiam Alice Bailey, H.P.B e outros, mas com nomes totalmente diferentes. Ele evita a todo custo mencionar o nome de "Jesus, O Cristo" (certamente por não lhe interessar a prática do amor ao próximo).

INPR Brasil - Em 1983, após entrar em contato com Trigueirinho, Sara Marriott decidiu deixar a Fundação Findhorn, na Escócia, e se mudar definitivamente para o Brasil. Posteriormente, segundo relatam os próprios discípulos de Nazaré, Trigueirinho decidiu sair para fundar uma nova comunidade. O que realmente aconteceu?

Zumbaia - Sei muito pouco sobre Nazaré das Palmeiras. Parece-me que ele desentendeu-se com o grupo por ser muito autoritário (ditatorial).

INPR Brasil - Após tudo o que foi comentado nesta entrevista, podemos considerar Trigueirinho um falso profeta?

Zumbaia - Sobre ele ser um falso profeta, digo: "Conhece-se a árvore pelos frutos".



Johnny Bernardo
do INPR Brasil





Por que um padre não pode se casar?


Segundo a Igreja Católica, aquele que tem vocação para o sacerdócio não pode se casar. Mas essa tese não resiste a um confronto com o bom senso e, muito menos, com a Bíblia. É o que veremos a seguir.

A Bíblia é contra?

Não, é o que nos salta à vista com o texto a seguir transcrito:

"Fiel é esta palavra: Se alguém aspira ao episcopado, excelente obra deseja. É necessário, pois, que o bispo seja irrepreensível, marido de uma só mulher, temperante, sóbrio, ordeiro, hospitaleiro, apto para ensinar; não dado ao vinho, não espancador, mas moderado, inimigo de contendas, não ganancioso; que governe bem a sua própria casa, tendo seus filhos em sujeição, com todo o respeito (pois se alguém não sabe governar a sua própria casa, como cuidará da Igreja de Deus?); não neófito, para que não se ensoberbeça e venha a cair na condenação do Diabo. Também é necessário que tenha bom testemunho dos que estão de fora, para que não caia em opróbrio, e no laço do Diabo" (1Tm 3.1-7. Grifo nosso.).

O texto acima transcrito dispensa explicação, tal a sua clareza. Mas os padres (não todos, é claro) não cessam de citar versículos isolados do contexto, extraídos de 1Coríntios 7, onde o apóstolo Paulo, além de confessar que optou pelo celibato, ainda aconselha a todos os cristãos (não somente o clero) a fazerem o mesmo. Mas, para que um bom observador se liberte dos sofismas católicos falsamente embasados em I Coríntios 7, basta-lhe atentar para os seguintes versículos:
[...] Bom seria que o homem não tocasse em mulher; mas por causa da prostituição, tenha cada homem a sua própria mulher e cada mulher o seu próprio marido (1Co 7.1,2).

[...] Quereria que todos os homens fossem como eu mesmo; mas cada um tem de Deus o seu próprio dom, um deste modo, outro daquele. Digo, porém, aos solteiros e às viúvas, que lhes é bom se ficarem como eu. Mas, se não podem conter-se, casem-se. Porque é melhor casar do que abrasar-se. (1Co 7.7-9).

Ora, quanto às virgens, não tenho mandamento do Senhor, dou, porém, o meu oarecer como quem tem alcançado misericórdia do Senhor para ser fiel. Acho, que é bom, por causa da instante necessidade, que a pessoa fique como está (1Co 7.25,26. Grifo nosso).

