Brasil em foco: Johnny Bernardo comenta sobre a religiosidade brasileira

Fundador do INPR Brasil e estudioso de fenomenologia religiosa, o pesquisador Johnny Bernardo comenta nesta entrevista sobre a religiosidade brasileira e temas relacionados.

INPR Brasil - Existem estatísticas sobre o tema? Quantas seitas são contabilizadas no Brasil e como elas estão distribuídas geograficamente?

Johnny Bernardo - Tratando-se de Brasil, não existem dados específicos que revelem o número exato de seitas. Uma das nossas prioridades é justamente uma abordagem da história da religiosidade brasileira, o que inclui religiões nativas e estrangeiras em atividade no país. É preciso que se faça tal distinção para que possamos compreender a dinâmica da religiosidade nacional. Qualquer análise da religiosidade brasileira deve passar, obrigatoriamente, pela formação histórica e cultural do povo brasileiro. Somos o resultado do encontro de três raças - ameríndia, negra e branca. Do encontro dessas raças, surgiu o que chamamos por "religiosidade popular", com destaque para as religiões de possessão e o catolicismo popular.

A religiosidade brasileira seria marcada, durante todo o século XX e início do XXI, por seitas de origem norteamericana, orientais e, especialmente, as de origem nipônica. É a partir da adição de tais segmentos religiosos, somados aos grupos de origem brasileira, que a religiosidade nacional ganharia sua atual dimensão. Enquanto no sul as religiões mundiais possuem destaque especial, no sudeste (especialmente a partir de São Paulo) as de origem norteamericana e nipônicas crescem em ritmo acelerado. No nordeste e norte do Brasil a religiosidade popular e espírita são uma de suas marcas. No centro-oeste (especialmente nas regiões de Brasília e Alto Paraíso) o destaque recai sobre as comunidades alternativas inspiradas no movimento hippie.

INPR Brasil - Cite algumas seitas e suas crenças, por favor.

Johnny Bernardo - As Testemunhas de Jeová possuem algo em torno de 700 mil adeptos no Brasil e tem em sua doutrina crenças que fogem à ortodoxia cristã, como a negação da divindade de Cristo, divindade e personalidade do Espirito Santo, a existência do inferno, e a ressurreição dos mortos. Também é conhecida por sua campanha contra a doação de sangue e sua recusa do alistamento militar.

O mormonismo é outra seita de destaque nacional. Em seu cremos encontramos a ideia da existência de três deuses na divindade (triteísmo - doutrina contrária ao defendido pelo Cristianismo Bíblico, que afirma que existe apenas um Deus em três pessoas distintas e coeternas), a ideia de que Deus-Pai viveu na terra como homem e que um dia nós também alcançaremos à divindade, a crença no livro de Mórmon como um "outro testamento de Jesus Cristo". Outras doutrinas e práticas abandonadas pelo Mormonismo, mas que ainda consta de suas literaturas, como a poligamia e a cor negra como maldição imposta por Deus ao homem, são exemplos de que tipo de religião é a Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias.

INPR Brasil - Como são originadas as seitas? Existe alguma relação entre nível socio-econômico do país / região e a criação de seitas?

Johnny Bernardo - Uma seita origina-se a partir de uma cisão interna por motivos diversos, como disputa política e discordância doutrinária. Com o passar do tempo a palavra seita ganhou um tom pejorativo, talvez pela ênfase dada pelo Catolicismo Romano durante o Período da Inquisição. No entanto, nem sempre foi assim. Flávio Josefo e demais escritores da antiguidade usavam a palavra hairesis unicamente com o sentido de "escola", "doutrina" ou "religião". Em termos jurídicos, uma seita é uma comunidade religiosa que não possui caráter jurídico; quando legalizada, deixa de ser seita religiosa e passa a ser reconhecida como religião. Há, certamente, uma relação entre o nível socioeconômico de uma região ou país com o surgimento de grupos sectários. Tal é o caso das seitas que oferecem cura divina e prosperidade. Com maior crescimento entre as camadas mais pobres, tais seitas se aproveitam da debilidade social e nível educacional para recrutar adeptos. Outras atuam nas camadas mais abastadas da sociedade.

