Por que um padre não pode se casar?


Segundo a Igreja Católica, aquele que tem vocação para o sacerdócio não pode se casar. Mas essa tese não resiste a um confronto com o bom senso e, muito menos, com a Bíblia. É o que veremos a seguir.

A Bíblia é contra?

Não, é o que nos salta à vista com o texto a seguir transcrito:

"Fiel é esta palavra: Se alguém aspira ao episcopado, excelente obra deseja. É necessário, pois, que o bispo seja irrepreensível, marido de uma só mulher, temperante, sóbrio, ordeiro, hospitaleiro, apto para ensinar; não dado ao vinho, não espancador, mas moderado, inimigo de contendas, não ganancioso; que governe bem a sua própria casa, tendo seus filhos em sujeição, com todo o respeito (pois se alguém não sabe governar a sua própria casa, como cuidará da Igreja de Deus?); não neófito, para que não se ensoberbeça e venha a cair na condenação do Diabo. Também é necessário que tenha bom testemunho dos que estão de fora, para que não caia em opróbrio, e no laço do Diabo" (1Tm 3.1-7. Grifo nosso.).

O texto acima transcrito dispensa explicação, tal a sua clareza. Mas os padres (não todos, é claro) não cessam de citar versículos isolados do contexto, extraídos de 1Coríntios 7, onde o apóstolo Paulo, além de confessar que optou pelo celibato, ainda aconselha a todos os cristãos (não somente o clero) a fazerem o mesmo. Mas, para que um bom observador se liberte dos sofismas católicos falsamente embasados em I Coríntios 7, basta-lhe atentar para os seguintes versículos:
[...] Bom seria que o homem não tocasse em mulher; mas por causa da prostituição, tenha cada homem a sua própria mulher e cada mulher o seu próprio marido (1Co 7.1,2).

[...] Quereria que todos os homens fossem como eu mesmo; mas cada um tem de Deus o seu próprio dom, um deste modo, outro daquele. Digo, porém, aos solteiros e às viúvas, que lhes é bom se ficarem como eu. Mas, se não podem conter-se, casem-se. Porque é melhor casar do que abrasar-se. (1Co 7.7-9).

Ora, quanto às virgens, não tenho mandamento do Senhor, dou, porém, o meu oarecer como quem tem alcançado misericórdia do Senhor para ser fiel. Acho, que é bom, por causa da instante necessidade, que a pessoa fique como está (1Co 7.25,26. Grifo nosso).

À luz dos textos acima citados, certamente salta aos olhos que o apóstolo Paulo estava querendo dizer que quem não sente incontrolável necessidade de sexo, não precisa se atazanar com isso; pelo contrário, deve tirar proveito disso, dedicando-se à obra do Senhor. Lembremo-nos que todas as coisas contribuem para o bem daqueles que amam a Deus. E a prova de que esta interpretação esta certa, é o fato de o apóstolo haver dito que “quereria que todos os homens fossem como eu mesmo; mas cada um tem de Deus o seu próprio dom, um deste modo, e outro daquele” (1Co 7.7). Logo, é uma questão de dom. Ademais, o apóstolo disse ainda: “Se não podem conter-se, casem-se” (1Co7.9). Então há aqueles para os quais a libido não deve ser contida por toda a vida. Sim, há aqueles que “não podem conter-se,” reconheceu o apóstolo. Para esses, o casamento é o que há de melhor “porque é melhor casar do que abrasar-se” (1Co.7.9). E se tais pessoas se sentem vocacionadas ao Santo Ofício Pastoral? Devem ser rejeitadas? Já vimos acima, ao lermos a primeira transcrição que Paulo os aceitava, desde que fossem maridos “de uma só mulher”.

Sugerimos que o leitor leia todo o capítulo 7 de 1Coríntios, comparando-o com 1Timótio 3.1-7, para se livrar de uma falsa interpretação. A Bíblia é toda inspirada por Deus (2Tm 3.16). Logo, uma doutrina bíblica não pode estar apoiada num versículo isolado do contexto. Por que o clero católico não age hoje como o apóstolo Paulo agia? Não se julgam eles os únicos sucessores dos apóstolos? Pense e responda a si mesmo.

