Médica de SP afirma "curar" enfermos com ajuda de espíritos e ETs

Após sair de uma clinica de Santo André - onde passei por uma bateria de exames -, me dirigi a uma banca de jornal para adquirir o meu exemplar do Diário do Grande ABC e me inteirar das notícias da região. No entanto, o que me chamou a atenção ao chegar à banca não foi as falcatruas de alguns políticos conhecidos de nós mauenses, mas uma matéria de capa de um jornalzinho chamado Meia Hora. A matéria, cujo título "Médica Cura com ajuda de ETs e espíritos" faz referência a médica Mônica de Medeiros que, segundo o jornal, toda terça-feira, no número 75 da rua Guapiaçu, em Mirandópolis, zona sul de SP, atende centenas de pessoas que madrugam diante de um portão azul em busca de "cura". O portão azul é o endereço da Casa do Consolador, definido por Mônica como um Centro Universalista, sem religião definida, que atende cerca de 7 mil pessoas por mês com base no que ela chama de ‘fraternidade universal’. [1]

Na fila, à espera de um atendimento, há dezenas de pessoas, na maioria idosas. Uma reclama de problemas no pulmão e disse que descobriu o centro por causa de uma vizinha. Já outra deu a certeza de que tinha sido "curada" de um grave problema na coluna. Além de doentes, outras pessoas procuram o centro querendo ajudar parentes, amigos e até animais de estimação. [2]

Cirurgiã formada pela UNICAMP e com especialização nos EUA, Medeiros atende no centro com o pseudônimo de Shellyana, uma extraterrestre que "vive" na constelação de Plêiades. Ela afirma ser guiada por inúmeros espíritos, dentre os quais o "Dr. Espanhol" e também por extraterrestres. Há inúmeros vídeos na internet onde a médica apresenta a medicina extraterrestre.

Medeiros conta que começou a ter "contato" com ETs em uma viagem ao Arizona (EUA) em 2003. Tempos depois, em Peruíbe (SP), declarou a um grupo de 189 pessoas - que se reuniram para ouvir a médium na Casa do Consolador - que ela fazia "contato" com ETs. Foi quando que, segundo ela, o grupo teria "presenciado" um espetáculo aéreo feito por discos voadores. Após isso, decidiu abrir um centro em SP e atender gratuitamente crianças e adultos vítimas de doenças físicas e emocionais.

Segundo apurou o Jornal da Tarde, há quem diga que já tomou vacinas contra a gripe aviária produzidas por extraterrestres, distribuídas gratuitamente. Outros levaram suas crianças para passar por uma mudança de DNA, sob a promessa de adquirir imunidade contra todos os tipos de doenças. Devido a isso, o Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) abriu em junlho uma sindicância para apurar a tal medicina extraterrestre. Questionada sobre a prática, a médica se defendeu ao dizer que jamais prometeu cura a ninguém, que incorpora o espírito do "Doutor Espanhol" e que as vacinas que foram doadas nada mais são do que "águas fluidificadas". Quanto à extraterrestre Sheillyana, não é feita uma incorporação, mas sim uma canalização de energia. “Não é possível incorporar seres de outras dimensões. O DNA é diferente”, justifica. [3]




Apesar de suas declarações, um vídeo obtido pelo Jornal da Tarde mostra a médica Mônica de Medeiros explicando o funcionamento e os benefícios do que ela chama de medicina extraterrestre. No vídeo da palestra – que foi dada em Cambuquira, Minas Gerais, há três anos – a médica diz que o atendimento com ETs passou a ser feito em 1º de janeiro de 2004.

Mônica de Medeiros diz no vídeo que a medicina extraterrestre cura mais rapidamente que o trabalho de incorporação com espíritos. “A cura é imediata porque eles mexem na energia do corpo astral e mental”, disse a palestrante.

Durante o vídeo, a médica faz comparação entre os atendimentos feitos pelo espírito de um médico conhecido entre os frequentadores como ‘Dr. Espanhol’, que também atende na Casa do Consolador, com os de Shellyana.

Segundo ela, a cura nos casos do espírito ficam em torno de 85% a 86% e as feitas pela extraterrestre têm índices de 97% a 98%. A palestrante conta que esses cálculos são feitos com base nos retornos dos pacientes.

Durante a palestra, a médica disse que os extraterrestres têm o poder de interferir no DNA humano e por isso conseguem tanta eficiência na cura de doenças autoimunes – entre elas, cita a aids. “Estamos com uns mil casos de aids com cura sorológica por causa dessa intervenção que eles fazem no DNA”. [4]

O dizer a respeito? O Centro Consolador, assim como o consultório da Vovó Júlia e as terapias de regressão promovidas em hoteis do estado pelo terapeuta Amadeu Wolf, mostram como quão alienadas as pessoas estão do verdadeiro Evangelho de Cristo. A vida atribulada da megalópole tende a levar muitas pessoas à busca de soluções não convencionais para seus problemas e transtornos. Assim acontece em Nova York e em inúmeras outras cidades do Brasil e do mundo.

Notas

1. Meia Hora, 23/12/20010, edição 6, número 1.903, pág. 10
2. Ibidem
3. Jornal da Tarde, 16/09/2010
4. Jornal da Tarde, 17/09/2010




por Johnny T. Bernardo
do INPR Brasil





A grandeza do Evangelho e o evangelicalismo brasileiro

A principal evidência de que uma comunidade cristã absorveu o espírito do Evangelho é quando sua mensagem começa a modifica a vida comum da sociedade.

Respondendo a pergunta sobre o fato dos cristãos estarem ou não remindo a cultura nacional, o escritor Valmir Nascimento Milomem respondeu: "Depende se esse crescimento dos “evangélicos” será simplesmente numérico ou também qualitativo. Depende se os “evangélicos” resistirão ou não aos apelos do relativismo moral e do pluralismo ideológico da pós-modernidade. Depende se os “evangélicos” manterão a identidade. Depende se os “evangélicos” utilizarão a fé somente nos finais de semana ou também em todos os aspectos da sociedade. Depende se os “evangélicos” professarão a fé por questão de convicção ou de conveniência. Em outras palavras, o crescimento numérico dos evangélicos provocará mudanças positivas dentro da sociedade somente se realmente for adotado uma postura de vida essencialmente alicerçada nos princípios imutáveis da Bíblia."

De fato muitas transformações dependerão da consciência e atitude da Igreja em relação ao Evangelho e a sociedade. O modelo bíblico da Igreja apostólica revela-nos uma comunidade cristã comprometida e preocupada tanto com a qualidade de vida interna, como também com a expansão e influência externa – além dos portões.