INPR Brasil - Existem muitas seitas que se originam nas próprias igrejas evangélicas? Exemplos.

Johnny Bernardo - Certamente. Em recente matéria sobre o assunto, cujo título Onde o Protestantismo errou?, demonstrei que as principais seitas de origem norteamericana surgiram a partir de indivíduos que tinham algum tipo de contato com o Protestantismo. Como exemplo podemos citar as Testemunhas de Jeová, cujo fundador, Charles Taze Russell era de família presbiteriana. Há outros exemplos, como o caso de Joseph Smith (também de família presbiteriana, e cuja mulher, Emma Smith, frequentava a Igreja Metodista desde os sete anos de idade e que, em 1828, teria convencido Joseph a se associar aos metodistas - embora sua permanência no metodismo não tenha ido além de seis meses, segundo alguns pesquisadores), David Berg (ex-pastor da Igreja Discípulos de Cristo e fundador da seita Os Meninos de Deus, hoje chamada de "A Família"), Mary Baker Eddy (ex-membro da Igreja Congregacional Trintária e fundadora da Ciência Cristã) etc.



da Redação, em SP





Entrevista com Pedro Lucas, da Igreja Renovadora Cristã

A convite do INPR Brasil, o secretário da Igreja Renovadora Cristã, Pedro Lucas, comenta nesta entrevista sobre a crise vivida pela Congregação Cristã no Brasil.

INPR Brasil - Qual é a origem da crise vivida pela CCB?

Pedro Lucas (IRC) - O extremo nepotismo. Deveriam ser ordenadas somente pessoas preparadas por Deus, não necessariamente filhos, netos e sobrinhos de anciãos.

INPR Brasil - Você acredita que as acusações feitas contra José Nicolau, dentre as quais a de uma suposta prática homossexual, procedem?

Pedro Lucas (IRC) - Acredito que não. Biblicamente falando, como também do ponto de vista jurídico, ninguém poderá ser privado de seus direitos e privilégios, sem a outiva de duas ou três testemunhas e após o exercício de ampla defesa, sem nenhum cerceamento.

INPR Brasil - Então tudo não passou de um complô?

Pedro Lucas (IRC) - Certamente há interesses pelo primado, ainda mais em uma obra que tomou as dimensões como a CCB. Embora acredite que no meio religioso, especialmente no povo evangélico, não deveria existir interesses políticos ou outros, não é o que se tem vislumbrado, infelizmente.

INPR Brasil - Quais são as principais reivindicações da irmandade?

Pedro Lucas (IRC) - Alto tem sido o clamor por liberdade das irmãs tocarem livremente qualquer instrumento de sua preferência; há muitos querendo que a Santa Ceia seja servida em porções individuais, extraídas a partir de um cálice pelo qual se dá ações de graças, e tal reivindicação encontra respaldo na agência Nacional de Vigilância Sanitária. Um grupo considerável de irmãos têm curiosidade de conhecer outras denominações, sem que por isso sejam discriminados. Há os que não concordam com o rebatismo, porque entendem que biblicamente há uma só fé, um só batismo. Outros discordam e sentem vergonha da falta de entendimento da liderança que chama de ministério o ofício de porteiro, músico, piedade, entre outros. Ministério tem o Ministro da Palavra (ancião). Nota-se também cultos poucos fervorosos, especialmente nas grandes capitais.

Antigamente não havia esse exclusivismo religioso, essa fé passional, mesmo o saudoso irmão Louis Francescon não comungava com essas práticas. Pasmem, no exterior há pastores que são convidados a pregar, quando presentes nos cultos da CCB, mesmo porque lá, discriminar, realmente é crime, mesmo nas orquestras, há em diversos países irmãs tocando, como aqui mesmo no Brasil, no começo da obra, elas tocavam livremente, como a irmã Ana Spina Finotti (será pela força do sobrenome?) rege, examina... essas incoerências aborrecem a irmandade, apesar de não incomodar os fanáticos que tem fé passional na CCB, e não em Jesus Cristo.