À luz dos textos acima citados, certamente salta aos olhos que o apóstolo Paulo estava querendo dizer que quem não sente incontrolável necessidade de sexo, não precisa se atazanar com isso; pelo contrário, deve tirar proveito disso, dedicando-se à obra do Senhor. Lembremo-nos que todas as coisas contribuem para o bem daqueles que amam a Deus. E a prova de que esta interpretação esta certa, é o fato de o apóstolo haver dito que “quereria que todos os homens fossem como eu mesmo; mas cada um tem de Deus o seu próprio dom, um deste modo, e outro daquele” (1Co 7.7). Logo, é uma questão de dom. Ademais, o apóstolo disse ainda: “Se não podem conter-se, casem-se” (1Co7.9). Então há aqueles para os quais a libido não deve ser contida por toda a vida. Sim, há aqueles que “não podem conter-se,” reconheceu o apóstolo. Para esses, o casamento é o que há de melhor “porque é melhor casar do que abrasar-se” (1Co.7.9). E se tais pessoas se sentem vocacionadas ao Santo Ofício Pastoral? Devem ser rejeitadas? Já vimos acima, ao lermos a primeira transcrição que Paulo os aceitava, desde que fossem maridos “de uma só mulher”.

Sugerimos que o leitor leia todo o capítulo 7 de 1Coríntios, comparando-o com 1Timótio 3.1-7, para se livrar de uma falsa interpretação. A Bíblia é toda inspirada por Deus (2Tm 3.16). Logo, uma doutrina bíblica não pode estar apoiada num versículo isolado do contexto. Por que o clero católico não age hoje como o apóstolo Paulo agia? Não se julgam eles os únicos sucessores dos apóstolos? Pense e responda a si mesmo.

A idade do celibato clerical

Segundo os historiadores Knight e Anglin, a obrigatoriedade do celibato eclesiástico foi decretada pelo Papa Gregório VII, ou Hildebrando, a partir do ano 1.074. Gregório exigiu que os padres solteiros não se casassem e obrigou os padres casados a se divorciarem de seus respectivos cônjuges e a abandonarem os seus filhos, os quais foram expostos “à mais amarga dor e vergonha”. [1]

A imposição do celibato clerical não tinha lugar entre os cristãos do primeiro ao terceiro séculos. Até o Padre D. Estêvão Bittencourt, ardoroso defensor do celibato clerical, demonstrou reconhecer que na Igreja Primitiva, o casamento era facultativo aos Ministros do Evangelho. Disse ele: “...A partir do século IV Concílios regionais foram impondo essa prática como obrigatória aos candidatos ao sacerdócio no Ocidente...”. [2]

Sim, leitor, “Na Igreja Primitiva não havia monges nem freiras”. [3]

Incoerência

Eu disse que, segundo o Catolicismo, aquele que tem vocação para o sacerdócio não pode se casar. Certamente, o leitor já sabia disso. Todos sabem que os seminaristas católicos, que aspiram ser Padres, só têm duas opções: pegar ou largar. Ou se submetem ao celibato, ou abrem mão da ordenação, visto que, quanto a isso, os Papas são intransigentes. Mas, como incoerência é o que não falta no Catolicismo, certo livro oficial da Igreja Católica – sim, oficial, visto ter sido editado com “aprovação eclesiástica”-, nos diz que a alguns pastores protestantes, casados, que se converteram ao Catolicismo, foi concedida a ordenação ao sacerdócio católico. Veja esta transcrição:

[...] há a possibilidade do pastor Jones entrar para o seminário e se tornar padre [...] católico. Pastores casados de outros credos têm feito exatamente isso [...]. Casado e pai de três jovens rapazes, Anderson recebeu a permissão de Roma para se tornar um padre católico [...] [4]

Ora, por que conceder aos ex-pastores que se converteram ao Catolicismo, o que é negado aos demais católicos? Por que ao jovem seminarista católico, se impõe o celibato como condição sine qua non à ordenação sacerdotal, e, ao mesmo tempo, admitem ex-pastores casados? Achando que estou à altura de responder a essas curiosas perguntas, respondo-as assim: Esses que, como Judas Iscariotes abjuram a verdadeira fé, são mais que relevantes ao Catolicismo.

