A Abóboda Inexpugnável Mórmon

Chamada por Jimmy Swaggart de "abóboda inexpugnável" (abóboda é uma construção em forma de arco), o empreendimento que custou cerca de 2 milhões de dólares aos cofres mórmons e que localiza-se a 32 quilômetros de Salt Lake City foi construída entre os anos de 1958 e 1963. Com seis aberturas no lado norte do Canyon, escavadas a 600 metros de profundidade, a abóboda dispõe de escritórios, laboratórios de processamento de microfilmes, câmaras de armazenamento de dados, casas de envio e docas.

Depois dos laboratórios, as câmaras são as mais importantes dentre os departamentos do quartel general mórmon. Com cerca de 190 metros de cumprimento cada uma e com portas que pesam 14 toneladas, as seis câmaras são acessadas por uma entrada principal e duas menores e foram projetadas para resistir a uma explosão nuclear. Objetivo? Servir de abrigo para os microfilmes genealógicos e outros registros da igreja.

A preservação e pesquisa genealógica é uma constante no Mormonismo que investe milhões todos os anos. As informações contidas nos microfilmes advêm de pesquisas em bibliotecas, igrejas, órgãos governamentais e se referem ao nascimento, casamento, óbito de inúmeros indivíduos. O processo de preservação dos originais por microfilmes começou em 1930 pela Sociedade Genealógica de Utah, entidade criada pelo Mormonismo em 1894. Em 1940, a tecnologia passou a ser usada em bibliotecas da Inglaterra, Dinamarca, Holanda, País de Gales, Noruega, Itália etc.

Com o crescimento do número de microfilmes produzidos a partir de Utah, que em 1950 chegaram a 100.000 rolos, foi proposta a ideia de construção de um abrigo subterrâneo onde os rolos seriam ao mesmo tempo produzidos e armazenados. Foi assim que, em 1963, foi concluída a construção do bunker. Sessenta e cinco pessoas se revezam na administração do local, realizando tarefas que envolvem duplicação de microfilmes, masterização de impressão e conversão de microfilme para tecnologia digital.




De acordo com a Biblioteca de História da Família e da Sociedade Genealógica de Utah, há em torno de 2,4 milhões de rolos de microfilmes disponíveis nos subterrâneos da montanha. Embora o acesso ao local não seja aberto ao público, a Igreja desenvolveu um sistema em que qualquer pessoa, de qualquer lugar do mundo, possa acessar os arquivos através dos centros de história da família ou por meio da página familysearch.org. No Brasil, o principal centro de pesquisa foi inaugurado em 1984, no bairro do Morumbi (SP). Em Portugal, há em torno de 20.

As genealogias estão no cerne da crença mórmon. Desde que foi estabelecido o batismo pelos mortos (ou batismo por procuração), os mórmons perceberam a necessidade de conhecer seu próprio passado como forma de "salvar" seus ancestrais. No livro "Ensinamentos dos presidentes da Igreja", Heber J. Grant faz o seguinte comentário sobre o trabalho de compilação de genealogias.

"A partir da época da visita de Elias, o profeta, restaurando as chaves que ele possuía e voltando o coração dos filhos aos pais [ver D&C 110.13-15], tem-se observado, no coração das pessoas de todo o mundo, o surgimento de um desejo de aprender sobre seus antepassados.

Os homens e mulheres de todo o mundo têm organizado sociedades, procurado dados de seus antepassados e compilado registros genealógicos de seus familiares. Têm-se gasto milhões de dólares com essa finalidade. Já conversei diversas vezes com homens que despenderam grandes somas para coligir um registro de seus antepassados, e depois de terminarem, quando alguém lhes perguntava o motivo de tal empreitada, eles respondiam: "Não sei; fui impelido por um desejo incontrolável de compilar esse registro e de investir financeiramente nisso. Agora que terminei, não tenho nenhum uso especial para ele". Os santos dos últimos dias dão a esse tipo de dados um valor inestimável.

Oro para que o Senhor nos inspire a todos para que tenhamos maior diligência ao realizarmos com todas as nossas forças os deveres e labores que nos cabem no tocante à obra vicária por nossos antepassados (...) Quando buscamos com sinceridade, ano após anos, conhecer sobre nossos familiares que morreram sem o conhecimento do evangelho, tenho certeza de que o Senhor nos abençoa para que tenhamos êxito". Grant concluiu dizendo que "a salvação dos mortos é um dos propósitos da restauração do evangelho eterno e do restabelecimento da Igreja de Jesus Cristo nesta época".

De acordo com Mario Silva, diretor responsável pela coleta das informações genealógicas na região que abrange Brasil, Argentina, Chile, Paraguai e Uruguai, "na doutrina da Igreja, os relacionamentos familiares são eternos, não acabam com a morte. Daí a importância de as pessoas conhecerem a fundo a origem de suas famílias".


Johnny Bernardo

é pesquisador, escritor, jornalista, colaborador da revista Apologética Cristã, do jornal norteamericano The Christian Post, do NAPEC (Núcleo Apologético Cristão de Pesquisas), palestrante e fundador do INPR Brasil (Instituto de Pesquisas Religiosas). Há mais de dez anos se dedica ao estudo de seitas e heresias, sendo um dos campos de atuação a religiosidade brasileira e seitas do mal.

É também o autor da matéria “Igreja Dividida, as fragmentações do Catolicismo Romano”, publicada no final de 2010 pela Revista Apologética Cristã (M.A.S Editora). Assina também a coluna Giro da Fé da referida revista.

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