INPR Brasil - Após completar 100 anos, será que a CCB está caminhando para a desestruturação total?

Pedro Lucas (IRC) - Penso que sempre há tempo para mudanças. Trata-se de uma obra grandiosa, com presença marcante em todo território nacional e em inúmeros países, embora nem todos aceitem a liderança da CCB Brás (Brasil), como a EEUU por exemplo. Há muitas incoerências que precisam ser corrigidas, senão realmente a liderança se desestrutura e a situação foge ao controle.

INPR Brasil - A Igreja Renovadora Cristã surgiu como uma opção em meio a crise?

Pedro Lucas (IRC) - Não temos estrutura nem pretensão de ser concorrente, mas o firme propósito dos membros da Igreja Renovadora Cristã é de servir à Deus como nos primórdios, baseando sua liturgia unicamente na Bíblia Sagrada e focando na Salvação que há somente em Jesus Cristo, não em nenhuma denominação, seja ela a CCB ou a própria Renovadora.



Johnny Bernardo
do INPR Brasil



Entrevista com João Flávio Martinez, do CACP

João Flávio Martinez é pastor evangélico, professor de religião, graduado em História pela Faculdade Dom Bosco de Monte Aprazível - SP e presidente do Centro Apologético Cristão de Pesquisas - CACP .

INPR Brasil - Exatamente em que ano teve inicio o seu ministério apologético?

Prof . João F. Martinez - Bem, desde minha conversão sempre tive um chamado para essa problemática de evangelizar os adeptos de seita. Na verdade, quem sai ao campo entende a necessidade de se estudar a Palavra e compreender os desvios sectários. O meu ministério como apologista iniciou-se oficialmente em 1998, a partir daí não parei mais.

INPR Brasil - Além de dificuldades financeiras, cite algumas dificuldades que um ministério pode passar.

Prof. João Flávio Martinez - A problemática judicial. Fica a cada dia mais difícil fazer apologia. Estão querendo calar a nossa boca. A Igreja da Pedra Angular, do Pastor Wilian Sotto Santiago queria uma indenização do CACP de 1 milhão de reais. Ele deve achar que somos do programa do Silvio Santos.

INPR Brasil - O Cacp já dispõe de uma escola apologética?

Prof. João Flávio Martinez - A Igreja Batista do Rio de Janeiro formou uma escola apologética no começo de 2007 em parceria conosco.

INPR Brasil - Na sua opinião, a igreja evangélica brasileira tem dado o devido valor ao ministério apologético?

Prof. João Flávio Martinez - Tem dado, digamos, um razoável valor. Não o valor necessários que precisaríamos. Veja, nós enfrentamos megaseitas, como: Adventistas, Mórmons, Testemunhas de Jeová, Moonismo, etc... e temos pouco respaldo da Igreja, principalmente financeiramente. Vivemos pelo fé em Deus, porque a Igreja, instituição, ajuda muito pouco mesmo. Pra falar a verdade, nunca nenhuma denominação deu uma oferta ao CACP.

INPR Brasil - Em uma de suas matérias escritas para a revista Defesa da Fé, intitulada “Um Exame Crítico e Histórico da Adoração Xiita”, o senhor disse que o Islamismo está passando por uma transformação semelhante ao do Catolicismo. Que leituras do mundo islâmico despertaram sua atenção para este fenômeno?

Prof. João Flávio Martinez - Referi-me a problemática envolvendo o sincretismo entre o animismo, paganismo e o islamismo. Os próprios teólogos islâmicos estão preocupados com isso. Por exemplo, no Irã o culto ao deus fogo é muito forte mesmo entre os xiitas.