Logo, é importantíssimo que sejam investidos de autoridade, para melhor impressionar os incautos; por cujo motivo, merecem tratamento diferenciado. Imagine a força do testemunho desses renegadores do protestantismo? Isso era tudo que a “Igreja” precisava para impressionar os desavisados. Sim, leitor, há muitos católicos leigos, de moral ilibada, profundos conhecedores da teologia católica, que atuam como Diáconos, Leigos Consagrados, etc., mas que não podem ser padres, por não serem solteiros. E isso, é, sim, sintomático. Porventura, não é revelador o fato de imporem o celibato a todos os que almejam o sacerdócio, exceto aos ex-pastores evangélicos? Ora, aqui a politicagem salta aos olhos, não? O leitor não desconfia de nada? O que os ex-pastores possuem, que os outros católicos não têm? É como dizia o ex-Padre Aníbal Pereira dos Reis: “O Diabo não consegue esconder o rabo”. Pensem nisso os sinceros! Os Papas, de bobos não têm nada! Eles sabem o que estão fazendo! Cuidado, ó caro leitor, com as astúcias dos que enganam e são enganados!

Referências Bibliográficas

1.
Knight, A.E. e Anglin W. Breve esboço da História do Cristianismo, Teresópolis, Casa Editora Evangélica, segunda edição, 1947, pág. 127.
2. Pergunte e Responderemos, Ano XLIV, nº 489, março/2003, página 32 [ou página inferior 128.]
3. HURLBUT, Jesse Lyman. História da Igreja Cristã. São Paulo: Editora Vida. 8 ed. 1995, p. 83.
4. MOURA, Jaime Francisco de. Por que estes ex-protestantes se tornaram católicos? São José dos Campos: Editora COM DEUS. 4 ed. 2008, pp. 97-8.



Joel Santana
do SAB para o INPR Brasil






A CCB em crise: escândalos e dissidências dividem adeptos

Conhecida pela maneira nada carismática como trata as demais igrejas evangélicas, a CCB completou 100 anos em meio a inúmeras crises e dissidência de adeptos. Sua origem está ligada ao italiano Luigi Francescon, que em 1910 desembarcou em São Paulo e conseguiu reunir um grupo de vinte seguidores e fundou a Congregação Cristã do Brasil. Apesar de fundada em 1910, o nome “Congregação Cristã do Brasil” somente foi dado a Igreja por ocasião da Convenção de 1936, sendo substituída a preposição “do” por “no” Brasil na década de 60.

Com sede no Brás (SP), a CCB rapidamente se espalhou pelo país e em pouco tempo atravessou a fronteira alcançando um número significativo de adeptos. Dados da Pentecostalism Encyclopedia (Enciclopédia Pentecostal – uma publicação americana que monitora o crescimento dos pentecostais no mundo) revelou que já no ano 2000 a CCB ocupava a 6º posição no ranking mundial em número de membros pentecostais. No Brasil, somente era superada pela Assembleia de Deus que à época somava cerca de 8,4 dos quase 26 milhões de evangélicos – a CCB reunia cerca de 2,4 milhões de seguidores.

Não se sabe se por esse motivo ou simplesmente pelas diferenças doutrinárias e de usos e costumes, a CCB evita qualquer tipo de contato com a A.D. Ao se referir a A.D – e também as demais igrejas evangélicas – a CCB utiliza o termo pejorativo de “primos”. Aos que decidem frequentar suas congregações, ordena que sejam novamente batizados e se submetam a regras rígidas de comportamento e de expressão social. Caso seja pego em prática de adultério, o membro é destituído de suas obrigações na Igreja e evita-se qualquer tipo de contato com ele – isso porque, segundo eles, o adultério é um pecado contra o Espírito Santo ao qual não existe possibilidade de perdão.

Dissidências

Interpretações como essas e outras mais são um dos motivos do surgimento de inúmeros grupos dissidentes da Congregação Cristã no Brasil, ainda na década de 50. A primeira ruptura de que se tem notícia ocorreu no alto escalão da CCB, com a saída do cooperador Aldo Ferreti que abdicou do seu cargo para fundar a Igreja Renovadora Cristã. Sua atual sede fica na Vila Madalena (SP) em um prédio cuja arquitetura é semelhante aos templos da CCB.

