Uma metrópole e várias religiões

Em recente artigo sobre as religiões de Nova York, oferecemos uma breve introdução ao que chamamos de “fenômeno religioso globalizado” ou “as religiões das cidades globais”. Na ocasião, fizemos referência a São Paulo como uma das cidades – alvo das grandes religiões, a partir de onde milhares de grupos se difundem pelo país e controlam seus rebanhos. É o caso, por exemplo, da Perfect Liberty (com 14 representações, dentre as quais uma clínica de Assistência Médica na vila Mariana), da Messiânica Mundial (com sede em SP e que possui uma área de 327.500 às margens da Guarapiranga onde funciona o “Solo Sagrado”), da Seicho – no – iê (com sede no Jabaquara) da Congregação Cristã no Brasil (Brás), da Catedral Metropolitana Ortodoxa (uma espécie de Sé da Igreja Ortodoxa Antioquia) etc.

Nos últimos anos São Paulo tem experimentado também o crescimento das religiões esotéricas, como o Círculo Esotérico Comunhão do Pensamento, o Templo do Poder Espiritual e Cura Interior e grupos católicos exóticos, como a Igreja Católica das Santas Missões que promove campanhas de cura, libertação e exorcismo dirigidas pelo Pe. Zezinho e equipe de videntes (Brás).

A rádio Mundial é o front de batalha e marketing do esoterismo em São Paulo. Esotéricos, como a profetisa Lucia de Luca (do Templo do Poder Espiritual e Cura Interior) utiliza o espaço para divulgar suas campanhas de queima de espinhos, consultas de espiritualidade, o que são espíritos obsessores etc. Há ainda outros, como o médium Luiz Antonio Gaspareto (que afirma incorporar espíritos de pintores famosos), Primaz Aldo Bertoni (atual presidente da Igreja Apostólica Santa Vó Rosa, com sede no Tatuapé e apresentador da Hora Milagrosa) e o Pai Valdir de Oyá (sacerdote e Babalorixá do Culto dos Orixás e que mantém um instituto que leva seu nome).

Também encontramos em São Paulo grupos terapêuticos e de cura interior, como as palestras de regressão psicológica promovidas pelo terapeuta Amadeu Wolf em sua sede em SP e em hoteis do Estado. Mas o destaque recai mesmo sobre as igrejas neopentecostais, como a Igreja Universal do Reino de Deus (Brás), Igreja Apostólica Renascer em Cristo (Vila Mariana), Internacional da Graça de Deus (Centro), Igreja Mundial do Poder de Deus (do bispo Valdomiro Santiago e que funciona no galpão de uma antiga fábrica da Rua Carneiro Leão, no Brás) e a mais recente, a Igreja Mundial Renovada (uma dissidência da IMPD e que funciona a poucos metros da Igreja Mãe).

Das igrejas neopentecostais, a IURD é a de maior destaque. É dela o projeto de maior ambição - pretende construir uma réplica do Templo de Salomão no coração de São Paulo. Há ainda outras mega – igrejas, como a sede da Deus é Amor na Baixada do Glicério que é cinco vezes maior que a Catedral da Sé, há poucas quadras de distância.

São Paulo é mesmo uma cidade multifacetada. Segundo uma reportagem feita em 2009 pelo jornal O Globo, a cidade de São Paulo ganhou, em média, um novo templo religioso a cada dois dias nos últimos quatro anos anteriores a matéria. Dados da Prefeitura mostram que somente em 2009 haviam 3.584 imóveis registrados como templos ou igrejas. O jornal chama atenção também para a diversidade.

“Entre as igrejas, há locais que abrigam punks, gays, judeus, católicos, evangélicos e mórmons. Em muitos casos, são imóveis adaptados para receber os fiéis. A igreja Renascer, cujo teto desabou no Cambuci, matando nove pessoas e ferindo mais de cem, era um cinema e também já foi uma concessionária de automóveis. O local está sendo demolido. Na zona leste, uma lanchonete do Mc Donald's foi adaptada para se tornar um templo da Universal.

A Avenida Celso Garcia, na zona leste, transformou-se numa espécie de 'avenida da fé'. Pelo menos oito templos com credos diferentes foram abertos quase vizinhos uns aos outros. Os templos estão a menos de 400 metros uns dos outros.”


Johnny Bernardo

é pesquisador, jornalista, escritor, colaborador da revista Apologética Cristã, do jornal norteamericano The Christian Post, do NAPEC (Núcleo Apologético Cristão de Pesquisas), palestrante e fundador do INPR Brasil (Instituto de Pesquisas Religiosas). Há mais de dez anos se dedica ao estudo de religiões, seitas e heresias, sendo um dos campos de atuação a religiosidade brasileira e seitas do mal.

É também o autor da matéria “Igreja Dividida, as fragmentações do Catolicismo Romano”, publicada no final de 2010 pela Revista Apologética Cristã (M.A.S Editora). Assina também a coluna Giro da Fé da referida revista.

Contato

pesquisasreligiosas@gmail.com
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