INPR Brasil - Na comunidade unicista “Voz da Verdade não é seita”, veiculada no Orkut, é feita a acusação que os teólogos do Cacp não acreditam mais na distinção entre as pessoas do Pai, do Filho e do Espírito Santo, com base em uma matéria publicada pelo Cacp. Qual é a verdade?

Prof. João Flávio Martinez - Esse conjunto é uma lástima! Isso não procede, é só entrar no link: http://www.cacp.org.br/tjtrindadeDeus.htm . O CACP é uma instituição que defende a ortodoxia da Igreja. Jamais aceitaríamos o unicismo como verdade.

INPR Brasil - David K. Bernard, em seu livro “A Unicidade de Deus”, afirma que o teólogo neo-liberal, Karl Barth, teria sido um crente na unicidade. Existem evidências neste sentido?

Prof. João Flávio Martinez - Parece que Barth teve uma vida um tanto conturbada e contraditória. O que sei dele foi de pesquisas pela internet e de uma síntese de sua biografia feita na Enciclopédia Apologética do Dr. Norman Geisler. Lá é dito que Barth pensava o seguinte sobre Jesus: “Jesus é o verbo encarnado, é o último nível, que é idêntico à segunda pessoa da Trindade”. Então, concluo que na ótica de Norman Geisler ele não era unicista.

INPR Brasil - Atualmente existem mais de 345 igrejas satanistas nos Estados Unidos. Na sua opinião, existe alguma relação entre os recentes assassinatos em escolas públicas nos Estados Unidos com o satanismo?

Prof. João Flávio Martinez - Tudo é possível. O aumento da violência não precisa especificamente contar com um avivamento da Igreja de Satanás – ele acontecerá de todo jeito.

INPR Brasil - O que é necessário para ser um apologista?

Prof. João Flávio Martinez -Ter pleno conhecimento dos pontos ortodoxos da cristandade e ser um exímio conhecedor dos movimentos sectários, além de amor e dedicação. É possível termos um teólogo que não saiba nada de seitas, mas a recíproca nunca será verdadeira, ou seja, todo apologista será um teólogo aplicado!



Johnny Bernardo
do INPR Brasil





Entrevista com Pedro Silva, autor de Os Templários e o Brasil

Pedro Silva nasceu em 1977, em Tomar, Portugal. Desde jovem o seu primordial interesse foi à literatura, primeiro na qualidade de ávido leitor e mais tarde dando os primeiros passos como autor. Publicou a primeira obra em 2000 e, desde então, tem-se dedicado à escrita, ingressando por vários estilos literários, nomeadamente contos e crônicas, mas, sobretudo, ensaio histórico. É em 2001 que alcança a primeira internacionalização literária, com a publicação de “História e Mistérios dos Templários” no Brasil. De lá para cá, em apenas oito anos, logrou publicar mais de trinta títulos, em Portugal, Brasil, Espanha e Chile. Para além dos seus livros, tem colaborado com vários jornais e revistas.

INPR Brasil - Qual é a sua confissão de fé?

Pedro Silva - Sou católico. Desde o primeiro momento aprendi a importância de um diálogo fraterno entre todas as religiões. Importante é, igualmente, conhecermos um pouco dos ensinamentos de cada religião, o que em nada invalida a nossa própria fé.

INPR Brasil - Quando começou o seu interesse pelos templários?

Pedro Silva - O meu interesse pelos Templários surgiu por volta de 1996. A razão é muito simples: tendo nascido, e sido criado, na cidade templária portuguesa de Tomar era inevitável que, mais cedo ou mais tarde, a Ordem do Templo figurasse no topo da lista dos temas históricos a investigar, o que efetivamente veio a suceder.

INPR Brasil - Qual era o seu objetivo ao escrever “Os Templários e o Brasil”?

Pedro Silva - Acima de tudo, a obra que cita, surge com o intuito de explicar aos leitores brasileiros as múltiplas proximidades que existiram entre a Ordem de Cristo e, consequentemente, dos Templários (a acreditar nessa ligação intrínseca entre ambas as ordens) e a descoberta dessa grande nação brasileira que tanto estimo.