Amigo de longa data de Francescon, Ferreti denunciou – na noite de 14 de maio de 1952, no Brás – os motivos pelos quais ele decidira abandonar o ministério, como a falta de humildade do Colégio de Anciões e o uso excessivo por parte destes de bebida alcoólica – sendo este um dos motivos que mais preocupavam Ferreti. Seguindo o exemplo da IRC, nos anos seguintes novos grupos dissidentes surgiram da CCB, tais como:

  • Igreja Cristã Remanescente (fundada em 1967 pelo ancião Nilson Santos, em Telêmaco Borba, PR);
  • Congregação Cristã no Brasil Renovada (fundada em 1991 pelo ancião José Valério, em Goiás);
  • Congregação Cristã do Sétimo Dia (fundada em 1993 pelo ancião Luiz Bento Machado, em Santa Catarina);
  • Congregação Cristã Apostólica (fundada em 2001 pelo cooperador Antônio Silvério Pereira, em Aparecida de Goiás, GO. Surgiu de uma fusão da Congregação Cristã no Brasil com a Igreja Renovação Cristã);
  • Congregação Cristã Moriá (fundada em 2004 por Saulo Corcovado Macedo, em Mairinque, SP);
À lista podemos acrescentar também os adenominacionais ou Assembleias Cristãs (grupo de irmãos que se reúnem em casas e possui ministério próprio, embora alguns congreguem na CCB. Sua característica principal é a busca pelo “primitivismo apostólico”, sendo considerado um “movimento de reforma”), a Igreja da Sã Doutrina (fundada no Maringá pelo advogado Laertes Souza), a Congregação Cristã Primitiva (fundada em Goiás e que também promove campanhas pelo retorno à fé primitiva), a Congregação Evangélica Apostólica do Brasil (Imperatriz, Maranhão) etc.

A situação se agrava

Além de dissidências, a CCB se vê às voltas por uma crise que vem se arrastando desde 2000 e que tem causado prejuízos incalculáveis à instituição. De um lado, há os que argumentam haver um “complô” contra o Conselho, enquanto outros dizem possuir evidências que comprovariam corrupção, homossexualismo e prostituição envolvendo o líder máximo da CCB, o ancião e ex - presidente mundial José Nicolau.


No vídeo acima, José Nicolau fala de seu afastamento da CCB

Afastado de sua função no final de 2000, Nicolau – que teria sido alvo de um processo judicial movido por Mário e Lúcio – teve sua credencial definitivamente cassada por ocasião de uma assembléia realizada entre os dias 09 e 13 de abril de 2001, quando Jorge Couri – até então vice – presidente da CCB – interveio para que Nicolau fosse de fato expulso da presidência e abrisse caminho para sua posse. O que de fato ocorreu. Concluído o processo contra José Nicolau, Couri foi empossado como o novo presidente da Congregação Cristã no Brasil e uma nova batalha judicial teve início.

Pessoas ligadas ao ex-presidente da CCB acusaram Couri de ter agido secretamente – e com uso de artifícios mentirosos – para convencer o Conselho a desempossar Nicolau. Tal consta de uma circular e dossiê enviado ao Conselho Nacional de Anciões, na página 30 que reproduzimos em parte.

“Consta que inconformado com a maneira apressada e errada como foi decidido o caso, o saudoso irmão Basílio Gitti, teria proposto rever o assunto logo em seguida, por ocasião da assembléia, realizada nos dias 09 a 13 de abril de 2001, quando seria feito um julgamento responsável.

Porém, sabendo da proposta e da possibilidade do caso ser revisto e a injustiça reparada, JORGE COURI, que era o vice de NICOLAU, de olho na “cadeira da presidência” e sedento para tomá-la a todo custo, tudo fez para embaraçar o reexame da causa. Foi assim, que após incansáveis diligências, localizou SERGIO, ex-motorista de NICOLAU, que havia se mudado para o interior de São Paulo, cidade de Itápolis. Ligou pessoalmente para SERGIO e convocou-o para vir a São Paulo com urgência, onde no interior do apartamento de COURI, começaram as negociações malignas.