A idade do celibato clerical

Segundo os historiadores Knight e Anglin, a obrigatoriedade do celibato eclesiástico foi decretada pelo Papa Gregório VII, ou Hildebrando, a partir do ano 1.074. Gregório exigiu que os padres solteiros não se casassem e obrigou os padres casados a se divorciarem de seus respectivos cônjuges e a abandonarem os seus filhos, os quais foram expostos “à mais amarga dor e vergonha”. [1]

A imposição do celibato clerical não tinha lugar entre os cristãos do primeiro ao terceiro séculos. Até o Padre D. Estêvão Bittencourt, ardoroso defensor do celibato clerical, demonstrou reconhecer que na Igreja Primitiva, o casamento era facultativo aos Ministros do Evangelho. Disse ele: “...A partir do século IV Concílios regionais foram impondo essa prática como obrigatória aos candidatos ao sacerdócio no Ocidente...”. [2]

Sim, leitor, “Na Igreja Primitiva não havia monges nem freiras”. [3]

Incoerência

Eu disse que, segundo o Catolicismo, aquele que tem vocação para o sacerdócio não pode se casar. Certamente, o leitor já sabia disso. Todos sabem que os seminaristas católicos, que aspiram ser Padres, só têm duas opções: pegar ou largar. Ou se submetem ao celibato, ou abrem mão da ordenação, visto que, quanto a isso, os Papas são intransigentes. Mas, como incoerência é o que não falta no Catolicismo, certo livro oficial da Igreja Católica – sim, oficial, visto ter sido editado com “aprovação eclesiástica”-, nos diz que a alguns pastores protestantes, casados, que se converteram ao Catolicismo, foi concedida a ordenação ao sacerdócio católico. Veja esta transcrição:

[...] há a possibilidade do pastor Jones entrar para o seminário e se tornar padre [...] católico. Pastores casados de outros credos têm feito exatamente isso [...]. Casado e pai de três jovens rapazes, Anderson recebeu a permissão de Roma para se tornar um padre católico [...] [4]

Ora, por que conceder aos ex-pastores que se converteram ao Catolicismo, o que é negado aos demais católicos? Por que ao jovem seminarista católico, se impõe o celibato como condição sine qua non à ordenação sacerdotal, e, ao mesmo tempo, admitem ex-pastores casados? Achando que estou à altura de responder a essas curiosas perguntas, respondo-as assim: Esses que, como Judas Iscariotes abjuram a verdadeira fé, são mais que relevantes ao Catolicismo.

Logo, é importantíssimo que sejam investidos de autoridade, para melhor impressionar os incautos; por cujo motivo, merecem tratamento diferenciado. Imagine a força do testemunho desses renegadores do protestantismo? Isso era tudo que a “Igreja” precisava para impressionar os desavisados. Sim, leitor, há muitos católicos leigos, de moral ilibada, profundos conhecedores da teologia católica, que atuam como Diáconos, Leigos Consagrados, etc., mas que não podem ser padres, por não serem solteiros. E isso, é, sim, sintomático. Porventura, não é revelador o fato de imporem o celibato a todos os que almejam o sacerdócio, exceto aos ex-pastores evangélicos? Ora, aqui a politicagem salta aos olhos, não? O leitor não desconfia de nada? O que os ex-pastores possuem, que os outros católicos não têm? É como dizia o ex-Padre Aníbal Pereira dos Reis: “O Diabo não consegue esconder o rabo”. Pensem nisso os sinceros! Os Papas, de bobos não têm nada! Eles sabem o que estão fazendo! Cuidado, ó caro leitor, com as astúcias dos que enganam e são enganados!

Referências Bibliográficas

1.
Knight, A.E. e Anglin W. Breve esboço da História do Cristianismo, Teresópolis, Casa Editora Evangélica, segunda edição, 1947, pág. 127.
2. Pergunte e Responderemos, Ano XLIV, nº 489, março/2003, página 32 [ou página inferior 128.]
3. HURLBUT, Jesse Lyman. História da Igreja Cristã. São Paulo: Editora Vida. 8 ed. 1995, p. 83.
4. MOURA, Jaime Francisco de. Por que estes ex-protestantes se tornaram católicos? São José dos Campos: Editora COM DEUS. 4 ed. 2008, pp. 97-8.



Joel Santana
do SAB para o INPR Brasil






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