INPR Brasil - Com a perseguição movida pela Igreja, os templários deixaram de existir?

Pedro Silva - Na minha opinião, os Templários, enquanto instituição oficial criada em Jerusalém, deixaram de existir no início do século XIV.

INPR Brasil - Qual é a relação entre os templários e a Ordem de Cristo de Portugal?

Pedro Silva - Pese embora, como afirmei na questão anterior, os Templários tenham deixado de existir sob o manto de Ordem do Templo, parece-me crível - até porque muitos dos antigos templários portugueses nela ingressaram - que a Ordem de Cristo tenha aproveitado os seus ensinamentos e, de certo modo, sido uma renovação/continuação daquilo que os Templários haviam concretizado durante os anos de sua existência.

INPR Brasil - As acusações usadas pela Igreja para perseguir os templários, como adoração a Baphomet, orgias sexuais e blasfêmia a cruz de Cristo, possuem fundamento histórico?

Pedro Silva - Trata-se de uma questão tremendamente complexa, pois caso houve - como em todas as instituições, tal como referem os historiadores do tema - de práticas homossexuais, ainda que não generalizadas. Outros investigadores afirmam ainda que o ato blasfemo de "cuspir na Cruz" poderia ser parte de um elaborado ritual de iniciação. Seja como for, a adoração a Baphomet parece, até aos dias de hoje, difícil, se não mesmo impossível, de confirmar, sobretudo se encararmos esta figura como diabólica, tal como sugerido pelos acusadores do Templo.

Obviamente, alguns erros terão sido cometidos pelos cavaleiros do Templo. Porém, as acusações que lhes foram imputadas acabaram por ser abatida ao longo dos séculos pelo estudo afincado de um largo número de investigadores.

INPR Brasil - Na sua pesquisa sobre os templários, o senhor encontrou alguma evidência que prove que eles estiveram no Brasil?

Pedro Silva - A História vive, essencialmente, do documento escrito. E, mesmo sabendo que a adulteração desse tipo de documentação, pode ser uma realidade, trata-se, a par dos monumentos, um elemento crucial para as conclusões ensaísticas. Daí, e, sobretudo porque até ao momento não tivemos acesso a um documento que confirmasse tal fato, toda e qualquer teoria não passa de pura probabilidade.

INPR Brasil - Mesmo supondo que os templários não estiveram no Brasil, que dizer da cruz templária nas caravelas de Portugal e os diversos símbolos encontrados por todo o país?

Pedro Silva - A presença da cruz nas caravelas portuguesas, a qual seria conhecida por "Cruz de Cristo" parece-nos, na realidade, uma aproximação evidente que a Ordem de Cristo pretendeu efetuar relativamente aos cavaleiros Templários. Esse tem sido um símbolo usado para confirmar esse elo, a nosso ver indiscutível, entre as duas instituições militar-religiosas.

INPR Brasil - Nos Dossiês Secretos, o Priorado de Sião se diz uma organização co-irmã dos templários. Existe alguma evidência neste sentido?

Pedro Silva - Até ao momento, nos vários anos que tenho empregue a estudar estas temáticas, não encontrei qualquer evidência que possa aproximar o Priorado de Sião à Ordem dos Cavaleiros do Templo.

INPR Brasil - Por muito tempo acreditou-se que a Ordem dos Pobres Cavaleiros de Cristo surgiu com o objetivo de proteger os peregrinos que visitavam Jerusalém; entretanto, para alguns autores o seu objetivo seria na verdade outro: proteger documentos secretos descobertos por eles mesmos. Qual é a verdade?

Pedro Silva - Tal como tudo aquilo que diz respeito aos Templários, as teorias são imensas, mas as respostas concretas são, na verdade, escassas. Se nos basearmos na história dita oficial, naturalmente que os Templários surgem com a missão de proteger os peregrinos na rota religiosa que os levava da Europa a Terra Santa. Porém, o chamado "outro lado da história" costuma contar sempre uma versão diferente. No caso em concreto, é provável que os cavaleiros do Templo tivessem, a par da visão cavalheiresca de proteção dos indefesos, a ideia de procurar relíquias religiosas ou documentos ancestrais.