Para reforçar as falsas acusações apresentadas anteriormente e aplicar o golpe mortal, COURI teria lançado mão de expediente diabólico, traiçoeiro e criminoso. Aproveitando-se do caráter vulnerável de SERGIO, persuadiu-o após prometer recompensas de todo tipo, inclusive com pagamento em dinheiro, a que aceitasse fazer o papel de mais um falso acusador contra NICOLAU.

O plano foi estabelecido sob as instruções diretas de COURI, que cuidadosamente passou as instruções com todos os detalhes, no interior de seu próprio apartamento; ficando apenas em aberto o preço total da traição. Foram pagos duas parcelas de R$ 5 00,00, pelo próprio COURI e R$ 4.000,00, por seu amigo JEREMIAS GUIDO; enquanto o restante ficou por conta dos depósitos a serem feitos após o cumprimento do acordo.”

Resultado: Jorge Couri foi empossado presidente e José Nicolau seguiu impedido de exercer seu ministério. No entanto, passados alguns dias da posse de Couri, o motorista Sérgio – que segundo a circular teria se arrependido das acusações – procurou o ex-presidente para revelar os detalhes da conspiração criada por Couri e Jeremias Guido. Mesmo após as revelações do motorista, nada foi feito pela Comissão para reverter o quadro.

Há pelo menos 11 anos Couri segue na direção da CCB e enfrenta acusações de desvio de verbas – algo em torno de 20 milhões -, acobertamento de anciões e falsidade ideológica. Juntamente com Jeremias Guido e Sergio Anísio Soares Alves (o motorista), Couri é alvo de um processo impetrado na 8º Delegacia de São Paulo – IP 343/2008, com acusações de estelionato e crime contra a honra. Dois anos antes, o comerciante e membro da CCB de Piedade, José Aparecido da Cruz, foi acusado pelo Ministério Público de ter desviado R$ 19. 962 00 do setor de assistência social da Igreja. Casos como esse demonstram que a corrupção saiu do alto escalão da CCB para se alastrar pelas congregações, havendo até mesmo denúncias de estelionato envolvendo anciões do Japão e em outros países onde a instituição se faz presente (algo em torno de 80).

Além de processos judiciais, Couri também acumulou inimigos dentro e fora da CCB. Grupos reformistas, como a CCB a Verdade – um site criado por anciões que veicula denúncias contra o atual presidente e prega o retorno ao “primitivismo congregacional” – tem deflagrado uma crise sem precedentes dentro da instituição. Mudanças na liturgia – como a proibição de os membros darem glória a Deus nos cultos e a forma de coleta da oferta da piedade – também são motivos de desentendimentos e troca de acusações. Um dossiê completo sobre a crise na CCB pode ser visto no site ccbverdade.com.br e no Scribd.

Não por acaso, a crise vivida pela CCB ocorre em meio às comemorações do centenário – algo semelhante acontece na CGADB, com denúncias envolvendo os líderes da Assembleia de Deus do Belém, como favorecimento da família Bezerra da Costa e problemas nas contas da Convenção. Ambas as instituições fazem parte da chamada “onda Pentecostal” (termo utilizado pela imprensa e estudiosos do pentecostalismo) que demarcaram o início do Pentecostalismo no Brasil, lá pelos idos do começo do século XXI. Por triste coincidência, adentraram ao centenário em meio a uma crise sem precedentes e que promete abrir novas feridas nas duas principais representantes do pentecostalismo brasileiro – embora, como dissemos, existam inúmeras diferenças entre a irmandade e os assembleianos. No entanto, este é um tema para uma futura reflexão.





Johnny Bernardo

é pesquisador, escritor, jornalista, colaborador da revista Apologética Cristã, do jornal norteamericano The Christian Post, do NAPEC (Núcleo Apologético Cristão de Pesquisas), palestrante e fundador do INPR Brasil (Instituto de Pesquisas Religiosas). Há mais de dez anos se dedica ao estudo de seitas e heresias, sendo um dos campos de atuação a religiosidade brasileira e seitas do mal.