De modo que, o avanço sistemático da Igreja é um principio e ordenança divina. Porque contentar-se apenas com o crescimento numérico de cristãos nos cultos dominicais, enquanto, podemos ver o Evangelho penetrando em todas as camadas da sociedade? Porque não acreditar que o Evangelho pode curar a maneira adoecida e equivocada de se fazer política no Brasil? Porque não acreditar que a cultura, a literatura, e as mentes pensantes de nossa nação podem ser transformadas pelo Evangelho?

Seria extraordinário ver o Evangelho recondicionando os modus operandis da política nacional, transformando-a em um novo modelo de justiça e igualdade. Imagine como seria ver a sociedade livre dos altos índices de violência, roubo, homicídio, e suicídio? Como seria acordar um dia e encontrar uma cidade mais saudável, equilibrada, e livre? Qual seria a sensação de abrir o jornal e não encontrar mais as calamidades que assolam as nações? Tudo isso é possível quando o espírito do Evangelho torna-se realidade nos corações!

Porém, o meu lamento é não conseguir vislumbrar em muitas “lideranças eclesiásticas” o mesmo sentimento do Evangelho de Cristo, mas infelizmente assistir periodicamente uma liderança (pelo menos televisiva) que aterroriza e subjulga cristãos em manhãs de sábado com abordagem de temas irrelevantes, político, religioso e narcisista.

Quem assistiu nesses dias o terror ocorrido no Rio de Janeiro (na tomada da polícia do morro dos alemães) um desses televangelistas convocar o povo evangélico para um momento de oração coletiva, com a mesma veemência que eles lutam pelos seus candidatos políticos, ou quando estão vendendo bíblias ou livros? Eu não assisti e você? O estado de apatia é lamentável - um dia antes da invasão do morro dos alemães, essas lideranças evangélicas continuavam vendendo seus apetrechos sagrados, brigando entre si, e defendendo o seu nicho evangélico na televisão. È no mínimo patética essa realidade, para não dizer diabólica. Como iremos viver a realidade do Evangelho de maneira coletiva, enquanto cristãos são diariamente contaminados e recrutados no financiamento deste evangelicalismo deformado?

Insisto em acreditar que a Igreja não estará cumprindo de fato a sua missão, enquanto, apenas os templos religiosos estiverem abarrotados de pessoas ávidas pela prosperidade material, pacificação emocional ou qualquer outra motivação que não seja pela realidade de viver o Reino de Deus e a sua justiça. O Evangelho almeja modificar desde os mais sutis movimentos da vida até os grandes sistemas e processos existenciais.

O número de pessoas que estão vivendo apenas na periferia dos portões do Reino é alarmante. Esses indivíduos chegam até a contemplar a beleza e a perfeição do Reino, mas ainda estão vivendo em barracas e acampamentos do lado de fora.

Precisamos acreditar e promover a grandiosidade do Reino de Deus com a consciência na eternidade e a urgência imediata na prática do bem, liberdade e amor através do Evangelho.




por Samuel Torralbo

é escritor, ministro do Evangelho, autor da obra "Em Defesa da Igreja" (Ed. Pathos) e colunista do INPR Brasil








Onde está a verdadeira cruz de Cristo?

Jesus nos ensina o caminho para o Reino: “Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, e tome cada dia a sua cruz, e siga-me” Lc 9:23. Seguir a Cristo nesta terra nos credencia a segui-lo para além desta terra, na eternidade.

A cruz de Cristo é feita apenas com dois pedaços de madeira rústicos. Não é de madeira nobre, como mogno ou imbuia, e muito menos tem entalhes ornamentais ou tem suas rebarbas retiradas ou foi lixada para ser suave ao toque.

Na verdade, tocar na cruz de Cristo é uma experiência estranha e que não tem prazer no ato em si. Carregá-la então, para a mente humana não regenerada pelo amor de Cristo é carregar um peso morto, algo que beira o masoquismo.

Agora, para os filhos de Deus, remidos pelo sangue de Cristo que foi derramado exatamente nesta cruz áspera, escandalosa e sem beleza alguma, deveria trazer gozo e alegria tomar a cruz que nos é proposta, não pela cruz em si, mas pelo servir a Cristo, pelo seguir sua instrução e pela compreensão espiritual da cruz como o caminho para o Reino.

É triste percebermos que há muitas outras cruzes no arraial cristão e que, tal como um celular Xing ling quer imitar um iPhone, estas falsas cruzes tentam imitar a cruz que Cristo nos propõe.

E há cruzes para todos os gostos, tipos e bolsos.

Uma é diminuída em seu tamanho, para ser mais leve e fácil de carregar. Esta cruz mutila a Bíblia, eliminando dela todo o compromisso que a vida cristã querer.

Outra é aumentada para parecer mais pesada do que realmente é tendo em vista que o que carrega tal cruz julga-se merecedor da salvação por carregar mais peso que os outros e, pior ainda, condena os que não têm uma cruz tão grande nas costas. Não é difícil de reconhecer o carregador deste tipo de cruz, pois está sempre fazendo sacrifícios tolos para buscar aprovação em Deus para seu coração endurecido. Busca trilhar o caminho maldito da auto-salvação e, em algum ponto da estrada esbarra no muro da frustração.

Há ainda a cruz que só tem aparência: tem cor de madeira, tem cheiro de madeira, parece rústica e tem até sangue escorrendo por ela. Parece cruz, mas é falsa, é cinematográfica, é fake, cruz de isopor que tenta enganar os homens, mas não é capaz de enganar a Deus. Qualquer vento de doutrina vai quebrá-la e espalhar seus pedaços, revelando seu interior.

Creio não conseguir enumerar todos os tipos de pseudocruzes no meio cristão, mas não posso deixar de citar a cruz da aceitação. Este tipo de cruz é lixada e antes teve todas as rebarbas removidas, sendo bem suave ao toque. Geralmente é envernizada ou pintada com alguma cor da moda. Esta cruz precisa ser assim para que quem a carrega seja aceito em seu meio, seja na escola, no trabalho, com amigos ou família. Em seu interior até tem a mesma qualidade de madeira da cruz de Cristo, mas recebeu muitos retoques e embelezamento externo para facilitar sua aceitação. Quem carrega tal cruz retira as rebarbas da condenação do pecado para que possa continuar com sua vida da mesma forma de outrora, mas com uma aparência gospel, lixa-a para aliviar a aspereza do negar-se a si mesmo e a pinta ou enverniza para dar uma aparência agradável para que outros até topem carregar uma cruz bonitinha assim, imaginando com isto cumprir o verdadeiro IDE.

A cruz de Cristo é uma experiência radical, que nos muda radicalmente. Só a verdadeira cruz tem o poder de nos conduzir à essência da Verdade, que é Cristo Jesus.