INPR Brasil - Qual é a origem da cruz templária e o que ela significa?

Pedro Silva - A cruz dita templária, na realidade, é de origem anterior, no caso trata-se da cruz pátea, cujo reconhecimento oficial surge em 608, no Sínodo de Constantinopla, portanto muito anterior ao surgimento da Ordem. De forma sucinta, o seu significado será resultado de uma combinação de elementos, construídos com o vértice de cinco círculos (ou circunferências) sobrepostos, tendo como principal foco quatro pontos de apoio em estreita ligação com o centro, ou "umbigo do mundo" - o ar, a terra, o fogo e a água.

INPR Brasil - O senhor concorda com a descrição que Dan Brown (autor de O Código Da Vinci) faz do Santo Graal?

Pedro Silva - A proposta do autor Dan Brown é uma teoria, a que poderíamos juntar várias outras de igual rigor. Seja qual for à resposta, estou em crer que, até ao momento, ninguém poderá declarar, com toda a certeza, que sabe o verdadeiro significado do Santo Graal.

INPR Brasil - Qual é a sua opinião sobre os manuscritos de Nag Hámmadi?

Pedro Silva - Sobre a obra "O Código Da Vinci" e os manuscritos de Nag Hámmadi, tive ocasião de discorrer em uma ou duas ocasiões. Acima de tudo, creio que estes manuscritos são peça fundamental no estudo histórico do período em questão e, como tal, a sua descoberta foi altamente relevante para um melhor conhecimento de questões que, sobretudo pela distância temporal, continuam em aberto.

INPR Brasil - Com base em uma passagem duvidosa do “Evangelho de Filipe”, alguns autores têm proposto a idéia de que Jesus era casado com Maria Madalena. O senhor concorda com tal interpretação?

Pedro Silva - Na minha qualidade de ensaísta tenho sempre larga preocupação com os documentos e uma análise isenta dos assuntos; devo afirmar que não existem provas que corroborem tal teoria.

INPR Brasil - Uma última palavra aos leitores do Brasil e América Latina

Pedro Silva - Para terminar esta entrevista, gostaria, então, de agradecer a todos os leitores sul-americanos, sobretudo os brasileiros, que, ao longo dos últimos oito anos, têm acompanhado as minhas obras com grande interesse, interagindo, também, com a minha pessoa, enviando os seus comentários, após leitura dos meus livros ou crônicas dispersas, assim como sugerindo ou criticando, sempre com grande simpatia e educação. Espero que o futuro possa continuar a proporcionar-nos motivos literários de intercâmbio.



Johnny Bernardo
do INPR Brasil




Entrevista com João Batista Barbosa, ex-adepto de Figueira

Conhecido pelo pseudônimo de Zumbaia (“reverência”, no dialeto africano), João Batista Barbosa aderiu à comunidade de Figueira em 1998 e, após tomar conhecimento dos desmedidos do seu fundador, passou a se opor a algumas práticas que considerava abusivas da liderança. Nesta entrevista Zumbaia fala sobre a sua experiência na comunidade e a pressão psicológica que sofreu.

INPR Brasil - Conte um pouco sobre você.

Zumbaia - Nasci no estado de S.Paulo, em 1954. Graduei-me em Química, na USP, e em Matemática, em Barra-Mansa. Sempre procurei o sentido da vida além das religiões correntes e conheci vários grupos espiritualistas e esotéricos, participando ativamente de alguns. Trabalho como professor no Ensino Fundamental e Médio.

INPR Brasil - Como você conheceu o Projeto Figueira?