É também o autor da matéria “Igreja Dividida, as fragmentações do Catolicismo Romano”, publicada no final de 2010 pela Revista Apologética Cristã (M.A.S Editora). Assina também a coluna Giro da Fé da referida revista.

Contato

pesquisasreligiosas@gmail.com
johnnypublicidade@yahoo.com.br




Chico Xavier, Rede Globo e o Evangelho sem Jesus

Vou confessar: não assisti o filme "Nosso Lar" e provavelmente não terei tempo de assistir o novo seriado sobre a vida de Chico Xavier, mas vamos ao que interessa.

A Rede Globo investiu pesado em 2010 na propagação do Evangelho Segundo o Espiritismo (by Alan Kardec), que no Brasil teve como expoente a figura emblemática de Chico Xavier. A série tem algumas características impressionantes:

Serão quatro episódios com uma hora a mais de conteúdo no total do que o filme. A produção contou com 135 atores e cerca de 90 locações. A mini série mostra detalhes da infância de Francisco de Paula Cândido, quando começava a ter suas primeiras manifestações mediúnicas, vendo e ouvindo espíritos, incluindo o de sua mãe, já desencarnada.


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Impressiona o investimento, a doutrinação, a força da Globo para propagar as ideias do espiritismo. Ano passado também apresentou uma novela no horário das 18 horas e participou da produção do filme Nosso Lar.

Segundo o Wiki, muito cedo Chico perdeu a mãe e foi parar nas mãos de uma mulher cruel (sua madrinha) que abusou física e emocionalmente do menino. É neste contexto de violência que Chico começa a ter visões mediúnicas, passando a conversar com o espírito "desencarnado" de sua mãe.




E o que nós temos a ver com isso? Em Eclesiastes lemos: “E o pó volte à terra, como o era, e o espírito volte a Deus, que o deu” (Ec. 12.7). Outros textos bíblicos esclarecem como pensam os cristãos evangélicos sobre a alma e o espírito do homem após a morte - Atos 7.59; Ap. 6.9-11; Lc. 12.4-5, só para citar alguns.

A questão aqui não é uma aula sobre espiritismo, mas um alerta: já vi muito crente impressionado com façanhas mediúnicas. Alguns duvidando mesmo se aquilo (Dr. Fritz, p.ex.) não era obra do evangelho de Jesus.

Meu ponto de vista é exatamente este: o evangelho espírita, que a Globo divulga intensamente, é uma boa nova sem a novidade. O que diferencia o evangelho do Evangelho é exatamente o tema da notícia. Vejamos:

- No Kardecismo temos uma repetição devidamente repaginada da doutrina do salve-se a si mesmo. Um assunto presente na maior parte das religiões.

- No Cristianismo o Evangelho da Graça revela minha total incapacidade de salvar a mim mesmo; de me tornar bom por qualquer atitude que seja; da possibilidade de após a morte ter alguma oportunidade de mudar minhas ações.

Jesus nos ensina que é aqui e agora que decidimos nossa eternidade. Não reencarnaremos. Não teremos infinitas chances de nos redimir. Temos uma grande oportunidade de abraçar a Graça e receber o presente de Amor sem ter que pagar por ele. Temos um Pai a nos esperar.

Portanto igreja, alerta. Não permita que a ilusão do espiritismo seduza mais pessoas. Não podemos ficar inertes. Precisamos deixar claro que apesar de todas as coisas boas que são feitas pelo espiritismo (como obras sociais), ele carece de Jesus, único caminho oferecido ao homem para reconciliar-se consigo mesmo e especialmente com Deus, o autor da vida.

Não pretendemos deflagar uma nova "caça as bruxas", mas devemos anunciar com amor a verdade que liberta o homem do peso de sua própria história - até mesmo de uma história de abuso como sofreu Chico Xavier. O nome desta verdade é Jesus Cristo.


Graça e paz, sempre



por Marcus Vinicius
editor de Mídia do INPR Brasil



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