Se nos dedicarmos a qualquer outra cruz que não a autêntica corremos o risco de, em vez de sermos salvos pelo sacrifício de Jesus na cruz, sermos nós mesmos crucificados nesta cruz fajuta, que nada tem a ver com a cruz de Cristo.



por Giuliano Barcelos
do NAPEC para o INPR Brasil






A cultura do Reino de Deus e as subculturas eclesiásticas

A capacidade de produzir cultura é uma das coisas que torna a humanidade diferente de todo restante da criação. Um povo sem cultura certamente será uma civilização sem história. De forma resumida, a cultura de uma nação é construída através das experiências vivenciadas nas formas de pensamentos, hábitos, comportamentos, linguagens, artes, e organizações sociais. Portanto, se é certo afirmar que, cultura é o resultado das manifestações e experiências vividas por uma comunidade, logo a Igreja como um fenômeno histórico também desenvolveria sua própria cultura.

Deste modo, inconscientemente um cristão sempre estará envolvido no mínimo com três formas de culturas: (1) Social, (2) Igreja-instituição (3) Reino de Deus.

Na cultura brasileira, certamente encontraremos elementos positivos, como por exemplo – culinária, arte, música, e festas que são marcas caracteristicas do nosso povo. Porém, misturada ainda à cultura nacional estão infelizmente agregados inúmeros elementos negativos, como a passividade diante da corrupção, paganismo, idolatria, ou carnaval que são expressões características de nossa cultura, mas que efetivamente contradiz a cultura do Reino de Deus.

Ainda refletindo sobre as possíveis formas de culturas, quando nos propomos a conhecer as culturas ou subculturas denominacionais, descobrimos que são infinitas as formas de linguagem, vestimentas, ou liturgias expressadas por inúmeros segmentos dentro do meio evangélico. O objetivo não é criticar ou valorizar as subculturas da igreja, mas elucidar que elas não podem ser comparadas com a cultura do Reino de Deus. O lamento característico por parte daqueles que conseguem fazer distinção entre a cultura do Reino de Deus e as subculturas das igrejas é perceber que muitos cristãos valorizam mais suas culturas locais (gerando divisão e preconceito), do que a própria cultura do evangelho do Reino de Deus.

Quanto prejuízo já foi provocado por causa de questões relacionado à vestimenta, linguagem, liturgia, ou comportamento estritamente cultural? Conheço inúmeras pessoas que estão fora da igreja porque foram envergonhadas, excluídas e abandonadas por causa da roupa que vestia ou linguagem que falava. São inúmeros os problemas desta natureza. È óbvio que toda igreja desenvolverá sua própria cultura no contexto histórico, mas pessoalmente prefiro o modelo cultural do Reino de Deus ensinado por Cristo Jesus. De modo que, acho extremamente válido citar no mínimo dois elementos da cultura do Reino de Deus, para uma melhor compreensão:

(1) Linguagem. Tanto a linguagem objetiva como a subjetiva expressada por Cristo, promoviam o bem comum de todos os homens, ao mesmo tempo, que denunciava o ódio, a violência e a discriminação em todos os níveis. Com isto, Deus estava estabelecendo através de Cristo a linguagem universal, contida dentro da cultura do Reino dos céus – a linguagem do amor.

Essa linguagem quando adotada como cultura por qualquer individuo, pode subjugar e aniquilar a linguagem da morte, da injustiça e do sofrimento.

Quem não conhece a linguagem do amor? Assim, todo discípulo do Reino de Deus, teria acesso a tudo e a todos, porque a linguagem do amor destruiria as barreiras, descomplicaria a vida e restabeleceria os vínculos humanos.

(2) Relacionamento. Ainda, dentro da cultura do Reino de Deus, encontramos nos evangelhos o modelo de relacionamento ideal e desafiador para um mundo hostil, onde predomina a lei do cão. Os conflitos, guerras e hostilidades comuns na história da humanidade seriam substancialmente eliminados, caso a cultura relacional do Reino de Deus fosse respeitada e praticada - “ Mas não sereis vós assim; antes o maior entre vós seja como o menor; e quem governa como quem serve.” Lc 22. 26

Seria impossível não estabelecer vínculos relacionais verdadeiros e duradouros, partindo da cultura de considerar o próximo com maior significado e importância.

Poderíamos citar outras expressões culturais do Reino de Deus, como por exemplo - comportamento ético, formas de pensamento, e outras, mas apenas com a reflexão acima nas duas formas culturais existentes no Reino de Deus (linguagem e relacionamento), já é possível observar a disparidade existente entre a cultura do Reino, quando comparada a qualquer outra forma de cultura.

Estou persuadido de que, quando os cristãos começaram a conhecer e a valorizar a cultura do Reino de Deus, as subculturas denominacionais não deixarão de existir, mas serão conhecidas apenas como uma simples expressão histórica secundária característica da igreja local. E assim, o mundo poderá conhecer não a subcultura local da igreja (muitas vezes cheia de defeitos ou preconceitos), mas descobrirá a grandiosidade da cultura do Reino de Deus, cheia de amor, dignidade e igualdade.




por Samuel Torralbo

é escritor, ministro do Evangelho, autor da obra "Em Defesa da Igreja" (Ed. Pathos) e colunista do INPR Brasil






Neopentecostalismo Cartoon (II)

No primeiro texto falei sobre algumas coisas e as relacionei diretamente ao movimento Neopentecostal, o que gerou alguns comentários de amigos.

É preciso deixar claro que não estou “combatendo por combater”. A proposta é expor em cinco textos alguns dos pontos mais falhos do movimento Neopentecostal, para dedicar o sexto texto para uma exposição diferenciada, embora todos os artigos não sejam apenas exposições de feridas, mas em caráter apologético, apontam para um caminho bíblico ortodoxo.

É preciso ressaltar que tais problemas não se restringem apenas ao movimento Neopentecostal, mas que se infiltraram nas diversas tradições, embora esteja muito mais evidente no segmento Neopentecostal.

Entretanto, fica claro que não cabe um pragmatismo raso nesta questão, já que é impossível tentar relacionar um movimento que dá mais ênfase a curas, dinheiro, soluções imediatistas, egocentrismo, hedonismo, materialismo, demônios e sacrifícios humanos com o cristianismo bíblico, e é isso que combato. Não é por acaso que recentemente uma denominação tradicional passou a considerar algumas Igrejas Neopentecostais como seitas.

Os que defendem esse modelo pragmático do Neopentecostalismo se assemelham àqueles que votam em políticos corruptos com base na falsa premissa: “Esse rouba, mas faz!”.

Explicado isso, vamos adiante! Neste texto, falarei sobre um assunto muito interessante: vamos conquistar o mundo!

A analogia da vez é com a série de desenhos “Pink e o Cérebro”

Pink e o Cérebro

Quem não se lembra dessas duas figuras? Pink e o Cérebro são dois ratinhos brancos de laboratório que tramam os mais loucos planos para dominar o mundo, embora nunca exponha os motivos para tal empreitada esdrúxula.