Zumbaia - Conheci o grupo Figueira após a morte de um instrutor de um grupo que eu participava. Em 1998 deixei a minha família e fui morar em Figueira, achando que o mundo e a humanidade passariam uma grande transformação e que os "escolhidos" seriam salvos em naves cósmicas, como pregava Trigueirinho. Com o tempo vi que predominavam no grupo elites da sociedade e muito interesse econômico e material em prejuízo dos mais pobres, que só serviam para manter a estrutura física do local e facilmente descartáveis.

INPR Brasil – O que levou você a se afastar de Figueira?

Zumbaia - Lá, tudo converge para um esquecimento total de si e da vida normal, transformando as pessoas em robôs obedientes e úteis. Sempre fui pelos Direitos Humanos e não me adaptei a situação. Sentindo várias formas de pressões psicológicas (não podendo assistir ao casamento de meu filho, o que desobedeci). Tentaram impedir-me de várias formas e passei muita perturbação psicológica. Em um treinamento de combate a incêndios, programado por Fabian, Ângelo e outros (sob comando de outros superiores do grupo) estava prevista uma prova absurda - retirarmos bonecos de pano, pesados, de um círculo de fogo de 5m de diâmetro (algo que nem bombeiros conseguiriam). Ocorreu que antes disso, Ângelo, que preparava outra prova com o uso de gasolina se acidentou e teve o corpo em chamas. Eu e outros, inconscientes do que tramavam, tentamos salva-lo apagando o fogo. Ele ficou dois meses entre a vida e a morte, mas sobreviveu.

INPR Brasil - Fale um pouco mais sobre a pressão psicológica exercida sobre os adeptos.

Zumbaia - Ameaças de serem expulsas de Figueira (muitos não têm "onde cair morto", principalmente muitos que vêm da Argentina), de não serem julgadas dignas de serem salvas pelas naves, de levar "carões" durante as partilhas, e muita pressão mental do grupo todo durante as reuniões dos monges e duas reuniões com participantes internacionais (duas vezes por ano) etc.

INPR Brasil – É sabido que em algumas religiões, como na Igreja da Unificação (do Rev. Moon) e em algumas comunidades alternativas, existe uma tentativa de isolamento dos adeptos. Ou seja, é vedado aos participantes que mantenham qualquer tipo de relacionamento com familiares e antigos amigos. Isso acontece em Figueira?

Zumbaia - Exatamente, os que decidem morar em Figueira são pressionados para não manterem mais contato com os familiares e até com as pessoas de fora.

INPR Brasil – Segundo Trigueirinho, o que são os Centros Planetários?

Zumbaia - Centros Planetários são locais da terra similar aos chacras do corpo humano, onde ocorre materialização e desmaterialização de seres e objetos, entrada e saída de entidades de outros planos, localização de cidades e templos invisíveis etc.

INPR Brasil - Qual é a relação de Figueira com os ensinos de Alice A. Bailey?

Zumbaia - Trigueirinho diz-se assistido pelas mesmas entidades da Grande Fraternidade Branca, que assistiam Alice Bailey, H.P.B e outros, mas com nomes totalmente diferentes. Ele evita a todo custo mencionar o nome de "Jesus, O Cristo" (certamente por não lhe interessar a prática do amor ao próximo).

INPR Brasil - Em 1983, após entrar em contato com Trigueirinho, Sara Marriott decidiu deixar a Fundação Findhorn, na Escócia, e se mudar definitivamente para o Brasil. Posteriormente, segundo relatam os próprios discípulos de Nazaré, Trigueirinho decidiu sair para fundar uma nova comunidade. O que realmente aconteceu?

Zumbaia - Sei muito pouco sobre Nazaré das Palmeiras. Parece-me que ele desentendeu-se com o grupo por ser muito autoritário (ditatorial).

INPR Brasil - Após tudo o que foi comentado nesta entrevista, podemos considerar Trigueirinho um falso profeta?

Zumbaia - Sobre ele ser um falso profeta, digo: "Conhece-se a árvore pelos frutos".



Johnny Bernardo
do INPR Brasil





Revista Povos

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