Novas Luzes ou pisca-pisca? (I)


Minha reflexão de hoje será específica. Gostaria de considerar duas passagens utilizadas pelas Testemunhas de Jeová em sua sanha de convencer aos mais incautos de que é válida a constante mudança nos ensinos e procedimentos organizacionais que a Torre de Vigia patrocina por várias gerações.

Segundo reflete a sua história moderna, a experiência das Testemunhas de Jeová tem sido como a descrita em Provérbios 4:18: “A vereda dos justos é como a luz clara que clareia mais e mais até o dia estar firmemente estabelecido.” A luz tem clareado progressivamente, assim como a aurora é seguida pelo nascer do sol e a plena luz de um novo dia. Considerando os assuntos à luz do conhecimento disponível na época, elas tinham às vezes conceitos incompletos, até mesmo inexatos. Por mais que se esforçassem, simplesmente não podiam entender certas profecias até que estas começassem a se cumprir. Ao passo que Jeová tem lançado mais luz sobre a sua Palavra por meio de seu espírito, seus servos têm estado dispostos humildemente a fazer os necessários ajustes.

Uma pesquisa rápida na história das testemunhas demonstra claramente o grande rol de mudanças de ensinamentos sobre questões como saúde (aceitação de vacinas, uso do sangue e de partículas deste, transplantes de órgãos, etc.), morais e costumes (uso de cigarro, uso da barba e cavanhaque, divórcio, práticas sexuais dentro do matrimônio, como a felação), doutrinários (adoração ou não a Jesus, ressurreição de pessoas de Sodoma e Gomorra, “geração que não passará”) e organizacionais (nascimento repentino de um Corpo Governante, como lidar com desassociados e dissociados, fim do estudo de livro de congregação, mudança na distribuição de literatura, etc.). Não tenho a intenção de contar todas as mudanças, mas segundo Fernando Galli, já passam de 315 desde o começo da seita até o ano de 2010!

Então, consideremos: se é uma questão de “luz que brilha mais e mais”, pelo amor de Deus, quando é que esse dia luminoso vai chegar? O povo de Jeová ainda anda nas trevas até hoje? Pelo número de modificações constantes, parece que sim.

A aplicação do texto de Provérbios 4:18 pelo Corpo Governante é tão forçada, tão sem propósito, que cai ante uma análise simples do contexto. Leiamos a passagem desde o seu início textual, como manda a mais simples lógica exegética:

“Não entres na vereda dos iníquos e não te encaminhes diretamente para o caminho dos maus. Evita-o, não passes por ele; aparta-te dele e passa adiante. Pois eles não dormem a menos que façam alguma maldade, e o sono lhes é arrebatado a menos que façam alguém tropeçar. Pois alimentaram-se do pão da iniqüidade e bebem o vinho de atos de violência. Mas a vereda dos justos é como a luz clara que clareia mais e mais até o dia estar firmemente estabelecido. O caminho dos iníquos é como as trevas; não souberam em que têm estado tropeçando” (Provérbios 4:14-19).

Gente! O proverbista está fazendo uma comparação entre o caminho dos iníquos e o caminho dos justos. Entre o modo como deve SE COMPORTAR o justo em contraponto com o iníquo. Diz que a pessoa precisa olhar em qual caminho deve andar. Se for escuro, não vá. Se for uma luz que clareia mais e mais até que o dia esteja firmemente estabelecido, então pode ir neste último. O texto não tem nada a ver com aumento de conhecimento, nem de instrução bíblica, nem nada semelhante. Trata-se de um aconselhamento de conduta!


Cleber Tourinho

ex-testemunha de Jeová, professor, linguista, revisor de textos, orientador em Medotodologia da Pesquisa Científica e está mestrando em Letras e Linguística pela Universidade Federal da Bahia



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