Criada por Tom Ruegger e Steven Spielberg, a transmissão original se deu ao final da década de 90. A marca desta série é sem dúvida alguma o a expressão presente no início e final de cada episódio:

Pink: - Cérebro, o que faremos amanhã à noite?

Cérebro: - A mesma coisa que fazemos todas as noites, Pink! Tentar conquistar o mundo!

Analisando essas figuras, temos mais um cenário Neopentecostal.

Pink, o rato mais alto, é magricelo, com dentes tortos e saltados e com atitudes infantis, de modo tão exagerado que beira o cúmulo da ignorância. É peça nas mãos de Cérebro, mas sempre comete besteiras agudas que estragam seus planos mirabolantes. As besteiras de Pink normalmente deixam Cérebro nervoso, mas ainda assim Pink o considera como um grande amigo.

Cérebro, o rato mais baixo, tem uma enorme cabeça, evidenciando sua grande massa cinzenta. Cobiçoso que é, vive tramando planos de conquista. Normalmente seus planos acabam por água abaixo, recheados com mancadas do Pink.

Mas e aí? Onde entram as esquisitices Neopentecostais?

Vou relacionar três delas:

a. Modelos de crescimento exponenciais: para muitos, falar a palavra discipulado é motivo de pânico. Quem quer que tenha participado desses movimentos (ou participa) deve ter ouvido algum líder berrando: “Eu vejo multidões atrás de você!”; “Deus te chamou para conquistar as nações!”; “Estamos no tempo da colheita, e essa é a visão!”; “Eu estou na visão!”; e por aí vai. Até 5 anos atrás, quem não tinha adotado algum movimento de crescimento estava por fora. Era só mais um cristão antigo, que não tinha captado a estratégia de conquista.

Vale o adendo: eu conheço pessoas que filtraram os ensinos desses movimentos e, ao trabalhar com grupos de edificação e crescimento espiritual tiveram resultados positivos. Mas estou aqui tratando das esquisitices destes movimentos que, sejamos francos, causaram muito mais feridas que qualquer outra coisa. Poucos são os que tiverem respeito suficiente pelas pessoas para que tais se tornassem verdadeiros cristãos. A maioria usou dos métodos como instrumento de domínio.

Assim como Cérebro, os líderes viviam forçando seus “Pinks” a “conquistar o mundo”. Forçando multiplicações celulares, impondo sua ideologia e, assim como Cérebro, sua cobiça sem fim, afinal, para tais homens, igreja cheia é sinal de sucesso (para eles, sucesso financeiro principalmente).

Eu fui “Pink” por muito tempo e falo com propriedade. Hoje, nenhum Cérebro me domina, a não ser Cristo, cabeça da igreja.

b. Atos Proféticos: conquista de cidades, estados e nações: é duro saber que ainda nos dias de hoje essa prática perdura. Muitos crentes ainda vivem debaixo de ensinos mágico-gospel liberando sua voz profética determinando um sem fim de vitórias. Como um abracadabra, querem “conquistar o mundo” na marra.

A cidade onde moro, São José dos Pinhais – PR, viu nos últimos anos um sem fim de entregas das “chaves da cidade para Jesus”. Foram tantas e tantas chaves passadas por políticos que, brincadeiras a parte, deu para montar um belo molho de chaves para Jesus. Nada mais que misticismo travestido de cristianismo.

Você deve ter visto em sua cidade tal cena também. Nessa ânsia de encher templos e bolsos, muitos desses “Cérebros” tem feito uso de um sem número de “Pinks” para poder “conquistar o mundo”. O problema dessa dominação acaba desdobrando-se em outros níveis da vida dos crentes, onde o líder é o guru exclusivo para assuntos aleatórios.

c. Sacerdócio: é fato, a maioria das pessoas que hoje entram numa igreja vêem em seu líder um ser místico e mágico-religioso, ou um pai, ou o melhor amigo, etc. Muitos acabam por se submeter a regimes paramilitares-eclesiásticos. Nesses regimes, o Cérebro é o referencial para tudo, e Pink fica a mercê de seus mandos e desmandos.

Tenho uma pessoa próxima que esteve por anos numa denominação pentecostal histórica. Hoje ele faz parte de uma denominação Neopentecostal da onda neoapostólica, e segundo ele está com todos os dias da semana “dedicados à obra”. Como ele mesmo me disse: “fora do trabalho, não me sobra tempo pra mais nada”. Me pergunto o que é isso?! A família, os relacionamentos, a própria vida com Deus é substituída pelo ministério, pelas funções, pelos cargos e afins.

O sacerdote Cérebro é inquestionável, ele é a voz de Deus e ai se Pink questionar seus mandos, é um rebelde! Cérebro manda: “Pink, devemos estar aqui, totalmente dedicados para conquistar esse mundo!”.

Vi um Cérebro desses no meu passado. O controle era tanto que até relatório financeiro era solicitado. Era preciso prestar contas do que era feito com o salário. Enfim, uma fanfarra gospel para que pudéssemos “conquistar o mundo”.

Voltemos ao Evangelho

Como não ser um Pink nas mãos de um Cérebro nesses dias tão fragmentados?Voltemos ao Evangelho.

A dedicação ao estudo da Palavra, o uso da racionalidade diante de cenários tão bizarros e o entendimento que diante de Deus existe o sacerdócio universal dos santos, nos fará uma igreja mais próxima dos moldes gentílicos tão explícitos no Novo Testamento.

Amigo leitor, sugiro de imediato uma atitude para entendimento mais amplo do que é ser igreja: leia o Novo Testamento e faça um estudo mais enfático nas cartas do apóstolo Paulo. Peça ajuda ao professor de Escola Bíblia (sim, em alguns locais elas ainda existem!) de sua igreja para trabalhar com esse estudo. Compre um bom comentário bíblico e mãos à obra!

Estamos na Nova Aliança pelo Sangue de Cristo, espargido no Calvário, portanto, vivamos nela!
Toda honra e glória ao Senhor!



por João Rodrigo Weronka

É mais difícil evangelizar ateus?

Em primeiro lugar, quero pedir desculpas aos ateus quando um cristão afirma que tem provas científicas da existência de Deus. São geralmente cristãos mal informados. Não existem provas científicas de que Deus exista. E se existissem, teríamos que determinar qual Deus existe: Jeová, Alá, Buda, etc.. Provaríamos isso cientificamente? Jamais! Da mesma forma, os ateus não têm como provar cientificamente que Deus não existe. No máximo, poderiam afirmar: "Até agora, se existe, Ele não se revelou com provas científicas para nós." Calma! Não se assuste, meu caro leitor! Provas científicas são aquelas que podem ser constatadas em laboratório, inclusive serem reproduzidas e visualizadas. Mas Deus é espírito. (João 4:24)

Não podemos colocar Deus num laboratório, e nem poderemos, pois se o fizéssemos, tornaríamos a existência de Deus e nossa fé nEle dependentes dessa prova. E um Deus que depende de provas científicas, materiais, para ser crido, é inferior a essa prova. Deus não precisa disso. Assisti a uma palestra do irmão em Cristo, Augustus Nicodemos, sobre Criacionismo ou Evolucionismo, e dele ouvi as seguintes palavras, aqui parafraseadas: "A briga sobre a existância de Deus não é no campo da ciência, e sim da fé. Assim como os evolucionistas ateus têm fé em que Deus não existe e na teoria da evolução, assim também temos fé em que Deus existe e criou todas as coisas". Sim, tudo é uma questão de fé. Todavia, a fé que os evolucionistas depositam em suas teorias e suposições carece de muitas provas, do contrário não seria teoria. E tais provas precisam ser visíveis, cientificamente palpáveis. Nossa fé em Deus vem do próprio Deus. (Lucas 17:5)

Mas se não há, para os cristãos, provas científicas sobre a existência de Deus, o que nos faz crer nEle? Ele! Fomos eleitos desde a fundação do mundo! (Efésios 1:3, 4) Não me pergunte por que muitos não foram. Não sou Deus para responder. Assim, quando abordamos ateus, com seus inúmeros questionamentos, simplesmente digo a eles: 'Queridos, Deus um dia se revelará a vocês, não de uma forma científica, mas espiritual. Isso ocorrerá, ou antes da morte de vocês, ou depois'. Evidentemente, vou argumentar que "cada casa é construída por alguém, mas Deus construiu tudo" (Hebreus 3:4), todavia os ateus têm outros pressupostos - tudo veio do acaso. Daí, direi: 'Mas o acaso não pode construir algo, pois para ele ocorrer, alguma ação deve ter originado tal acaso. Por exemplo, se por acaso eu encontrar uma carteira no chão, alguém deixou-a cair ali'. Mas os ateus dirão: 'Um acaso gera outro, e o começo disso não se sabe'.

E aonde chegaremos nesse debate? A lugar nenhum. Mas de qualquer forma, devemos pregar Cristo a eles, pois no final, eles serão indesculpáveis perante Deus. Queria que o meus leitores refletissem no seguinte: O Espírito Santo convence o pecador do pecado. Então, Ele convence o ateu de seu pecado também. Mas o Espírito Santo é Todo-Poderoso, e eu não consigo imaginar o Todo-Poderoso Espírito Santo não conseguindo convencer o pecador, mas posso entender que aqueles que não hão de ser salvos jamais receberão essa graça de serem convencidos. Não me entra na cabeça o Espírito Santo tentar convencer quem ele já sabe que não será convencido, ou não ser bem-sucedido em convercer meros humanos infintamente inferiores. Eles apenas terão a oportunidade de ouvir o evangelho através de nós, que não somos Todo-Poderosos, para dizerem NÃO ao evangelho!

Querido leitor, Deus não falha em convencer, nem lhe falta poder para isso. Tanto que muitos ateus foram convertidos a Jesus, não porque quiseram, mas porque o Espírito Santo lhes convenceu de forma irresistível, inquestionável. Imagine isto: Jesus pregou a muitos. Eles não foram convencidos pelo Espírito Santo, ou o Espírito Santo não tentou convencê-los, porque primeiro já sabia que não se converteriam, e segundo, não haviam sido escolhidos desde a fundação do mundo? Creia: Você (cristão salvo) e eu fomos eleitos desde afundação do mundo. Muitos ateus, não. Então, é mais difícil evangelizar ateus? Sim e não. Sim porque os argumentos deles fogem da questão fé, Bíblia, e se concentram na ciência, nas provas, e como não estamos preparado para tais argumentos, nem conhecemos ciência como muitos ateus, torna-se realmente difícil o diálogo; E não, porque também há muitos que creem em Deus e jamais serão convertidos também. Façamos nosso evangelismo de forma cabal.

Os ateus são insensatos por afirmarem "Nâo há Deus" (Salmo 14:1), mas são alvos do nosso amor. Cem por cento dos ateus que hão de ser salvos serão convencidos pelo Espírito Santo. E cem por cento dos que não foram eleitos desde a fundação do mundo, ateus e religiosos, irão para o inferno. E se você é ateu e está lendo essa matéria, e achou Deus injusto, acho bom você rever seus conceitos se realmente você é ateu. Afinal de contas, chamar quem não existe de injusto não é nada científico! Observação: Se você é apologista e acha heresia eu ser calvinista, seja macho e publique em seu site que você acha heresia o calvinismo e, inclusive, não dê palestras em igrejas calvinistas, se beneficiando do dim-dim de quem você acha herege. Quanto a mim, não acho heresia e nem pecado o arminisnismo (ateísmo é pecado), mas acho uma infantilidade espiritual de quem foi eleito e salvo antes da fundação do mundo, mas não cresceu suficiente na fé, a ponto de entender a tão maravilhosa graça irresistível de Deus. De qualquer forma, ver-nos-emos no céu. Mas os ateus que não forem convertidos até sua morte, sinto muito.




por Fernando Galli
do IACS para o INPR Brasil







O falso Deus da Superinteressante

Revistas brasileiras tidas como cientificas às vezes se arriscam em falar sobre assuntos que desconhecem, tais como religião, Deus, Bíblia e Cristianismo. Não é preciso dizer que é um desastre total a intenção destes periódicos quando tratam de um assunto que desconhecem. A revista evolucionista chamada Superinteressante às vezes se torna desinteressante quando trata de assuntos religiosos. Na edição de novembro de 2010 o texto é bem abrupto, e escrito por pessoas que aparentemente desconhecem a Teologia Clássica, e transmitem ideias que mais parecem escritos ateístas.

O titulo proposto pela revista "Deus, uma biografia" é um assunto que deveria ter sido escrito por pessoas conhecedoras da teologia judaica e cristã, para apresentarem o assunto (Deus) de uma maneira mais adequada. Entretanto não é o que vemos nesta edição da Superinteressante. Os autores, José Lopes e Alexandre Versignassi tecem o texto com inúmeras piadas e conjecturas, e chegam a dizer que “Os deuses nasceram do pôquer...” (pág. 60). Dizem que através de seus estudos descobriram que o Deus da Bíblia foi casado, e que sofreu um divorcio litigioso, que era vingativo, ambicioso e que conseguiu se destacar entre os deuses usando o engano e que ao amadurecer se tornou menos falível. No final de seu texto declaram que: “... A saga de Javé é só um dos reflexos de uma epopéia maior: a da humanidade buscando um sentido para a existência” (pg 67). Uma conclusão que faria Richard Darwins lutar de alegria, afinal é o tipo de ironia que fazem os ateus de nosso século.

Na narrativa dos autores a evolução logicamente está presente, e explicações de antropólogos famosos são citações, para eles, de peso. Afirmam que na historia de nossa evolução deixamos de adorar deuses com formas de animais e que progredimos com a cultura grega. Estão corretos em algumas de suas afirmações, dentre elas, quando dizem que os gregos adoravam deuses que personificavam as forças da natureza. Os autores exploram a semântica e certos nomes como Teiman e Paran, assim como Yamm e Mot, e em um jogo de palavras; passam a impressão de erudição. Toda a reportagem é epigramática e o Deus da Bíblia é apresentado como um mito que se desenvolveu entre a humanidade.

A interpretação que apresentam do salmo 82 é cômica e parece ter sido interpretada por teólogos mórmons. Fazem uso indevido do texto bíblico e são factóides em suas afirmações. O salmo 82 para eles é “uma espécie de Câmara dos Deputados dos deuses, na qual eles se reúnem para discutir assuntos importantes...” (pág. 64). Afirmam ainda que, em um período da historia Javé impôs sua vontade perante os deuses cananeus. Entretanto, o texto em pauta não tem a ver com reuniões de deuses no céu, ao contrário, esta passagem é uma poesia onde Asafe expõe a ironia de Javé sobre os juízes judaicos daquela época. Aqueles juízes estavam debaixo do julgamento de Javé, é como se Deus afirmasse: “Vocês pensam que são deuses, entretanto como homens vocês morrerão”. Um julgamento justo sobre juízes que acreditavam que Javé nunca os puniria por seus erros, e mesmo que fossem tratados pelo povo como deuses, Javé estava alertando-os, “como homens vocês morreram”.

Os autores da Superinteressante foram infelizes ao tentarem interpretar um texto da Bíblia que desconhecem; deveriam sempre, em suas pesquisas, consultar ambas as partes, os teólogos clássicos e os estudiosos seculares, mas como não o fazem, trazem esta desinformação a um publico que em sua maioria desconhece a Bíblia. Os autores finalizam sua reportagem afirmando que “... a saga de Javé é só um dos reflexos de uma epopéia maior: a da humanidade buscando um sentido para a existência. Neste aspecto, continuamos tão perdidos quanto os antigos que não sabiam por que o trovão trovejava ou o que as estrelas faziam pregadas no céu. Ainda não sabemos por que estamos aqui. E a única certeza é que vamos continuar buscando respostas. Seja o que Deus quiser”.




por Marcos Lopes
da SOPC para o INPR Brasil






Pérola sectária: Os primeiros serão os últimos

Em Mateus 20:16, Jesus proferiu o seguinte: "Assim, os últimos serão primeiros, e os primeiros serão últimos porque muitos são chamados, mas poucos escolhidos". Aqui trata-se do final da parábola dos trabalhadores. (Mateus 20:1-16) Certo pai de família sai de madrugada e ajusta trabalhadores por um dia, para receberem um valor X. Às nove da manhã (terceira hora), ao meio dia (sexta hora) e às 15 horas (nona hora) ajusta outros trabalhadores. E perto da noite, por volta das 17 horas (undécima hora), ajusta trabalhadores por apenas uma hora. Depois, ordena que todos recebam a mesma quantia, dos últimos contratados até aqueles primeiros. Com isso, muitos murmuram contra o pai de família por aqueles que trabalharam apenas uma única hora e receberam o mesmo que os outros que trabalharam mais. Como Allan Kardec e os espíritas aplicam essa passagem? Veja:

“Bons espíritas, meus amados, sois todos vós obreiros da última hora. [...] os trabalhadores chegados à primeira hora são os profetas, Moisés, e todos os iniciadores que marcaram as etapas do progresso, seguidos através dos séculos pelos apóstolos, os mártires, os Pais da Igreja, os sábios, os filósofos, e, enfim, os espíritas, Estes, os últimos a virem, foram anunciados e preditos desde a aurora do Messias, e receberão a mesma recompensa.” - Allan Kardec, O Evangelho Segundo o Espiritismo, páginas 252, 253, capítulo XX, itens 2 e 3, 304a. Edição, Editora Ide.

Resposta cristã - Todas as seitas poderiam usar essa mesma interpretação para suas prerrogativas de única igreja verdadeira. Visto que são grupos recentes, como o Espiritismo Kardecista, que surge após a morte de Allan Kardec em 1869, apregoam serem os trabalhadores da última hora. No caso do Espiritismo, que se denomina o cumprimento da vinda do Consolador, a explicação herética acima confere aos espíritas de hoje o papel de personagem central da parábola de Jesus, e como se Moisés e os primeiros cristãos fossem os resmungadores. Mas na verdade, Jesus não falava de uma seita que surgiria para negar sua morte sacrificial e ensinar uma doutrina da salvação por méritos próprios. O objetivo da parábola de Jesus era mostrar que "os que se arrependem na última hora podem ser igualadosaos que muito antes já haviam começado na bondade e no trabalho. O que importa não é o volume de trabalho, mas a sua qualidade." - LOCKYER, Herbert. Todas as Parábolas da Bíblia, página 249, 250. Editora Vida. São Paulo. 2006.

Percebemos aqui também uma crítica de Jesus àqueles que, na obra de Deus, pensam no lucro, não reconhecem os direitos do patrão, Jesus, de abençoar quem e como quiser, e a inveja daqueles que pensam mais na quantidade de que na qualidade. (HENDRIKSEN, William. Comentário do Novo Testamento: Mateus. Volume 2. Página 335. Editora Cultura Cristã) Que atitude desrespeitosa daqueles murmuradores diante de um Dono da Vinha que por generosidade contrata além do que precisava, que não pagou menos do que o combinado, mas que agraciou os que estavam há mais tempo sem trabalho! De fato, "a graça de Deus não está limitada por nossos conceitos de justiça; suas dádivas são muito além daquilo que merecemos." (CARSON, D. A. Comentário Bíblico Vida Nova. Página 1398. Editora Vida Nova. 2009.) A graça de Deus viu-se demonstrada no caso do malfeitor, ao lado de Jesus, que nos últimos minutos, por demonstrar fé em Jesus, recebeu a promessa de estar, naquele mesmo dia, com Ele no paraíso, sem precisar reencarnar centenas ou milhares de vezes, para pagar por seus crimes antes da cruz. Jesus pagou por ele, que trabalhou pouco, mas com qualidade. - Lucas 23:39-46.

Pobre daqueles que se acham os últimos - os espíritas - que se acham ser merecedores do salário divino, mas motivados pela crença de que percorrerão muitas vidas, mundos, até se tornarem puros - recompensa demorada! No caso destes, seu patrão nem lhes é salvador, nem gracioso, pois muito trabalho ainda lhes dará, em muitos sofrimentos, sem um resgatador, até que possam se livrar de suas supostas e tão necessárias reencarnações. Os cristãos, em vez disso, são alvos da graça de Deus. Trabalhamos por estarmos certos e agradecidos da recompensa, maior do que imaginávamos, cem vezes mais, já no presente, e no mundo porvir, com vida eterna. (Mateus 19:28, 29; Marcos 10:29, 30).




por Fernando Galli
do IACS para o INPR Brasil






Neopentecostalismo Cartoon (I)

O movimento neopentecostal tem produzido uma caricatura mal acabada da essência do cristianismo bíblico. Normalmente aqueles que não são cristãos acabam colocando no mesmo saco os crentes bíblicos e os filhos das heréticas correntes neopentecostais.

A enxurrada de modas, invencionices e mesmo blasfêmias preocupa aqueles que têm buscado uma vivência cristã livre desse misticismo bizarro, onde a cruz é esquecida, a graça é pisada e as práticas egocêntricas são incentivadas.

Nessa pequena série de textos vamos mostrar uma análise diferenciada de como o movimento neopentecostal é defeituoso em essência e que precisa ser combatido doutrinariamente.

O meio para tal análise é através de algo comum à vida das pessoas: desenhos animados! Mas calma, não será nada relacionado ao frenesi das mensagens subliminares ou daqueles fanáticos caça-demônios. Quem tem filho pequeno em casa deve ter experiência semelhante à minha, onde os pimpolhos gostam mesmo é de ver animações na TV.

Nessa ida e vinda de desenhos atuais que tenho visto, e me lembrando dos antigos que já vi, notei que algumas nuances dessas animações são muito particulares a algumas práticas neopentecostais.

A Fuga das Galinhas

A Fuga das Galinhas é uma animação britânica produzida no ano 2000, dirigida por Peter Lord e Nick Park. O cenário é uma granja de galinhas, retratado na década de 50 na Inglaterra, onde as ditas tentam a todo custo escapar da rotina diária da produção de ovos ou – no extremo – da degola em caso de déficit produtivo. A líder do bando é a simpática Ginger, uma galinha que sonha com algo melhor para suas amigas.

Após muitas e muitas tentativas frustradas, eis que Rocky, “O Galo Voador”, surge miraculosamente na vida das galinhas e tentará ensiná-las a voar. A divertida animação continua e algo em particular me chamou a atenção em dado momento.

Os donos da granja compram uma máquina para produzir tortas de galinha, e ao aumentar a porção de ração para engorda dos bichos, Ginger, esperta como só, alerta a todas as galinhas que o intuito dos granjeiros nada mais é que engordá-las para matar a todas para a produção de tortas.

Eis que o espertalhão Rocky entra na cena e interrompe a conversa. O diálogo fica assim:

Rocky: - Você deve pegar mais leve. Saiba que na América temos uma regra, se você quer motivar alguém, não fale em morte!
Ginger: - Engraçado, pois aqui a regra é: fale a verdade sempre!

Rocky: - Ah, e isso dá ótimos resultados, né? Eu te dou um conselhinho, se quer resultado, diga o que elas querem ouvir.

Ginger: - Ou seja, minta!

Rocky - Ah pronto, começou de novo! Sabe qual é o seu problema? Você complica!

Ginger: - Por quê? Por que eu sou honesta? Eu me preocupo com elas...

Em síntese, omita a verdade e fale apenas aquilo que a platéia quer ouvir.

A declaração do galo Rocky faz lembrar o modus operanti da maioria dos pregadores neopentecostais e outros moderninhos que esqueceram a cruz: esconda a verdade, esconda a morte, fale aquilo que a platéia quer ouvir, e não o que deve ouvir. Lustre os ouvidos ávidos em um evangelho falso.

Que o relativismo é um elemento presente no meio secular, não é novidade, mas quando isso se infiltra no meio “chamado evangélico”, temos um trágico cenário formado, onde Cristo que é o Principal fica afastado. Eis o motivo da preocupação citada no início deste texto.

Pra que se falar em morte, em cruz, em eternidade, quando o povo quer ouvir sobre vitória, conquista, bem estar, chuva de prosperidade neste tempo, neste século?

Morte? Verdade? Acaso esses elementos estão presentes no movimento neopentecostal?

Interessante é que os vendilhões dos dias de hoje fazem como o galo Rocky, mentem para o povo de modo gritante e ainda acusam os poucos que não se prostraram diante do bezerro da prosperidade de “complicadores”. Me sinto com a Ginger, querendo alertar amigos e irmãos sobre o perigo que correm, mas sendo sempre considerado um “complicador”... ajuda-nos Senhor!

Os galos de plantão, relativistas que são, fogem da verdade e vendem fábulas ao povo. Não anunciam a morte do Cordeiro e muito menos Sua ressurreição, que dirá então de Sua volta! (2Tm 4.3-4).

“Facilitadores” que são (pois na complicam as coisas), falam apenas em dádivas, e nunca na cruz que deve ser carregada (Mt 10.38).

E por fim, como não são honestos, preferem tão somente o a falsa piedade para alcançar o mero lucro (1Tm 6.5).

Sejamos sóbrios e vivamos longe desses pregadores “Galo Rocky” (que mais são lobos que qualquer outra coisa). Uma mera religião sem morte, que não fala sobre a Verdade, que fica polindo ouvidos “com aquilo que as pessoas querem ouvir” e preocupado com resultados rasos, que mente, que não é honesto e não se preocupa com as pessoas, nem de longe é cristianismo. Vigiai!


Toda honra e glória ao Senhor!



por João Rodrigo Weronka
do NAPEC para o INPR Brasil



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Giro de Fé

A partir de hoje iremos apresentar algumas das principais notícias que ocorreram ao redor do mundo e que envolvem temas religiosos. Esta será uma breve extensão de nossa coluna "Giro de Fé", que assinamos na revista Apologética Cristã.

A cruzada contra o Islã

No mesmo dia em que o pastor Terry Jones anunciou que sua igreja não irá mais queimar exemplares do Alcorão, um homem foi preso em Nova York por ter queimado uma página do livro "sagrado" em protesto ao projeto de construção de um centro islâmico (que inclui uma mesquita) próximo ao marco zero. Em uma foto divulgada pela Reuters, um outro homem exibia um cartaz com os dizeres "Real Americans Don't Burn Quran" (verdadeiros americanos não queimam alcorões).

Ao mesmo tempo, em Washington, um grupo de manifestantes cristãos protestavam em frente a Casa Branca com páginas do Alcorão nas mãos. Segundo informações do G1, Andrew Beacham, que também participava do protesto, leu algumas passagens do Alcorão, interpretadas como chamados ao ódio contra judeus e cristãos, arrancando em seguida páginas inteiras de um exemplar de bolso em inglês do livro sagrado dos muçulmanos.

Igreja católica de Londres realiza missa para gays

Para surpresa dos londrinos e de alguns católicos conservadores da Grã-Bretanha, foi realizada hoje (11), a primeira missa exclusivamente para gays. O detalhe é que a missa acontece a poucos dias da visita do Papa Bento XVI à ilha e com aval do Vaticano.




De acordo com o presidente do Conselho Pastoral de Missas de Soho, Joe Stanley, "este não é um lugar que oferece uma plataforma para se criticar a doutrina da Igreja. A ênfase é no cuidado com os fieis. Às vezes, as pessoas chegam aqui com lágrimas nos olhos, porque, pela primeira vez, duas partes realmente importantes das suas vidas se encontraram: sua fé católica e sua identidade sexual”.




por Johnny T. Bernardo
do INPR Brasil








O pastor Terry Jones contra o islã

Como pesquisador da religião e, em especial, da religiosidade norteamaricana, estou acompanhando com atenção o desenrolar da crise envolvendo a pequena igreja da Flórida, liderada pelo pastor Terry Jones, que pretendia queimar no próximo sábado (11) exemplares do Alcorão.

A notícia ocorre ao mesmo tempo em que se discute à criação de um centro islâmico a apenas dois quarteirões do que foi o World Trade Center e que, segundo pesquisa realizada pelo instituto Marist, pelo menos 52% dos nova-iorquinos são contra o projeto.

Não é nosso objetivo fazer coro com os que defendem o Islamismo como religião suprema, mas também não devemos sair em defesa de grupos religiosos cristãos (ou supostamente "cristãos") que para impor suas crenças ridicularizam e intimidam outras confissões de fé. Não foi isso que Jesus nos ensinou. Ao comer com os publicanos e pecadores, Jesus demonstrou qual deve ser o tipo de relacionamento que devemos manter com os "outros".

Lembro-me que, até pouco tempo atrás, alguns dos nossos irmãos mais fervorosos travavam uma guerra "santa" contra tudo e contra todos que (em sua ótica "pentecostal") desrespeitavam seus usos e costumes. Passados alguns anos, parece que a visão estereotipa de alguns aloprados "pregadores" das praças está dando lugar a uma nova visão de evangelismo, menos demonizadora mas, porém, com maior ênfase em prosperidade e "cura" espiritual e carnal. Pouco mudou!

A guerra aos livros

Depois de igrejas, mesquitas e institutos, os livros são um dos que mais sofrem com o extremismo religioso. Ray Bradbury, um escritor e visionário americano dos anos 50 e autor de uma obra intitulada "Fahrenheit 451", revelou, em 1953, seu temor de que um dia os livros seriam proibidos por serem considerados uma ameaça ao sistema - algo semelhante acontece no longa "O Livro de Eli" em que um único exemplar da Bíblia é disputado pelos sobreviventes do mundo pós-nuclear.





Outro que compartilha de uma visão semelhante é o autor Fernando Baez, que no livro "História Universal da Destruição dos Livros", estabelece uma linha cronológica em que os livros passam por diversos períodos de perseguição e destruição. O autor revela, por exemplo, a perseguição movida pelo islamismo aos textos cristãos e a queima de títulos pela Igreja Católica durante a Inquisição.

Vejo algo semelhante entre o que pretende o pastor Jones com as investidas nazistas contra o judaísmo. No auge da Segunda Guerra Mundial milhares de cópias da Torá e de outros livros de autoria de judeus foram queimados em redutos nazistas na Alemanha. Por outro lado, em 2009 um grupo de judeus ortodoxos queimaram centenas de cópias do Novo Testamento que haviam sido distribuídos por missionários evangélicos. Segundo o jornal Israeli Maariv, inúmeros estudantes de escolas religiosas judaicas participaram da queima, que teve como líder o rabino Aharon.

O caso da pequena Igreja cristã Dove World Outreach Center, que desde o final de agosto tirou de Nova York parte da atenção mundial, representa um movimento à parte das igrejas cristãs americanas comprometidas com o Evangelho puro e simples.

O Islã é "do" demônio

O pastor Terry Jones é mesmo uma figura. Com seu bigode típico de um sulista e fã de carteirinha do filme Coração Valente, com Mel Gibson (do qual possui um pôster no escritório), Jones é conhecido por andar sempre com uma pistola na cintura. O Correio Braziliense lembra que o Rev. é o autor do slogan "O islã é do demônio" que virou o título do seu livro e que também aparece em canecas e camisetas comercializadas pela Igreja. Em agosto de 2009, a World Outreach Center virou notícia na região quando duas crianças foram à escola vestindo camisetas com a polêmica frase — e foram obrigadas a voltar para casa.

Tudo nos leva à crer que, por trás da propaganda do Rev. Terry, existe algo além do que uma "refutação" ao islamismo. De fato, sua pequena igreja de 50 membros ganhou mais notoriedade no mundo do que o projeto da construção de um centro islâmico em NY. Ainda segundo o Correio Braziliense, a igreja, localizada na pequena cidade de Gainesville, com apenas 114 mil habitantes, ficou cercada durante todo o dia por jornalistas, manifestantes e curiosos. Por telefone e e-mail, milhares de pessoas tentaram enviar mensagens ao pastor Jones. A resposta veio pelo site da igreja: “Entendo o porquê de vocês estarem com tanto ódio. (…) Mas é porque amamos muçulmanos, cristãos, ateus e todo o resto queremos que eles encontrem a verdade. Vocês vão encontrar essa verdade na Bíblia”, diz o texto.

Que dizer a respeito? A intolerância religiosa não deve ser permitida em momento algum, mesmo quando "atacados" por terroristas islâmicos ou por adeptos da seita Suprema do Japão. Devemos sempre, como cristãos sinceros e com amor no coração, demonstrar respeito e solidariedade para com os vivem às margens da sociedade. Devemos mostrar à verdade, mas não impô-la goela abaixo. Jesus nos chamou para transformar o mundo e não para destruí-lo. Chutar "santas" e incitar ódio contra qualquer que seja a confissão de fé não é coisa para convertido. Jesus foi enfático ao dizer:

"Portanto, tudo o que vós quereis que os homens vos façam, fazei-lho vós também, por que está é a lei e os profetas". (Mt. 7.12)

Queremos o respeito dos hindus, dos muçulmanos, dos budistas, dos xintoístas, mas não respeitamos suas crenças, ofendemos seus líderes, quebramos suas imagens, queimamos seus livros etc. Os americanos choraram após o 11 de setembro, mas também sofreram os que perderam familiares vítimas das bombas atômicas de 1945, as vítimas da intervenção americana na Coreia, Vietnã, Afeganistão, Iraque e das diversas operações secretas da CIA nos países em desenvolvimento. Se queremos paz, temos de difundir a paz, e não o ódio. Jesus nos deu o exemplo. Agora, cabe a cada um de nós seguir o que é certo e honroso.




por Johnny T. Bernardo
do INPR Brasil






Revista Povos

Revista Apologética Cristã

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